quarta-feira, março 31

das conversas

Terminou mais uma conversa.
Apesar da pouca participação, situação que era já esperada, considero que a conversa foi agradável.
Obviamento que não inventámos a roda nem voltámos a dominar o fogo. Foi, essencialmente, um momento de troca de ideias entre quem tem e assumo posições diferentes neste sistema educativo, bem como ideias algo distintas.
Destaco três ideias, pacíficas desde logo, mas que considero das mais pertinentes.
Do prof. Bravo Nico, responsável pelos estágios integrados da Universidade de Évora, uma ideia que considero imaginativa. A propósito de sermos professores em todo o lado, pelos comportamentos, valores e atitudes, e de em todo o lado sermos alunos, por todos os meios actuais possibilitarem a aquisição de ideias e de informação, falou numa geografia do quotidiano da formação. A necessidade de se determinarem modos e relações que permitam à escola incorporar aquilo que se aprende noutro lugar, como da capacidade de a escola mais do que valorizar conteúdos, saber aproveitar competências.
Da directora regional registo a ideia que passa por este governo de existir maior rigor, maior exigência, quer no trabalho docente, quer nas aquisições dos alunos e este, a relação entre o que se ensina e aquilo que se aprende, ser um ponto determinante na (ou da) qualidade do sistema.
Dos presentes e da conversa a importância destes momentos para a consciência de nós, do que fazemos, dos límites e das dificuldades, mas também das virtudes e das qualidades.
Importante é saber com eles criar o farol necessário à orientação profissional.

da descentralização

Depois do fiasco que foi o processo de regionalização de 1998, desde o mapa definido a rigor de interesses, aos desinvestimentos entre o que é uma descentralização política e administrativa, regressa-se agora a uma outra nova/velha manta de retalhos.
A propósito desta notícia, destacam-se interesses locais que se afirmam despidos de interesses. E nós acreditamos?
Depois das próximas eleições, quando o equilíbrio de forças político-partidárias for diferente, teremos um novo mapa administrativo?
Fruto das eleições e como tal, consequência da vontade popular, a alterarem-se poderes municipais organizar-se-ão novas unidades territoriais? Que fazem com as velhas?

do nordeste

Encontrei um sítio que mais parece um bocadinho do céu.
Pela cor, ou pela falta dela, pelos textos, pelas palavras corridas, pela simplicidade que alia entre imagens, palavras e sons. Quando por lá passei cantava-se a primavera - liguem as colunas.
Uma delícia. É deste mundo que eu gosto.

Mais conversas

Hoje há mais um encontro, mais uma "Conversas com História", hoje em torno do trabalho dos professores (Conversas de professores).
Convidados, mais que os nomes, uma responsável político-administrativa dos organismos desconcentrados do ministérios, um docente universitário responsável pela formação inicial, nomeadamente estágios integrados e o presidente do órgão de gestão da escola.
Três olhares sobre o trabalho dos professores, desafios e oportunidades. Se puderem e se assim entenderem, apareçam. 14h30, sala 12 da Escola Secundária de Montemor-o-Novo.

segunda-feira, março 29

da exigência

Uma das ideias que transpareceu nesta conversa, onde o tema rodava em torno de Abril, disse respeito à escola, é nela que estamos, era nela que estavam dois dos protagonistas.
E, tanto à esquerda como à direita - relembro que foram convidados três elementos com cargos políticos (governador civil, presidente da câmara, deputado) e de diferentes partidos (PSD, PCP e PS, respectivamente), todos cá do burgo - se deixou a ideia que aquele tempo era de exigência escolar, que hoje na escola e nos estudos existe um maior laxismo, o termo é meu, mas adequado à intenção, menos exigência, menos rigor, apesar da evolução técnica, pedagógica e científica que os professores foram alvo.
Porque será esta uma das ideias que nós professores e escola, de um modo geral, passamos para os políticos da nossa praça?
Porque será que a sociedade constrói sobre a escola e sobre a educação (será que também sobre o trabalho dos professores?) uma ideia de facilitismo, de falta de rigor (será também de qualidade?), de um mar chão de tranquilidade?

das conversas

Terminou há pouco a primeira das conversas com história, hoje sobre o 25 de Abril.
Da minha parte, e obviamente sou suspeito, considero que correram razoavelmente bem.
Houve assistência, não houve muito barulho, uma vez que a conversa decorreu no polivalente, as conversas foram, estou a falar por mim, interessantes e estou certo que cada qual à sua maneira e ao seu modo terá existido alguma interiorização.
Entre ideias de Abril, de revolução, de liberdade, de escola e de democracia se constrói a participação.

A Ler

Por causa desta ideia, vou passar um bocado com a filha e outro com o filho a ler um texto dos 5, da E. Blaiton.
Não sei se foi por aí que comecei a ler, sei que os li quase todos, depois passei para os 7, da mesma autora, percorri algumas biografias para jovens e deparei com J. Verne onde estacionei durante 20 mil léguas.

sexta-feira, março 26

de boleia

Hoje dei boleia a dois alunos da minha direcção de turma, aquela mesma que me dá água pela barba e, estou quase certo, mais alguns cabelos brancos.
Os dois com 15 e 16 anos respectivamente. No primeiro período tiveram, um e outro, qualquer coisa como 9 e 10 negativas respectivamente (parece impossível mas é verdade, incluíndo educação física e estudo acompanhado). O segundo irá por qualquer coisa muito semelhante.
Fui deixá-los à sua terrinha, no meio de montes e pedreiras, terras e grutas, uma aldeia entre um caminho e outro, sem ser um sítio.
No caminho entre dois dedos de conversa para entreter a vergonha e a ousadia, uma pergunta directa, Nuno diz-me um nome de quem tu gostes mesmo.
Resposta?
Ó professor, deixe-se disso!!!!

de autocarro

a CM de Évora criou um autocarro designado qualquer coisa, lamento o facto de não ter fixado a sua correcta e adequada designação, de loja dos sonhos. Conciste num autocarro recuperado, estão lá as imagens para o provar, transformado agora em passeio para as criancinhas e professores poderem usufruir de recursos multimédia.
Pergunto eu que sou apoiante de José Ernesto e Fernanda Ramos, desculpem lá: qual é a política educativa autárquica? quais os seus objectivos? este recurso insere-se em que estratégia? articula-se com o quê?
Os meus filhos adoraram, como as velhinhas que, à minha frente subiram para o autocarro, também adoraram. ostava é de perceber qul o projecto ou programa educativo da minha autarquia. (Estou certo que o meu desconhecimento é de minha responsabilidade, decorre da minha pouca atenção o facto de eu não o conhecer).

dos rios

Não é sobre a triste história de Entre-os-Rios.
Hoje o meu filho acordou perto das 7h. Ouvi ruídos e tendo em conta que estava perto do despertar fui ver o que se passava.
Sentado na cama, luz acessa, caderno aberto em cima dos joelhos, decorava algumas das características de alguns dos rios de Portugal.
Se hoje não soube responder às perguntas que a senhora professora lhe fez são 20 vezes cada erro. Eram três os rios, corria o risco de fazer aquilo tudo 60 vezes.
E eu a pensar o quanto maravilhoso foi o desinvestimento nas linhas de caminho de ferro, caso contrário até essas se mantinham no programa do 1º ciclo.

quinta-feira, março 25

das notas

Fiquei menos insatisfeito hoje, depois de uma conversa com os meus alunos de 9º ano.
Tem sido uma turma que tem dado trabalho, que tem desafiado límites e redesenhado a minha paciência. As notas são constrangedoras e muito tempo e muitas vezes me questionei sobre os meus defeitos, a minha incapacidade de inquirir os alunos, de os levar a algum lado com a disciplina, de os ajudar a compreender um tempo e um mundo, ou pelo menos parte dele.
Não trabalhei ainda sobre as avaliações finais de período, mas o panorama não se afigura nada risonho.
Hoje o dia (a sessão de 90 minutos) foi dedicada a trabalhos de recuperação e ao debate sobre o estado da nação, entenda-se de cada elemento.
Belos trabalhos que tiveram oportunidade de apresentar. Alguns alargaram a pesquisa muito para além do manual, estruturaram a informação, organizaram meios e modos, ultrapassaram a timidez e a vergonha. Trabalhos, tive oportunidade de lhes dizer, de 5 estrelas. Como tive oportunidade de lhes dizer que é pena virem tão tarde.
No debate sobre o estado da nação fiquei menos triste, menos constrangido. Têm clara noção do que não fizeram, da avaliação que merecem.
Para mim é importante termos consciência do que fazemos e do que somos. Só por isto quase que me apetecia contribuir com a positiva pelo pessoal.

dos desencontros

Tenho que reconhecer que tenho uma visão do mundo e das relações humanas algo realista ou, por outras palavras, aquilo que alguns designam de péssimismo. Acreditem que não cultivo esta atitude nem é um qualquer subterfugio para me desculpar quando as coisas correm bem ou para um qualquer bode expiatório quando não correm como gostaria ou como definido ou programado. É uma herança social e familiar este meu olhar.
Serve esta breve desculpa para destacar a necessidade de o país se encontrar e falar mais vezes, perguntar ao outro que está a fazer, que ideias tem, que problemas enfrenta, que oportunidades oferece.
Isto porque por mera casualidade e por convite da escola (no âmbito de umas "Conversas de Corredor", 6ª feira, dia 2 de Abril, pelas 11h00), hoje se encontraram duas coordenadoras de dois projectos que têm o mesmo concelho como área de intervenção e objectivos senão comuns pelo menos similares.
Grande ideia quando dei por mim a descobrir que, apesar de se conhecerem e residerem na mesma cidade, raramente falam sobre os seus projectos e as suas acções. Cada um para seu lado.
Gosto da política e não renego a princípios político-partidários, não gosto de desculpas esfarrapadas de técnicos ou tecnocratas, mas enquando andarmos cada um para seu lado, puxando a brasa para cada sardinha individual, não conseguimos ver o todo nem perceber a parte. Perdem-se recursos e desgastam-se energias.
Talvez a escola pudesse ser um óptimo ponto de intersecção de projectos e acções. É aqui, na escola, que tudo se junta e muito conflui, do social ao cultural, do político ao cultural e à saúde. Talvez por isso a queiram atafulhar de ideias, iniciativas e sessões. Talvez seja tempo de a escola, peço desculpa, os professores, os alunos e os pais dos alunos bem como os funcionários e a autarquia e outros parceiros, dizerem o que é que a escola quer.

de um encontro

Articulo alguns trabalhos com uma assistente social de um projecto local vai para 6 meses, ao nível do encaminhamento de alunos com problemas, quer de ordem social e económica, quer de comportamentos, pedagógicos ou eventualmente desviantes.
Neste articular de ideias temos definido algum trabalho. Muito do que decorreu até agora partiu de uma construção colectiva dos conceitos, das palavras que estão subjacentes à nossa realidade social e profissional. Não tenho, por formação, experiência, conceitos e pré-conceitos, o mesmo entendimento que ela sobre, por exemplo, carências sociais. Foi necessário acertar ideias, agulhas, aferir conceitos, significados e ideias.
Ao fim deste tempo a coordenadora do programa apresenta-se-me com um agenda sobrecarregadissima, muito atarefada, a agendar uma reunião para 21 de Abril.
Ainda foi este ano, valha-nos isso.

um debate

A preparar as "Conversas de Abril", a realizar na próxima 2ª feira (passem pela escola, entre as 14h30 e as 16h00) tive oportunidade de trocar ideias com a turma de 9º ano, debater conceitos feitos e fabricados.
Uma ideia, todos ficaram admirados quando disse que o meu filho mais velho tem quase 10 anos. Para eles os meus filhos andariam já na universidade ou estariam já no mercado de trabalho. É que, na generalidade dos casos, oas pis deles são mais novos que eu, na casa dos 33, 34 ou 35. Com pais daquelas idades e eu mais velho só podia ter filhos mais velhos, muito mais velhos.
O que uma pessoa descobre quando conversa com o outro, quando pergunta, quando quer matar a curiosidade sobre o outro.

quarta-feira, março 24

das livrarias

Visitei hoje, no âmbito das minhas deambulações por esta nova/velha cidade, o que um colega apelidou de uma das melhores livrarias. Certamente que por simpatia, certamente que por alguma amizade, de certeza por algum gosto pelo espaço e pela sua relação com ele.
Comprei dois títulos que cheiram a tabaco, café, e outros cheiros que não consigo rotular/identificar.
O espaço é simples, combina aquele mescla de livraria com um recanto de bar, algumas mesas e cadeiras em ferro (bonitas, quer no design, quer nas cores, quer na sua combinação)
Bebe-se um café e disfruta-se do espaço de lazer e de descontracção. Gostei das cores, gostei do som que a fonte deitava, um jazz simples, escorrido.
Não gosto do cheiro que os livros têm. Não cheiram a livros.

caminhos da história

Um senhor (Whitrow, 1990) diz que

existe uma relação recíproca entre o tempo e a história. Pois assim, como a nossa ideia da história se baseia no tempo, assim o tempo, tal como o concebemos, é consequência da nossa história.

e eu transcrevo o que ele diz.

das leituras

E eu a pensar que não era lido.
Eu a pensar que passava despercebido neste mundo.
Eu a pensar que o pessoal andava distraído e assim eu podia escrever algumas barbaridades.
Eu cheio de contente a pensar que ninguém me lia e que estava escondido.
Afinal, escondido de rabo de fora, distraído só anda quem quer e quando quer e porque quer.
Resultado, posso continuar a escrever barbaridades, mas agora com alguma convicção que alguns daqueles que eu pensava que não me liam afinal leêm.
Será que me escutam?

desculpe perguntar

Será que a infalibidade das ideias e a certeza das certezas pode conduzir à dúvida?
Isto porque vejo pessoas cheias de certezas a perguntar à outras se a sua opinião não é a melhor. Isto porque sinto muitas pessoas cheias de certezas que depois estão rodeadas de dúvidas. Em que ficamos? Dúvidas ou certezas, eis a questão.

fui a beja

e vim mais reconfortado, mais cheio de alentejo.
vale a pena passar por todo este alentejo, degustar um queijo picante da terceira (surpresa minha), entreter-me com um posta de bragança (perguntei pelas meninas, não vieram), uns tintos do douro e outros da mealhada.
gostei de comprar marroquinaria barata, para a minha pessoa (uma pasta que a outra já deu o que tinha a dar), uma mala toda boneca para a filha, um chapéu ao filho.
gostei e gosto do espaço, funcional, elegante bem arrumado, bem pensada a feira.
pena é que ou não tenha tido oportunidade ou não tenha dado com ele, não encontrei um espaço de cultura arrojada alentejana.
apenas mais do mesmo, as planícies a darem as suas notícias, a cultivarem uma imagem passadista, estagnada, ultrapassada (?) da cultura desta região para o tio e para a tia da picheleira de baixo de lisboa ou dos rios tortos do norte.
procura-se conservar este imenso espaço em banho maria, em formol. o nome, descobriram há uns tempos, vende, e então há que conservar a tradição, assegurar que tudo se mantém igual. nada de mais errado. vamos dar de frente com o muro da inglorância, vamos, mais dia menos dia, descobrir os belos tintos da Estremadura espanhola, como já descobrimos os enchidos e os presuntos.
vai-nos sobrar paisagem. ainda por cima alterada, transformada porque todos pensam que é assim o alentejo.
falta arrojo, falta sermos ousados, falta imaginação, falta talvez vontade e atitude de ser diferente, respeitando valores e tradições, mas sabendo com eles ousar e ir em frente.
é preciso ir em frente. é necessário ousar.

segunda-feira, março 22

com os pais

Hoje, com alguma surpresa da minha parte, fui convidado a estar presente numa reunião tripartida, nada mais, nada menos, que pais/encarregados de educação, os alunos/filhos/educandos e os respectivos docentes da turma.
Com alguma satisfação da minha parte muitos dos pais faltaram, como faltaram alunos, como faltaram docentes. O meu receio era o de aquele encontro servir basicamente para lavar roupa suja o que nunca é agradável, reconheça-se.
Felizmente isso não aconteceu. A directora de turma soube (ponto de vista de um dos docentes) conduzir o encontro e acabou-se numa partilha de responsabilidades onde nada se definiu, porque era impossível definir o que fosse que servisse como ponto de ancoragem para um trabalho pedagógico.
Reconheço e sempre que possível o defendo na prática, a importância dos pais e encrregados de educação na vida da escola. como considero determinante que os docentes oiçam o que os pais têm para dizer.
O acto pedagógico, por muito que não pareça, é um acto colectivo, definido entre diferentes parceiros, estes mesmo que hoje se juntaram e outros (autarquia, nomeadamente) que precisam de dar o seu contributo.
Mas o carácter determinante estratégico da participação de uns e de outros não pode nem deve decorrer em situações de aflição. Nestes momentos apenas procuramos juntar cacos, reconfortar almas e apaziguar aqueles que, de um modo ou de outro, se alhearam do processo.
O problema deste grupo/turma é muito mais vasto que um simples debate que junta pais, docentes e alunos. Reside no alheamento, no desinteresse, na falta de objectivos e pontos de fuga que passem pela escola. Passa por todo um trabalho perante o qual estes mesmos protagonistas devem cooperar no início, durante e no final do ano, porque sentem, entre si, pontos de interesse e de ancorajem comuns e não porque se deram conta de se encontrarem num beco.
Foi, ao fim de 15 anos de serviço, a primeira vez em que participei num destes encontros tripartidos. Percebi, ainda mais e um pouco melhor, a necessidade de juntar uns e outros para que a escola possa ser.
Isso mesmo, assim, sem mais palavras, apenas ser. A escola ser, implica algo que cada um constrói, em face dos seus objectivos, dos seus interesses, de um conjunto de valores que são comuns mas partilhados, no respeito por aquilo que cada um é e quer ser.
Talvez desse modo a escola ganhe outros sentidos, outros interesses e os jovens se reconheçam nela.

sábado, março 20

de Abril

Ainda não é chegado o tempo, apesar de ser sempre tempo de Abril mas, na procura de algumas ideias para levar à prática no dia de "conversas de Abril", que aqui já dei conta, encontrei esta peça (está em pdf) que merece atenção.
Atenção pela ideia gráfica e por vir de quem vem.

da escola

Cheguei há pouco, cansado e encalorado, da minha primeira aula de cães. É verdade, frequento, hoje o primeiro dia, uma escola para cães. Lá estive eu o filho e a filha a ouvir as palavras da professora, acompanhado de mais 5 colegas, todos na mesma faixa etária, na casa dos 3 a 5 meses.
Voz autoritária sem ser ríspida, mostrar quem manda e quem comanda, diferenciar as ordens dos agradecimentos, intercalar entre o castigo e a recompensa de acordo com os níveis de obediência.
Isto faz-me lembrar alguma coisa que não consigo lembrar o que??.
Para a semana há mais e ir treinando ao longo da semana de modo a que a cadelinha não se esqueça e perceba que está em ensino. Uns 10/15 minutos dia serão suficientes.
Onde me vejo metido.

sexta-feira, março 19

das saudade

Vai este post a propósito de quem sinto saudades, da sua escrita, das suas palavras, das suas imagens. Volta. Não sei o que aconteceu (nem tenho nada com isso), mas para mim nunca foste culpada de nada, apenas das tua palavras e das tuas imagens. Não há dia, não há momento em que aqui me sente que resista a passar por lá. Infelizmente encontro a mesma coisa. Volta, tenho saudades.

do dia do pai

A todos os pais, áqueles que já receberam a prenda dos filhos e aos outros em que os filhos ainda ou já não fazem prendas para oferecer ao pai, um beijinho grande.
Como não pode haver um pai sem um mãe a elas também o meu agradecimento pelo facto de podermos ser pai.

quinta-feira, março 18

dos records

Tenho que reconhecer que ao olhar este meu blogue diferentes ideias, múltiplas sensações me atravessam.
Em primeiro lugar a da ignorância. Procuro desde sempre, passar ao lado das grandes ideias (não das discussões), do brilhantismo de alguma escrita que tem tanto de simples como de natural. Alguns colegas, aqueles por onde frequentemente passo, têm um fluir de escrita que admiro, gosto, invejo.
Por isto mesmo, nunca coloquei nenhum contador de visitas, não vá eu ficar algo envergonhado por apanhar algum contador que seja como eu, isto é, alentejano, eu explico, lento a mudar, lento a alterar os marcadores. Pelo sim pelo não prefiro a ignorância. Olhos que não vêm coração que não sente.
Chegado aqui não faço a menor ideia de quantos por aqui já passaram, se são sempre os mesmos ou se aparecem diferentes, se vêm e ficam, ou se não regressam.
Mas isto não invalida que não propcure compreender os mail's que chegam, os comentários que fazem, as observações, as críticas, que apanho aqui e ali. É uma outra análise que procuro fazer. Nada tem de estatístico e muito menos de rigor. Apenas uma interpretação, como certamente outros farão, com consciência ou de modo mais leve e descomprometido.
Isto por que fora o post dos ano do meu pai - o que me deixou deveras orgulhoso e a ele sem palavras - o de ontem foi o mais comentado. Era sobre o trabalho dos professores, sobre esta prodigiosa triangulação que é ser pai, professor e encarregado de educação.
Não tenho muitos nem grandes comentários. Não tenho post's que mereçam a atenção das pessoas e as obriguem a falar sobre eles, a comentá-los. Faz parte da minha escrita, da minha pessoa. Mas tenho que reconhecer algum orgulho no de ontem. Por dois básico motivos, um porque reflecte esta triangulação que nos condiciona, pai/professor/encarregado de educação, segundo porque era sobre o meu filho.
Quer ver que é a a família que justifica os recordes?

das prendas

Quando eu era um pouco mais novo lembro-me do pessoal, quando conduzia, gritar à janela a perguntar se a carta de condução do parceiro que nos atrapalhava a circulação e impedia que pudessemos pôr o pé no fundo do acelerador, lhe tinha saído na farinha amparo, na farinha maizena ou, para os mais antigos, na célebre farinha 33.
Uns quantos acrescentavam a esta perguntas um ou outro jogo de dedos que só muitos anos depois vim a compreender.
Agora, fruto da evolução, mudam-se os tempos e mudam-se as ofertas e a base das ofertas. Tudo isto porque deparei à dias com um sugestivo cartaz, vulgo outdoor, onde ao lado de uma espumante cerveja se afirmava que caso queira podiamos optar entre um curso de mestrado ou um ano de propinas, em caso de dúvidas para consultar tagus.pt. Por mim não tenho dúvidas e raramente erro, obviamente que optaria pelo curso de mestrado, as propinas sempre são pagas pelo pai, o curso de mestrado é que não sei se eles, os cotas, alinhariam nessa. Por via de dúvidas resolvi consultar o dito cujo site.
Lá estava. Agora, por beber cerveja pode-nos calhar um mestrado, isto se tivermos um QI superior a 160. Como disse que não, que o meu QI é inferior aos valores apresentados, surgiu um ecrã onde afirmava que beber cerveja dá esperteza, me aconselhava a beber umas quantas e voltar a tentar. Vou ver se resulta. Depois darei conta.

quarta-feira, março 17

do prazer

O meu filho, 9 anos (10 em 10 de Abril) ficou dois dias em casa, algo amargurado, indisposto, cólicas, dor de cabeça. Virose, pensaram os pais. Algo que terá comido, uma vez que é rapaz de boa boca, pensamos, à procura de uma qualquer razão que justificasse o facto e o estado.
Depois de algumas canecas de chá, tostas secas (coisa que ele deplora), algumas conversas de mãe para filho, de filho para pai, chegamos à brilhante conclusão que o seu estado mais não é do que fruto da angustia da escola, da pressão da professora, do stresse dos testes, da avaliação. A professora, segundo os seus comentários, tem puxado demais pelos pessoal, repreende tudo e todos (mais uns que outros), que não comprendem o que se passa nem o que a professora pretende deles e com as atitudes. Disse-me ainda que as contas que tinhamos trabalhado num dos dias da semana anterior estavam erradas, eu que as validei com máquina de calcular, às escondidas, é claro, não vá o rapaz copiar os maus exemplos do pai.
No 4º ano? No final do 1º ciclo? E ainda nem sequer existem exames? Não podia, não pode ser. Fui falar com a professora, procurar esclarecer algumas dúvidas ou pontos menos claros. Apesar de meu filho não lhe reconheço qualquer traço de santo e nada melhor que ouvir o outro lado da questão.
Surpresa minha. Era verdade, a senhora confirmou o outro lado da história , mais importante, destacou que tem de ser uma vez que lhes tem que incutir rigor, competência e capacidades de trabalho em horário mais apertado. Que tem que os preparar para o 2º ciclo.
Genericamente estou de acordo. Desde o primeiro ano procurei nunca contrariar as orientações da professra, quanto muito procurar que o meu filho visse também uma outra perspectiva, sem afrontar, sem comparar, apenas equacionar a possibilidade de exisitirem alternativas. Concordo com a professora em que há necessidade de prepaprar para outros desafios, que o facilitismo é claramente, em meu entender, inimigo do rigor, do trabalho.
Mas confundir estes princípios inculcando-lhe angustia, stresse, medo isso não.
Defendi perante a professora e defendo aqui que aprender deve ser um prazer, uma descoberta, uma vontade, um estado de espírito, uma acção natural. Aprender deve ser um gosto de perceber como as coisas funcionam, o porquê das coisas e as consequências dos nossos actos.
Aprender deve rimar com prazer.

terça-feira, março 16

coisas de conversa

gosto de fazer coisas, de meter mãos à obra e imaginar sonhos, tornar real alguns dos desafios que de quando em quando me passam pela cabecinha.
ao fim deste tempo e a pensar em pouco mais fazer que vender algumas aulinhas e pensar um projecto de investigação, dou comigo a imaginar umas conversas com história.
Resultado, já estrão estruturadas diferentes conversas:
"conversas de Abril" com personalidades da terra (governador civil, presidente da câmara e um deputado da nação), alguns passaram pela escola e pelas mãos de alguns colegas mais crescidos,
"conversas de professores", com um docente do superior, (ir)responsável pela formação inicial, com a directora regional de educação e com o presidente do órgão de gestão, grande tema, o trabalho dos professores;
umas "conversas sobre a nossa escola", troca de ideias entre diferentes gerações que frequentaram e alguns ainda frequentam, a escola, desde os avós aos netos, passando pelos pais e pelos irmãos, sobre o papel da escola e o olhar que lhe lançamos e, finalmente (e ainda pouco alinhavada)
conversas de corredor, com a directora do centro de saúde, a coordenadora de um projecto de intervenção comunitária e a psicóloga da escola sobre os vícios e as virtudes da adolescência, nomeadamente, doenças sexualmente transmissíveis, gravidez na adolescência entre outros.
Gosto desta dinâmica, gosto de me envolver na definição e implementação destas ideias. Estou certo que estarão longe do sucesso, é uma primeira vez, não terão muito público. Corro o sério risco de ser olhado como um paraquedista que pretende ser mais esperto que os outros. Não quero 2mbatraçar minguém, mas é tempo de fazer uma outra qualquer coisa.
O principal objectivo é mostrar ao pessoal que a escola é uma alternativa viável, que é um espaço de interrogação, de questionamento permanente, de procura de respostas, de construção de personalidades. É procurar mostrar que a escola vale a pena. No meio destas coisas também há tempo para jogar à bola entre professores e alunos, fazer escalada e outros radicalismos, construir fotoblogues, organizar uma sessão de leitura, entre outras coisas.
Assim me distraio. Assim ocupo o meu tempo. E vale a pena.

segunda-feira, março 15

das atitudes

Mais concretamente da falta de atitude.
Há exactamente uma semana enviei dois mail para duas distintas repartições da administração pública, um para saber das condições e das disponibilidades de modo a efectuar uma visita de estudo, outro para saber um conjunto de informações agrícolas.
Tanto de um lado como de outro até hoje nada, nem uma simples e pacóvia linha a dizer de sua justiça. Ninguém me diz que o meu caso está para análise, consideração, despacho etc.
E ainda dizem que a administração precisa de reformas? Precisa de uma reestruturação? Não concordo, precisa, isso sim, de pessoas que saibam dirigir, coordenar as actividades, definir objectivos e implementar acções. Precisa, isso sim, de pessoas com sentido de responsabilidade e que nelas acreditem para a implementação de medidas.

das (in)competências

A propósito do post do Miguel, sobre as competências, com o qual concordo em toda a linha, acrescento, se me é permitida a ousadia, uma ideia que tem ruminado nesta minha cabecinha há alguns dias a esta parte e que decorreu do confronto de ideias com o filhote em pleno 4º ano.
E se o problema da escola, do alheamento, do desinteresse, da falta de organização, do insucesso, da fluidez de objectivos, da imprecisão de ideias, da incerteza quanto ao futuro, do carácter incerto da escola e da formação, não se encontrar na escola, ou pelo menos não ser exclusivo da escola, mas partir também da relação individual que a pessoa, o estudante e a sua família tem/têm com a sociedade em que se insere, a sua própria ideia de motivação para o estudo e para a formação?
Procuro colocar o tema de uma forma mais simples, então e se o problema do insucesso da escola residir na desmotivação da própria pessoa perante a escola?
Que capacidades tem a escola de incutir expectativas? Que possibilidades tem a escola de alimentar vontades? Qual o papel do indivíduo na construção da sua vontade?
Tal como os americanos afirmam, e em tradução livre, onde existe uma vontade existe um A (nota máxima do sistema, equivalente ao nosso nível 5). Neste sentido, há necessidade de uma vontade para que o sistema se altere, para que o insucesso se esbata, para que haja compreensão do trabalho de uns e de outros. Que capacidade tenho eu, professor, de motivar um aluno que não vê interesse na escola? Que capacidade tenho eu de incentivar um aluno que não encontra, em mais lado nenhum, estímulos de trabalho e de formação? Que posso eu fazer, como professor, para incutir curiosidade, espírito crítico, capacidade de observação a quem gosta de nada fazer, do alheamento e da passividade?
Assumo que a escola não se pode nem se deverá alhear do alheamento e do desinteresse dos seus alunos. Mas não será da exclusiva responsabilidade da escola o seu falhanço, isso são provas antigas que teimamos em esconder ou tornear.

Para recordar

Ou para compreender se a vitória do PSOE é da responsabilidade do povo espanhol que responsabiliza o governo PP pela política externa, se é da responsabilidade do ataque de 11 de Março e o povo culpabiliza o governo cessante por uma gestão desastrosa, ou se é uma vaga mais profunda que pode levar à alteração das políticas de governação na Europa.
Fica apenas o inquirir de uma ideia.

domingo, março 14

nós por cá

E nós por cá todos bem, muito obrigado.
Serve este meu post para comentar um comentário, o do José Pedro Pais (ao meu post sobre a segurança) e um mail recentemente recebido da Sofia.
Quanto ao primeiro só tenho que, infelizmente, concordar.
Já tivemos provas, sobre Timor, por exemplo, que o povo português também sabe ser solidário, também sabe defender uma causa.
Estou certo que perante a agrura e a angustia de um momento nacional com o 11 de Março teriamos a nossa forma de reação.
Como também estou certo que o aproveitamento e as leituras políticas ficariam restringuidas a um pequeno grupo e a que a massa colectiva, o povo, apenas seria um meio e não um fim em si mesmo. Isto é, não teriamos a mesma capacidade de reajir colectivamente como fizeram os espanhóis.
Quanto à pausa da Sofia (na blogosfera e na fotografia) só espero que sirva para arrumar as ideias, definir um rumo, estruturar e fundamentar as opções que estou certo ela já vislumbra, apenas ainda receia enfrentar.
Sei que não falas de nada em especial, mas exactamente por isso já sinto saudade da tua simplicidade, da delicadeza das palavras, da força das imagens, das sensações que por elas me sinto atravessado.
Conta com alguma experiência para te poder apoiar no que for necessário.

da informação

Há um spot de publicidade rádio que diz qualquer coisa como "a alma do negócio já não é o segredo, é a segurança".
Isto a propósito de da gestão da situação decorrente do 11 de Março pelo governo espanhol e sentir que os governos querem tomar como parvos aqueles que os elegem, aqueles que eles pretensamente governam.
Para já não está em causa a cor política deste governo, apenas a inabilidade política e social da gestão da situação.
Em Espanha, após o 11 de Março, o governo tentou assobiar para o ar, desviar as conversas e mudar de assunto. A resposta foram as enormes manifestações que o povo, aquele mesmo que seguia, pelas 07h30 da madrugada dos subúrbios para o trabalho, em transporte público, aquele mesmo que morreu e os 40 milhões que ficaram feridos souberam dar, quer às portas do PP quer às Portas do Sol.
Por cá, querem convencer-nos que está tudo na perfeita normalidade, que apesar de organizarmos um dos mais importantes eventos desportivos europeus, nada se passará. Que os planos de emergência estarão prontos 3 meses antes do evento, talvez não lhes interesse saber se operacionais, se testados, se validados.
Santa ignorância esta que continua a olhar o votante como analfabeto que nada sabe e nada percebe. Santa estupidez esta que continua a considerar o segredo como a alma do negócio e descura a segurança e as pessoas, como se fossem apenas e somente mais uma peça na engrenagem com qual, para eles infelizmente, têm que lidar.

sexta-feira, março 12

Revolta

Quanto mais tempo passa sobre o atentado de ontem em Madrid, mais revoltado me sinto, mais impotente, mais triste.
Não tenho conseguido vir aqui para escrever outra coisa que não seja partilhar com o planeta que por aqui passa, a minha sensação de embriaguez, a minha desconcertante incapacidade de comprender estas atitudes, estas opções.
Sinto lágrimas nos olhos, apetece-me ser espanhol para partilhar esta dor de revolta.

quinta-feira, março 11

das soluções (2)

A propósito de um post lá mais para o fundo, designado de soluções, onde defendo que, muita das vezes, as escolas e outras organizações têm em si mesmas tanto o problema como uma possível solução, um colega (olá Manel) abordou-me para corrigir a designação da sua disciplina, melhor o seu grupo disciplinar, bem como a de propor uma a possibilidade de esclarecer algumas das ideias que discutimos e que foram alvo daquele post.
Com toda a desconsideração que ele e todas as boas ideias me merecem, a atenção que não consigo atribuir a uma ideia que tinha e tem pernas para andar, para se constituir como uma oportunidade, em vez de uma crítica ou de uma desistência, não é esta solução, em concreto e no seu caso particular, que me estimulou.
É determinar que muita das vezes estamos tão preocupados em olhar as dificuldades, os problemas, as agruras da vida, que não tomamos a devida atenção, o necessário apreço a uma ideia, a uma proposta que sorrateiramente circula entre nós.
Como diria o Miguel, são modos e oportunidades de olhar a escola e os seus problemas, as suas vivências. De acordo com o nosso olhar, as valorizações que efectuamos assim conseguimos ver uma dada realidade. Alteradas as lentes e as preocupações, assim a realidade se altera.
Nesta perspectiva concordo com o nosso Presidente quando afirma que é necesário olhar para a realidade com outros olhos, com uma outra perspectiva, porventura mais optimista. Salvaguardo, desde já, que sou um realista.

da docencia

Hoje, ao longo da manhã, entre imagens estúpidas da televisão e uma pausa para café, duas conversas sobre um mesmo assunto: o difícil que é ser docente.
Não quero com isto, com esta minha ideia, defender que somos os mais coitadinhos e os mais necessitados. Apenas pretendo realçar, sob o meu ponto de vista, interno é óbvio, o quão difícil é ser-se docente.
É uma profissão em que, na generalidade dos casos e dos comentários, é analisada pelo seu tempo livre.
Elas são as férias constantes e permanentes, do Natal, da páscoa, as grandes e as baldas. Ele é o prazer de trabalhar com gente jovem, curtida, g'anda curte, etc. Ele são os horários curtos de 15h, de 20h comparadas com as miseráveis 35h a que o resto do pessoal da administração pública está obrigado, para já não falar nas quarenta e muitas que os privados são obrigados a fazer. Ela é a gratidão que sinto pelo facto de ter lugar mais ou menos assegurado (nas palavras do nossos primeiro ministro) etc, etc, que isto de me queixar até pode parecer tolice minha, insanidade mental ou velhice, algo precoce reconheça-se.
O certo é que se alguém, que não docente, quiser passar apenas um dia dos meus, na minha companhia (não sou assim tão bárbaro para os abandonar completa e totalmente) com as turmas que tenho, com o horário que tenho está, desde já convidado. Se gostar tem lugar assegurado a apoiar-me, a colaborar comigo e com a escola.
É difícil, tenho que reconhecer, fazer passar esta ideia, mas devia ser considerado profissão de desgaste rápido ou, pelo menos, intenso.
Acreditem, aqueles que não são docentes, que não é fácil estar perante 20 ou 25 pessoas, agilizar o racíocíonio para cada uma delas, porque todas têm os seus problemas e os seus casos, bem como os seus interesses e desinteresses, alterar, em face dos anos e dos níveis de ensino, o pensamento, as estratégias, as metodologias, ligar e desligar de acordo com os contextos, as oportunidades, os momentos. Saber distinguir o pertinente da crítica, o desinteresse do problema pessoal, as dificuldades por falta de atenção do insucesso por dificuldades específicas. O trazer/levar trabalho para casa, corrigir testes, elaborar testes, definir fichas de trabalho, pesquisar informação complementar, esclarecer uma dúvida, apoiar um interesse, aprofundar uma causa, estruturar uma acção, equilibar entre didácticas e teorias.
Queixo-me apenas por manifesto cansaço e, como disse, num curto espaço de tempo duas conversas com pessoas diferentes sobre o mesmo assunto.
Mas sinto-me feliz por esta minha opção, contente por esta minha oportunidade. Já tive oportunidade de conhecer outras realidades e outros contextos, quer no âmbito da administração pública quer na área privada. Regressei por que gosto efectivamente desta minha escolha.
Mas que cansa, lá isso cansa.

da escola

Regressemos, uma vez mais, para variar, à escola.
Fui confratado, há dias, com uma visita de estudo de uma das minhas turmas. Procurei inquirir da razão e venho a descobrir, na minha pasta da turma, as razões da dita cuja visita.
Insere-se no seu projecto curricular de turma, dinamizado pela docente de Educação Física e, em princípio, pela Directora de Turma tendo como tema os Jogos Olímpicos. Digo em principio uma vez que pouco sei do desenvolvimento desta iniciativa.
No papel que encontrei deparei com o meu nome e com a minha disciplina como um dos núcleos do projecto, a calendarização de algumas acções, alguns objectivos e uma metodologia de trabalho.
Estou certo, de acordo com o que li, que alguns resultados se irão apresentar, que irá ser feita uma avaliação, pelo menos na perspectiva dos alunos, assim o espero, positiva e de sucesso.
Estou também certo que isto não é trabalho de equipa e muito menos de um conselho de turma.
Quanto muito é trabalho de um docente, ou dois, ou três, ou quatro. Mas não é e para utilizar uma expressão que aprendi com um velho colega de educação física, não é jogar futebol. É jogar à bola, cada um para seu lado, cada qual à sua maneira, em função do que sabe e do que pode.
Resultados conjuntos?, colaboração?, cooperação?, interajuda?, trabalho de equipa? Nada, zero.
Enquanto este estado de coisas não se ultrapassar, enquanto este estado de alma, individual, solitário e não solidário não se ultrapassar tenho sérias dúvidas que esta ou qualquer escola avance. Porque o problema não reside nesta escola, reside na forma de estruturar o trabalho docente em que interessa, a alguns pelo menos, manter o pessoal individualizado para ser mais fácil de abater.

da permanência

Tenho aqui referido a desistência de algumas escritas, o espraiar no espaço e no tempo o contacto das gentes, das ideias. Em algumas referência digo que decorre da angustia do momento, da circunstância dos concursos, em que nós, docentes, nos sentimos incapazes, impotentes, desalentados.
Mas não deve ser este o momento de parar, de desistir. Pelo contrário. É nestes momentos mais difíceis que sabemos apreciar os outros momentos, distinguir o prazer da dor, a alegria da tristeza e compreender o significado de uma lágrima, da palavra saudade.
A Sofia ameaça ir embora. Não quero nem acreditar nem querer que ela se atraveva a fazê-lo.
Não a conheço, não tenho um rosto. Não sei se é alta, baixa, magra (dúvido com tantos oreos), gorda (mais para o anafadinho?), bonita (de certeza absoluta), feia (tenho as minhas mais sinceras dúvidas). Não tenho algo de físico a que me possa pegar para defender o que quero que seja.
Tenho apenas e não é pouco, as suas palavras, as suas imagens (ainda não me respondeu se são dela ou o que quer com elas), as suas ideias, o gosto por uma profissão que também é a minha.
Para parar neste momento, como refere ao fim de oito meses, das duas uma ou é um parto prematuro e terá chegado onde quer ou descobriu que este não é o caminho ou que por aqui não passa o seu futuro.
Apenas reconheço e lhe deixo aquilo que não consigo fazer passar, por incapacidade e incompetência da minha parte, o prazer que me deu descobrir alguns dos seus segredos, ter sido descoberto por ela, partilhar o mesmo espaço e respirado o mesmo ar desta blogosfera.
Esta atmosfera, a concretizar-se o fim, fica mais pobre. Terei pena de perder a tua companhia.

Abaixo a ordinarice

Não posso deixar de utilizar estas palavras, fora com a ordinarice, abaixo a ordinarice, viva a liberdade, viva a democracia, e, por muito incrível que isto me possa parecer, viva Espanha.
Num dia como o de hoje, bombardeado logo pela manhã com notícias do terror, não posso deixar de, logo no primeiro post do dia, deixar de chamar nomes feios a quem espalhou o horror, a morte, o caos, a violência, o descrédito, o temor, a ignorância.
Viva Espanha. Que a tua luta seja a nossa, que a ignorância e a intolerância nunca ganhem espaço neste canto da Europa.

quarta-feira, março 10

adolescentes

Uma colega e amiga, fez-me chegar um link de um jovem adolescente - www.shedmyskin.blogspot.com.
Dizia ela que em face do meu gosto pela escola e pela profissão este mpodia ser mais um meio de (tentar) perceber um pouco mais destas cabecinhas.
Não tenho dúvidas que muitos dos adolescentes têm uma cabecinha arranjada, que, ainda que não saibam o que querem, começam a descobrir a perceber aquilo que não querem.
Dentro desta relação uma preocupação sobre o facto de diferentes estudos, alguns de carácter extensivo, referirem que os adolescentes, particularmente estes, ainda denotam um certo gosto pela escola o que não gostam é das aulas. Aqui surgem os desafios, as propostas, as ansiedades. Não conseguimos ainda, de forma colectiva, determinar "como ensinar a muitos como se fosse um só".
Não podemos nem queremos elitizar o ensino e a escola e reduzir drasticamente as oportunidades que a escola ainda carrega consigo. Então que fazer?
Este um dos grandes desafios da escola, e não apenas dos professores. A escola, como diria um colega meu, é demasiadamente importante para ser deixada exclusivamente nas mãos dos professores, daí passem pel link e comentem.

do analfabetismo

Nunca imaginei que um simples pensamento - tudo igual - o post anterior - pudesse desencadear tantas reacções.
Concordando, na generalidade, com os princípios que expõem, discordo com o facto de ser inultrapassável, ser assim, inevitável este analfabetismo político.
Concordo plenamente com José Pedro Pais acerca deste ponto. Constrange-me, ofende-me, magoa-me o facto de sentir que, passados quase trinta anos após Abril de 74, formadas várias gerações, muitas das quais fora de qualquer controlo político e ideológico ainda se receie a defesa de uma posição política, a assunção de princípios ideológicos, de opções partidárias.
Passados quase trinta anos após Abril de 74, ainda muito está por fazer, muito está por revolucionar, muito está por iniciar.
Muito do que há por fazer passa pela escola, inevitável e incontornavelmente. Pela atitude dos professores que se deverão afirmar não apenas como funcionários públicos mas como cidadãos participativos, responsáveis e criadores de futuro. Pelos sindicatos que, para criticar o sistema (de colocações agora na onda) não têm nem de desprestigiar nem de denegrir os docentes como se fossemos todos muito poucochinhos e coitadinhos que não nos entendemos nem com a Internet nem com os formulários on-line.
O resultado do FCPorto de ontem é também o chegar à praia de novas formas de entender as mesmas coisas de sempre, como um outro olhar, com novas e diferentes atitudes, com uma nova organização e um diferente sentido organizacional.
Talvez seja este o ponto, a curva que falta fazer para que Abril aconteça sempre, sem receios, nem vergonhas, dar a volta a uma geração que, já aqui o escrevi por diferentes vezes, não tem fantasmas no sótão nem esqueletos no armário.
Até lá resta-nos apenas o esforço de, na escola, na esplanada, no bar, onde quer que seja, se defenda Abril, todo o ano, como se estivesse em causa o fim da democracia, da liberdade, o futuro.

terça-feira, março 9

Tudo igual

Na sequência da conversa de café entre argumentos trocados e outros esgrimidos, há quem defenda que não há diferenças entre um PS e um PSD, que a diferença, agora, reside no apoio do PP. De resto tudo igual.
Será? Será mesmo assim? Não existirão diferenças, quer na governação, quer na gestão dos interesses, quer na imagem perante a opinião pública entre um partido de esquerda e um partido de direita? Será que não se podem determinar diferenças de actuação, nas opções políticas, nas estratégias entre um PS e um PSD? Será que estamos, de novo, no rotativismo novecentista? Ora agora tu, ora agora eu?
Não quero acreditar. Como quero acreditar que o país necessita de uma campanha eleitoral para o parlamento europeu com argumentos e uma atitude europeia, que permita esbater essa sensação de igualdade entre partidos que defendem coisas diferentes, que têm opções diferentes, em que, quem sente a actuação política, são camadas sociais diferentes.
Quero acreditar que a democracia portuguesa vai fazer trinta anos e com eles os fantasmas estão, pelo menos assim o espero, ultrapassados e enterrados.
Não é, assim quero acreditar, não é tudo igual.

conversas de café

Numa tarde de sol a apelar a uma esplanada, troco dois dedos de conversa com dois colegas.
O tema oscila entre dois pontos ditados pela comunicação social, por um lado a apresentação da lista do PS às eleições europeias, por outro a biografia política de Cavaco Silva.
Entre um e outro dos assuntos um elo de ligação: sabem, ambos, a prato requentado em micro-ondas. Nem uma nem outro trazem ou acrescentam algo de novo ao panorama nacional, seja político, seja histórico ou social.

(de)formação

De regresso a esta base que procuro de trabalho.
Tenho ainda vontade de manter afastado do computador durante mais, pelo menos, uns seis meses. Mas outras preocupações se impôem e cá estamos.
Para dicorrer sobre a formação e sobre uma zanga doméstica por esla provocada.
A esposa, enfermeira, anda a fazer o complemento de formação. Assunto obrigatoriamente imposto, sem grandes conexões à realidade social, profissional e organizacional em que os elementos estão inseridos. No decorrer do fim de semana solicitou a minha colaboração para a monografia que tem de apresentar.
Lá trocámos ideias, debatemos alguns, poucos, pontos de vista e demos por nós num beco. Ou acabávamos a conversa, considerando alguma indisposição pessoal que pudesse aparecer ou, a continuar, estaria assegurado o desentendimento "académico" do par.
Constatei, sem grande surpresa minha, diga-se, que esta formação deforma. Molda a cabeça das pessoas para determinados modos de pensar e de agir. Em vez de de abrir horizontes e de alargar perspectivas, estreita-as, condiciona-as.
Creio que decorre da pouca ligação entre o mundo profissional e organizacional e a formação e o seu contexto mais amplo.
Mais do perceber determinados mecanismos de funcionamento, o porque de determinadas atitudes ou comportamentos, sejam organizacionais ou sociais, insiste-se em monografia sobre assuntos que pouca mais valia acrescentam a quem fez e apostou numa dada formação.
Como tem sido dito por muitos, não é exclusivo daquele sector.

sexta-feira, março 5

Leituras

Ando cansado, preciso de uma pausa pedagógica que dificilmente acontecerá nos próximos tempos. Mas reconheço os sinais de algum desconforto neste meu estado de espírito. Em primeiro lugar a impaciência, para tudo e para com quase todos. Procuro controlar alguma da ansiedade do cansaço mas reconheço que, por vezes, é quase impossível. Seja na escola, seja em casa, com a esposa, com os filhotes ou com a cadelita de estimação.
Mas também nas atitudes, passei um bom bocado da manhã a percorrer algumas das livrarias cá do burgo, à espera que um qualquer livro me chamasse, puxa-se por mim, exige-se que o lê-se, que o leva-se. Nada, passei por dezenas de títulos, múltiplas capas, e nada. Impávido e sereno como entrei assim saí, sem nada mais debaixo do braço.
Resultado, bom fim-de-semana, volto ao V/ contacto, para descanso do pessoal, na próxima 2ª feira.

Do futuro

Pronto, já concorri, já enviei o panfleto que irá determinar o meu futuro, fruto de um conjunto de circunstância poucas ou nenhumas dependentes da minha pessoa.
Apesar de conhecer uns quantos elementos que trabalham (penso eu que ainda lá trabalhem) quer na 5 de Outubro, quer na 24 de Julho, penso ter poucas hipóteses de uma cunha funcionar. Assim, resta-se esperar, sentado, claro, além do mais sou alentejano, pelo dia 31 de Maio, para saber a minha posição na lista de graduação. Depois... bem, depois é esperar por Agosto para saber onde fico.
Concorri on-line. Aceitei este risco, não por ter receio de um qualquer extravio dos formulários, por o endereço estar incorrecto ou qualquer outra dúvida metodicamente digital ou realmente virtual. Aceitei o desafio por considerar que este modelo, este figurino on-line é incontornável numa lógica de modernização de procedimento administrativo. Espero é que seja completo, isto é, quando for altura de concorrer a destacamento não me coloquem a digitalizar documentos, a solicitar declarações, etc.

quinta-feira, março 4

da Ambivalência

Encontrei há pouco, por intermédio do Retorta, uma página para a qual chamo a atenção tendo em conta alguns dos meus mais recentes posts, nomeadamente aqueles a que me referi a Montemor-o-Novo, à História e a todos os outros onde discorro sobre o presente, a tradição e a mudança/inovação.
Imperdível.

Português

Na sequência do post anterior uma possível resposta, será esta a cultura que pretendemos?
Podem dizer, com toda a dignidade e legitimidade que esta é parte da cultura que a escola transmite.

História

Sou docente da disciplina de História. A minha formação inicial é em História. Portanto, aquilo que vou dizer é condicionado por esta minha formação, por este meu olhar, como diria o Miguel Pinto.
Vem na sequência de um post do blogue Saudades de Antero, que destaco e sublinho da sua pertinência nos tempos que correm, nos esfumar dos dias, quase iguais uns aos outros.
Andamos muito preocupados com aquilo que os ingleses definem como literacia e numeracia. Angustiados com o facto de pouco conhecermos e falarmos a nossa língua, e desconhecermos, e muito, o raciocínio da matemática. É certo que são temas preocupantes, constrangedores nas suas limitações para a capacidade de desenvolvimento de um raciocínio lógico, coerente.
Acontece que esta preocupação que se traduz na desvalorização de disciplinas como a História levar-nos-á, mais dia menos dia, a constatar da incapacidade de perceber o presente e da impossibilidade de construir um futuro.
Sem memória, sem conhecimento do que fomos, de onde vimos, quais os caminhos que percorremos dificilmente compreendemos a banalidade do que é quotidiano e dificilmente discernimos entre o essencial e o acessório.
Provavelmente esta situação agradará a alguns.
Para remate de um tema que me é caro e que daria pano para mangas, apenas um excerto da citação de António Sena, retirada do blogue Saudades de Antero

É impossivel existir uma «cultura portuguesa» sem conhecer o que fizeram os seus fotógrafos, os seus artistas (...), os seus editores, os seus tipógrafos, os seus designers, os seus cientistas, .

Será que se quer uma cultura portuguesa? ou que cultura portuguesa queremos nós?

Ausência

É notório o abaixamento de ritmos de escrita dos professores que pululam pela blogosfera. Nota-se a sua ausência, certamente condicionados pelos concursos, pela ansiedade de um momento que determina, ou pode determinar, muito das nossas vidas.
Talvez também pelo cansaço. Sinto-me cansado. Sinto que não estou a render o suficiente para poder obter o que quero, atingir os objectivos que pretendo.
A facilidade de se ser professor é apenas para quem pouco tempo passou pela escola, para aqueles que têm pena de nunca o terem conseguido ser, para aqueles que prezam mais o valor de uma relação com uma máquina do que com pessoas, para aqueles que, apesar de gostarem de ser funcionários públicos para uma coisas, gostariam de ter apenas as vantagens de uma profissão, esquecendo ou apagando os momentos mais complicados, mais stressantes, mais angustiantes.
Estar perante 20 e poucos elementos onde somos os únicos que temos por obrigação o trabalho, desenvolver trabalho, não é fácil, não senhor.

dos exames

Num dia em que a temática marcou e certamente marcará a agenda era quase incontornável a temática.
Não é meu hábito discorrer sobre temas que estão na agenda do dia, que são manchete ou destaque em telejornais. Reservo esses momentos para que a areia possa levantar o suficiente, todos ouvirmos a multiplicidade de argumentos que nos são concedidos pelos diferentes órgãos de comunicação social. Geralmente, apenas passada a sofreguidão de informação e assente o pó procuro dar o meu contributo e racionalizar algumas das ideias.
Agora faço-o porque tenho a clara consciência que é um assunto querido a muita gente (para o bom e para o mau) que é um tema horizontal a muitos dos quadros, quadrantes e dos profissionais deste ofício.
Certamente que o senhor ministro terá, justificadamente ou não, não sei, dois objectivos.
Por um lado procurar, junto da opinião pública menos (?) esclarecida, credibilizar o sistema, assegurar uma ideia que, mediante a realização dos exames, o sistema é mais justo, mais correcto, tem mais rigor e maior credibilidade. Típico do pessoal de direita. Já tem mofo e cheira a bafio. Tenho consciência que o senhor ministro sabe disto e tem consciência disto.
Segundo grande objectivo com múltiplas aplicações, um quasi poliedro político-profissional. Condicionar o exercício das autonomias locais, seja escolar (condicionando, limitando e estreitando as possibilidades de definição de projectos próprios, educativos, curriculares e/ou outros), profissionais (estes exames permitirão também perspectivar ilações sobre o trabalho docente, mediante uma avaliação inferida, inquirir sobre práticas e metodologias, opções estratégicas e didácticas dos professores), seja funcional e administrativa (porque o sistema político e administrativo do ministério não estará a pensar ficar incólume à avaliação, certamente).
O certo é que, com esta medida se pensará com um tiro acertar em vários coelhos. Espero, faço votos e darei o meu corpinho ao manifesto, para que não mate nenhum e o tiro lhe saia pela culatra.
Devagar, devagarinho, de mansinho e sorrateiramente daqui a pouco teremos um sistema educativo que nem Salazar imaginaria conseguir.

soluções

Esta é ainda do dia de ontem, ficou-me atravessada pela impossibilidade de a partilhar.
Tenho uma direcção de turma complicada e por efeitos disso tenho procurado alternativas, ajudas para encontrar soluções, propostas, ideias.
Na generalidade dos casos esta busca tem passado por alternativas fora da escola. Na escola, com o conselho de turma, apenas procuramos articular ideias, definir um ou outro procedimento, criar coerências, articular estratégias. Todas se têm revelado incapazes e insuficientes para a obtenção de resultados - reduzir o insucesso, impedir o abandono de alunos (quer já, quer no final do ano), aumentar a escolarização dos miúdos (é uma turma de 7º ano).
Em face da nossa incapacidade, do esgotamento de algumas das estratégias, socorremo-nos de parceiros exteriores um dos quais o Centro de Formação do IEFP.
Então não é que descobri que existem soluções dentro da escola que passam por um misto entre currículos alternativos e educação tecnológica. Que a escola, mais concretamente um pequeno, pequenissímo conjunto de docentes procura desenvolver, no âmbito do 9º ano, uma oferta alternativa que até tem tido, de acordo com resultados que pude apreciar, êxito.
Acontece que são docentes de uma componente tecnológica em desuso. Provavelmente a escola gostaria de reavivar memórias liceais de outros tempos que nunca foi. O certo é que face aos inêxitos perante uma turma em que de 18 alunos provavelmente apenas 5 ou 6 se manterão por cá no próximo ano, seria uma óptima oportunidade de a escola se constituir como uma alternativa a si mesma, criar novas expectativas e alimentar outros sonhos.
O que é verdade é que esta experiência apenas se aguenta por carolice, voluntarismo e boa vontade desse conjunto de docentes que se viram do avesso para conseguir a sua "clientela". Alargar-se esta possibilidade, com outros parceiros? Ideia de doidos. Nem mais.
Mas eu sou doido. Não sei é se por ali fico, o mais certo é não ficar. Caso contrário, asseguro-lhes, eu sou doido o suficiente para sonhar com uma escola para todos, mesmo para os que dizem que não gostam da escola.

de contar

Tanto que eu neste dia tinha para contar. Tanto que me apeteceu chegar junto desta máquina e escrever. Contar coisas e loiças com que me entreter e partilhar com quem por aqui passa.
Com alguma pena minha apenas ao fim do dia aqui chego. Algumas das ideias perderam, pasme-se, oportunidade, outras perdi-as no meio de algum dos caminhos que percorri.
Aquelas que ficaram, aquelas que se atreveram a chegar a este momento, serão certamente pertinentes o suficiente para as partilhar.
Uma de cada vez, para parecerem mais.

quarta-feira, março 3

Das crise

Se não sabem ficam a saber, mas não estou colocado na minha cidade, na minha terra. Estou numa cidade relativamente próximo (Montemor-o-Novo) e que julgava conhecer por aqui passar com alguma frequência.
Depois de por aqui andar vai para 8 meses, descubro o que pensava conhecer.
Há coisas que me agradam, obviamente, tem alguns locais onde se pode petiscar como antigamente, à conversa, sem pressa, sentado, com cheiro a peixe frito, chão não propriamente limpo, mas que mantém uma tradição popular, social, de ambiente rústico que eu gosto.
Tem restaurantes copiados da grande cidade, mas em que se procuram novos contextos, novos enquadramentos, com cores garridas, tipicamente oriundas de outras paragens, mas que se souberam (digo eu) enquadrar na planície.
Tem coisas que não gosto, é claro, mas que numa outra situação darei conta.
O que quero destacar é aquilo que designo como crise de sentido. Ou seja, Montemor procura-se afirmar em função de um conjunto de opções culturais, bastante fortes diga-se de passagem.
Contudo, entalada que se encontra entre Évora e Lisboa, acaba por não ter um público próprio que possa ou tenha condições para sustentar essa opção.
Resultado, o público é quase todo de fora, ainda que existam franjas, mas não mais que isso, locais.
Por outro lado existe um certo constrangimento entre as opções e os públicos, o que cria alguma fricção (ainda não percebi se social, se política, se de estatuto, se de quê). Mas que, em alguns casos e em algumas situações encontra como palco de manifestação a escola, o que não é de estranhar.
Em resumo, é importante o conhecimento do meio, das pessoas, do sentido e das opções que as cidades, as terras, das pessoas que as vivem adoptam ou querem adoptar para que se possam conhecer os alunos, os nossos utentes, o que eles manifestam e como expressam, ou porque expressam, determinados comportamentos.
Conhecer um, o meio, é meio caminho, tipo código postal, para perceber os outros, os alunos.

do sexo

A propósito da discussão que por aí anda sobre a educação sexual, apenas dois pequenos comentários.
Primeiro para destacar a quantidade de material deste teor que abunda na capa de entrada dos blogues do sapo.
Se, partir deste ponto, pudermos inferir da necessidade de educação sexual então basta começar no pré-escolar e terminar a meio do segundo ciclo. Os maiores têm e detém um manancial de informação que é obra.
Segunda observação, ontem num dos noticiários da noite, mais um compadre que culpa a escola de nada ensinar a este propósito, que a escola é a culpada pela falta de informação do pessoal, pelas ideias erradas, pelos esteriótipos, pelos pré-conceitos que a maioria carrega.
Ora porra, e eu a pensar que andávamos a ensinar matemática e português, que nos entremeios entre uma e outra das disciplinas referidas, nos entretinhamos a falar um pouco de História, um pouco de física, uns passos de desporto. E eu a pensar que a área de projecto, a formação cívica o estudo acompanhado era, exactamente, para se criar espaço e oportunidade para se discutirem estes assunto.
Afinal estou redondamente enganado e há necessidade de criar uma nova disciplina. É com professores como eu, lerdos de intiligência e lentos a pensar que isto não avança.

terça-feira, março 2

Pavão

Por questões de narcisismo ou simples exibicionismo, chegou-me à caixa de correio mais um blogue - O Pavão. Sobre o quê? de que fala? Exactamente, do narcisismo dos homens, do exibicionismo de nós mesmos. Afinal, também merecemos ser bonitos. Já lá vai o tempo (quando?, em que tempos?) em que o homem se queria feio e mal cheiroso.
Que venha por bem e que fique muitos e bons post.

vida de professor

Uma colega com 50 e poucos anos, 34 de serviço amargurada e desesperada com a turma da qual sou director diz-me,
manel, apesar do desencanto e do esgotamento com esta turma gostei de dizer o que disse;
e que lhes disses-te
que é bom trabalhar com eles, que apesar de eles não gostarem da "velha" e da "velha" ser uma chata, gosta de trabalhar com eles.
Que lhes fique mesmo que seja lá no fundo da consciência, que esta velha tentou e tanta trabalhar com eles, ensiná-los a ler e a compreender a nossa língua.
Porra manel, sei que não lhes ficará lá nada, mas gostei de dizer o que disse. Tinha que lhes dizer
.

Da Vida

No meio das contrariedades, das angústias e das amarguras, exemplos de vida.
Uma colega saiu para uma pequena intervenção cirúrgica, em finais do 1º período.
A intervenção não foi assim tão pequena e a sua ausência prolongou-se até hoje. Razão um miopa num dos peitos, que implicou a sua completa remoção.
Apesar do que isto implica, quer do ponto de vista físico quer do ponto de vista psicológico, lá estava ela, como se nada se tivvesse passado (?), a puxar por todos, a animar todos, como sempre foi, como se se tivesse ausentado ontem e hoje regressado após uma breve pausa.
Sabemos que não é assim. Apenas serve para lembrar que há mais coisas, para além dos concursos, dos dias tristes e sem sol, do frio.

Sol

A partir da janela deste meu canto de trabalho, quase me engano com o tempo, com o correr do dia.
Há sol, brilhante, a bater nas árvores, a iluminar os recantos das casas, a silhueta dos telhados.
Daqui, com este brilho, quase me convenço que não está frio e que apetece ir para uma esplanada simplesmente ver quem passa, ver as pessoas, sentir as pessoas.
Apetece-me esquecer do que não me esqueço, dos concursos, da certeza que é a incerteza do meu futuro.
Apetece-me ler coisas simples, que preenchem a alma, se é que existe. Reparem neste texto, na sua simplicidade de namorados, neste outro em que se descreve um tempo, presente, passando, diferido, nas imagens deste.
Coisas simples, ideias simples, pessoas simples. Gosto de me sentir simples, de procurar a simplicidade. Reconheço que é uma carga de trabalhos a simplicidade.
Enfim, coisas do Sol.

Vida de professor

Perpassa em muitos dos blogues de professores, muita da angústia que é o momento, o período dos concursos.
A incerteza quanto ao futuro, a improbabilidade de voltar a repetir outras coisas com as mesmas pessoas, com os mesmos alunos, a certeza triste de voltar tudo ao início, que a vida (re)começa dia 1 de Setembro (caso não haja atrasos nos concursos).
Nada consola a garantia, quase certa em muitos casos, que tudo se altera, as amizades, os sítios, as conversas, as brincadeiras, os sentimentos. É um permanente recomeçar.
Vida de professor(a).

segunda-feira, março 1

Registo

Pronto, já estou registado nos serviços da novel direcção geral dos recursos humanos da educação, isto é, estou pronto para o concurso de docentes.
Ainda tenho algumas dúvidas, por isso vou tentar tirar um curso acelerado de preenchimento electrónico de impressos para depois não andar por aí a culpar o sistema.