sexta-feira, outubro 31

...
acendi há pouco a lareira, pela primeira vez neste final de outono e ainda algo distante princípio de Inverno.

gosto deste prazer.

bom fim de semana. dou descanso a quem, por ventura, por aqui passa. prometo voltar 2ª feira.
...

quinta-feira, outubro 30

...
se alguém tiver coragem e ousadia que me esclareça, mas como é que os blogs andam tão mudados??, onde ou como é que definiram esses novos visuais.

se tiverem coragem e forem ousados, e eu sei que são, digam-me, s.f.f.
....

...
por agora um tema que não tenho falado, o Benfica (não esquecer, benfiquista desde pequenino).

já repararam certamente, nos comentários que são feitos à catedral, desde as goteiras, aos patrocínios um pouco de tudo é abordado.

só não referem a relva, porque será???

quais os comentários que irão ser construídos em torno do estádio do dragão - que está lindissímo, diga-se de passagem.

o meu caro amigo l. carmelo, distinto e mui onorável sócio, que me perdoe, mas o benfica precisa de algo mais que um belo, e isto é inquestionável, estádio.
...

.
Digam lá, já ouviram o comentário do senhor ministro da saúde a dizer, outra vez à boca cheia, que este ano poupou mais de 400 milhões de euros???

não é supreendente?, não é admirável este mundo novo que é criado pelo psd???, onde é que nós, portugueses, temos andado??, certamente distraídos, pois tinhamos as soluções à mão de semear e dávamos ouvidos ao eng. guterres.

ele, o senhor eng. guterres, é que é um bom samaritano, foi-se embora quando percebeu que fazia mais por nós lá longe, a passear por terras da internacional socialista, do que por cá, por esta terra ingrata e que não reconheceu o ppd/psd/cds/pp como o salvador da pátria.

andamos mesmos distraídinhos.

e depois queixamo-nos
...

.
As reformas sucedem-se, incluindo a da administração pública, que agora começou a ser discutida no parlamento.

Tenho que reconhecer que não conheço muito desta proposta governamental, cinjo-me ao pouco que foi disponibilizado no sítio do governo (ver) e àquilo que tem sido veiculado pela comunicação social.

pelo pouco que sei e conheço, constato que são sempre os mesmos malandros a pagar a crise. Mas fico contente, por outro lado, é que, sendo alentejano, há muitos com a mesma fama que eu, pena desses outros é que não constam no anedotário. Queixem-se ao governo, s.f.f.

estou também algo certo que, mais cedo ou mais tarde, vontade reformista vai chegar, com mais vigor e acutilância, à escola. Já pouco resta do edifício público, daquele em que constam serviços essenciais que o Estado, no meu entender, devia assegurar perante a diversidade e a diferença social, assegurando que, apesar das diferenças, todos temos, perante este Estado de direito que somos, igualdade de oportunidades e tratamento.

Tretas, eu sei, mas quero acreditar que ainda há alguma esperança. Pemo menos a partir de 2010 o senhor primeiro ministro já prometeu que vai embora, até lá oiçamos o seu comapdre da economia e alguns dos seus correligionários que afirma, à boca cheia, que a retoma já aí está. Se não a viram abram os olhos.

.
Por vezes fico com a sensação que só escrevo, nestas paragens, coisas menos boas, que transmito uma imagem algo escura, para não dizer negra, da realidade que observo, daquilo que valorizo e descubro no olhar quando, para algo, olho.

mas hoje tenho que dizer e escrever algo de diferente. De quando em vez, quando perdemos algumas das certezas que temos e ganhamos curiosidade, perdemos vergonhas e nos abrimos ao outro, ao colega, ao parceiro, ao vizinho, decobrimos que não estamos ´sozinhos, qu não somos os únicos a pensar assim, desta nossa maneira.

Há outras maneiras de pensar, há outros modos de ver o mundo, há outros olhar que sobre este mundo se atiram. Mas não necessariamente diferentes dos nossos, incopatíveis com os nossos. Basta falarmos com aquele com que nos cruzamos todos os dias, perdemos os medos e ganharmos as vergonhas suficientes para, por uma qualquer razão, ganharmos mais dúvidas, termos a colaboração para levantar mais questões, por vezes as mesmas questões.

Afinal, no mundo que é a escola não estamos, por muito que isso possa parecer incrível, não estamos sózinhos. Há mais gente, há mais pessoas.

Hoje estou particularmente contente por ter encontrado uma pessoa, ou por ter sido por ela encontrado.

quarta-feira, outubro 29

.
da minha escola não querem ver o mundo. É uma espécie de correcção, aquela que eu faço, relativamente ao post anterior.

de quando em vez ficamos supreendidos, por aquilo que conhecemos, por aquilo que pensamos conhcecer e não é conhecido, afinal.

estou assim. fiquei supreendido com a problemática inerente a uma das minhas turmas.

julgamos saber tantas coisas, julgamos conhecer tanto as pessoas, já tivemos tantas experiências que estas seriam mais uma. Afinal, constatação tão evidente, não há, em educação, duas situações iguais, duas realidades iguais, dois casos iguais.

É este mundo que me apaixona, o da imprevisibilidade, o do social, o do humano, o dos casos que não conseguimos rotular, aquele que desafia o nosso entendimento, aquele que nos obriga a conhecer mais, melhor e mais profundamente o mundo que nos rodeia, o mundo em que estamos, a realidade da qual fazemos parte.


de quantos mundos será feito este meu mundo? de todas as pessoas que estão no meu mundo?, ou também de todas aquelas com as quais todos os outros já lidaram, já estiveram, já presenciaram, já sentiram.

Até quando, eu próprio, fico/ficamos refém das certezas daquilo que nunca é certo?

cada vez mais me convenço, estou cada vez mais certo, é preciso deixarmos de estar convencidos, é necessário, é imprescindível deixarmos de lado as certezas e construir, a cada momento, em cada pessoa, em cada lugar, o mundo.
.

.
da minha escola não se vê o mundo.

as pessoas procuram não ver nada. A arrogância marca presença. Compreendo, agora melhor que antes, a dificuldade de fazer vingar políticas educativas, dar oportunidade às reformas. Já nem sequer estou preocupado quais elas são.

As pessoas têm dificuldades em se relacionar com o seu semelhante. São umbilicais na construção de teias sociais. Isto é, olham aos seus interesses (ao seu umbigo) esquecem-se que outros possuem outros interesses e que, num conjunto, é importante ouvirmos o outro.

porque será que a escola perde interesse à medida que crescemos, na exacta proporção das nossas certezas. A minha filha está engripada, consideramos (mãe, pai e irmão) que não reunia as condições para ir à escola, mas foi, quis ir, armou pranto para ir.

Os meus alunos, pelo contrário, não precisariam de tanto para fazer desaparecer a escola, o gosto que eles não sentiriam.

o que me seduz é a inocência perante a escola, o simples gosto, o prazer de aprender, o sentimento bom de estar com os amigos, de partilhar o mundo com quem gostamos e descobrir que ele é feito de sons, palavras, cantos e encantos.

que é feito da matéria de que são feitos os sonhos?
que é feito das ilusões que temos e que nos iluminam a vida?
que é feito dos sonhos que abrilhantam a vida?
que é feito da utopia que nos move?
que é feito das coisas simples da vida?
que é feito da escola??
.

Durante algum do tempo de afastamento da escrita, tenho aproveitado para navegar noutros blogs. Decobri, com agrado, que já existem artigos de fundo sobre a vida dos blogs, que se colocam questões entre a moda efémera e a reinterpretação de paradigmas da escrita (?).

Como descobri que alguns dos que gosto de consultar estão por actualizar deste meados do mês. Perdem sentido, perdem oportunidade e correm o sério risco de cair no vazio. Outros, em contrapartida, reformularam-se, sofreram um lifting.

Ainda bem. A escrita pode continuar a mesma, mas a roupagem muda. O que será melhor???

terça-feira, outubro 28

.
Afastado destas lides por manifesto cansaço.

Mas hoje tenho que dizer, tenho que escrever, na confidencialidade desta multudão que não conheço, que gostei da entrevista do nosso presidente. Claro, como poucas vezes tem sido. directo, quanto necessário para que orelhas moucas consigam ouvir. Contudente, sem excesso, porque insistir, quando se sente a razão, é fundamental. Social, preocupação claramente arredada da política nacional.

Faltam destas ideias, faltam destes protagonistas que, de modo simples, com palavras claras, com humildade consiga dizer o que todos nós sentimos, o que todos nós pensamos.

É imoportante ter este presidente. É mais importante que ele se expresse como ontem.
.

quinta-feira, outubro 23

.
Volto ao destaque do dia, o PS e a carta aberta de M. M. Carrilho.

Num tempo em que se apresentam reformas determinantes para o futuro do país, em que os governos de António Guterres apostaram, pela primeira vez, num ministro da reforma do Estado, não percebo onde tem andado o PS, para não ter apresentado, pelo menos que eu tivesse dado conta, uma contraproposta, uma afirmação do que se pretende da administração púbica, que esta administração pública não é toda igual.

são partes desta discussão que têm estado arredado. Outros protagonistas, nomeadamente C. Zorrinho escreveu há dias (numa das suas crónicas do Diário do Sul) que Durão Barroso conseguia uma cartada política ao defender o referendo em dias de eleições. E C. zorinho mostrava como e porquê. Fazendo este elemento parte da Comissão Política, não fará chegar os alertas a quem de direito?, será que as ourelhas estão moucas aos avisos, que a cegueira de quem não quer ver está a obscurecer o caminho.

Permitam-se sorripiar um slogan:

o que faz falta é animar a malta

Sem qualquer panaceia, sem rodeios, subscrevo, quase na integra, as plavras de M. M. Carrilho.

Destaco uma frase, lapidar de um estado de situação a que o PS se remeteu:

O PS já esteve na oposição e no poder, mas soube sempre, em todas as circunstâncias, aparecer aos olhos dos portugueses como um partido modtivado e mobilizador de esperança num país mais livre, mais justo e mais solidário.

É isto que tem faltado ao país, ao PS, a construção de uma alternativa política e social que crie, mostrev e destaque que a governação pode ser diferente, tem de ser diferente deste atavismo bafiento, desta desilusão de fim de festa, deste alheamento de falta de uma oportunidade no futuro.

O PS tem de ser alternativa, tem de mostrar que há mais mundos para além do orçamento de Estado, do déficit ou e em particular, do processo "Casa Pia".

O PS tem de mostrar que as grandes opções do país na e para a construção do seu futuro passam por criar e aprofundar o nível de qualificação das pessoas, apoiar e incentivar a sua autonomia, pela valorização da nossa tradição e das fileiras em que somos especialistas, pelo destaque daquilo que temos de bom (centros de medicina, de investigação, da física e da biologia, dos ramos da sociologia e da fiolosofia, das ONG).

Esta construção passa por nós, por cada militante, por cada simpatizante, em fazer ouvir a sua voz, em expressar as suas opiniões.

Não me interessa fulanizar as questões, Não é o Zé nem o António que estão em causa, são as ideias, os projectos, os sonhos, a capacidade deles mobilizarem pessoas, de congregarem opiniões, de consensualizarem posições, de mostrarem as alterações, de visibilizartem as apostas sociais e culturais.

É chegado o tempo de o PS mostrar que tem outros protagonistas, que existem outros actores. É tempo desses actores se assumiram. É tempo de dar tempo ao tempo e construir novos tempos.

quarta-feira, outubro 22

Hoje, mais do que em dias anteriores, vale a pena passar pelo blog mais conhecido, o de J. Pacheco Pereiro - Abrupto.

Pertinente, no meu entender, a consideração que faz sobre a constituição europeia. O seu olhar, a partir de Estrasburgo é uma mais valia.

Tenham em atenção o livro, com organização de B. S. Santos, "conhecimento prudente, para uma vida decente", vale a pena compreender este mundo, compreendermo-nos a nós próprios.

Ontem, propositadamente, não escrevi quase nada. Limitei-me a responder a alguns do mail que recebi e que agora, publicamente, reagradeço.

Encontrei, na navegação desorientada que faço, um portal sobre os blogs em português de Portugal. Vale a pena passar por lá - se quiser ir directamente basta clicar.

Como era de esperar esta semana é grande, enorme, custa a passar e quando chegar ao fim ficarei surpreendido, pela rapidez com que passou.

Hoje então, custa-se escrever, não sinto nada onde devia estar o cérebro.

segunda-feira, outubro 20

Na continuação do "post" anterior coloca-se-me a circunstância de estar em vias de perder dois alunos, ambos pelos mesmos motivos, desinteresse, alheamento, falta de sentido para a escola, falta de objectivos pessoais que passem pela escola.

Provavelmente um dia, quando a dispurta dos e pelos alunos deixar de se circunscrever ao sector privado e o ensino público necessitar de cativar alunos, se encontrem razões e factores que permitam contrariar esta situação. Hoje, pela falta de incentivos e de ligação entre a escola e a vida, particularmente, os alunos desistem, os docentes pouco fazem, para além de expressar alguma da sua tristeza, alguma da sua incapacidade. Mas deixam-se ir, deixam os alunos partir para aquilo que é uma certeza constrangedora, a da ignorância, a da falta de condições e capacidades de adaptação ao mundo.

Não quero nem pretendo, com este meuo olhar, denegrir o trabalho docente. É certo que o viso, não escondo, que pretendo contrariar alguma da inoperacionalidade que encontro no trabalho dos meus colegas, em procurar "remar contra a maré". Mas não sou nem pretendo ser D. Quixote, como não pretendo dizer ou escrever que todos agem mal.

Não estão, e este é o meu sentir, criadas as condições na generalidade das escolas, que permitam contrariar o absentismo, a falta de sentido e de oportunidades para a escola. Não estão é reunidas as condições que permitam e possam justificar a pertinência da educação formal.

O que falta? equipas de projecto, orientadas quase que exclusivamente para este fim, uma ideia de escola da qual, para la
em das retóricas, todos façamos parte, uma articulação entre poderes e instituições, escola, câmara, juntas de freguesia, ipss, projecto e acções locais, associações várias, que permita criar uma malha apertada que evite a fuga à formação, à aquisição de saberes.

Faltam equipas, acções, projectos que introduzam os saberes populares na escola, que valorizem a escola por intermédio da valorização do local, das culturas próprias e específicas de cada bairro, de cada aldeia, de cada distrito.

Falta organizar o trabalho docente no sentido de se sentirem pertencentes à escola, à cultura que ela detém e que ela veicula, de se sentirem integrados no concelho onde, ainda que esporadicamente, param.

Falta, em resumo, permitir que os docentes, nas escolas, tenham possibilidades de organizar a sua ideia de escola, de a debater, de a concensualizar, de a harmonizar, de a avaliar. Como?, por intermédio da desregulamentação legislativa, pelo respeito e pela assunção das autonomias (pessoais, em primeiríssimo lugar, mas também profissionais, pedagógicas).

Por onde começar, por nós mesmo, por mim mesmo, pela minha pessoa. Como valorizando a pessoa que encontramos, o trabalho que desenvolve, os conhecimentos que detém, os gostos que tem. Por acentuar a sua capacidade individual, por incrementar o seu espírito crítico, a sua autonomia.

Ouvi à pouco na rádio eborense que a Câmara de Évora promove um projecto de luta contra o abstencionismo e insucesso escolar, de nome extenso mas em que a abreviatura é CAIPIRA.

em primeiro lugar, e após este nome, fica-se com a sensação que é mais um projecto de intervenção multicultural, em particular entre Portugal e Brasil, já que as caipiras são deste país.

Por outro lado, a atitude é louvável, mas penso que se encontra à partida seriamente condicionada. Os meios, as condições e os recursos que a câmara, esta ou qualquer outra, detém, são escassos face às necessidades de intervenção. Mas é um passo fundamental.

Estes projectos contam se inseridos em projectos mais vastos, quer de escola, quer de autarquia, em que mais não serão que elementos facilitadores de um processo (de Ensino-aprendizagem), de um momento de integração (numa cultura escolar e formal), como um factor de transição (entre mundos, de modo particular entre a escola e o mundo profissional).

Só que, e péssimismo meu, tenho sérias dúvidas que exista uma ideia de escola por esta banda. Alguns protagonistas, estou certo, têm uma ideia de escola, nomeadamente as secundárias, uma ou outra básica. Mas se dessa ideia faz parte a câmara, sem ser para facultar transportes ou disponibilizar verbas, tenho dúvidas.

Qual a capacidade operacional de partilhar responsabilidades, isto é, de tomarmos parte da decisão do outro.

Dito de outro modo, como entendem os actores educativos a intervenção dos eleitos autarcas na definição de um sentido de escola, na definição dos objectivos desta, na construção da sua missão?? Por outro lado, como entenderiam os eleitos a participação dos actores educativos na construção de uma política educativa local??

Estou certo que uns e outros dizem que se consultam periodicamente, com regularidade. Que não são definidos alguns dos objectivos (do projecto educativo de escola, do projecto curricular, de animação sócio-educativa, entre outros) sem que se auscultem sensibilidades, sem que se oiça o parceiro. É certo e é verdadeiro, mas intervir com capacidade de regulação, num e noutro campo, tenho dúvidas que uns e outros queiram.

Uns por que receiam que a sua autonomia profissional e pedagógica seja colocada em causa, outros porque se defendem das legitimidades alheias.

A educação é este desafio. Construir sentidos locais, utilidades próprias e individuais de cada contexto, todos diferentes, todos iguais. Partilhar responsabilidades porque se partilham objectivos, porque se constroiem caminhos colectivos e solidários. Porque todos temos uma palavra a dizer no futuro que queremos. Ter a capacidade de integrar a diferença (de género, política, de raça, de credos, do que se entenda) na construção de um mesmo processo, o de aprender a sermos autónomos, a termos capacidade de colectivamente construirmos o futuro individual.


À segunda feira começo cedo. Depois de um fim de semana cançativo (parece incrível, mas é a mais pura das verdades) volto com mais vontade de pegar a semana pelos cornos.

E esta semana é especial. Faço, amanhã, 40 anos. Desculpem-me lá a confidencialidade, desculpem-me lá ser tão sincero.

Tenho tentado sentir esta coisa, provavelmente maravilhosa, da ternura dos 40 e, até ao momento, nada. Talvez seja porque ainda não os fiz. Sinto, efectivamente, um certo peso nos ombros. Por vezes, de modo particular quando dou por mim distraído, um pouco mais velho, um pouco mais ouvinte, mas só quando estou distraído, depois passa, e volta tudo ao normal, a impetuosidade verbal, alguma incontinência na palavra, enfim, tudo normal, apesar da idade.

Mas é um momento significativo, este o de fazer 40 anos. Convenhamos, não é todos os dias que fazemos 40, não é todos os dias que conseguimos chegar aos 40. É com sentimentos mistos, misturados, entre algum prazer e uma sensação de trabalho incompleto o estado de espírito com que aqui chego.

Provavelmente a ternura dos 40 decorrerá de alguma instrospecção que, nesta altura, conseguimos efectuar, um primeiro momento de avaliação, ordinário, ainda por cima. Conseguimos, talvez, perspectivar aquilo que nos falta, o tão pouco tempo que temos para as coisas simples.

Não voltamos a ter esta idade, aquela que os gregos diziam que era a do meio, a da virtude.

Talvez....

sexta-feira, outubro 17

Na escola e sobre a escola
.
.
Hoje, mas estou certo que não só, a escola é um desafio. Para os professores e alunos em primeiro lugar, mas também paras os pais, para a comunidade, apesar de não parecer nem se sentir como tal, para os políticos.

Um desafio aliciante, mas extenuante.
Gosto, como já aqui escrevi várias vezes, de viver e sentir a escola. De a viver e a promover como um espaço de cidadania, liberdade e de construção das autonomias.

Mas a escola não é isso e, algumas das vezes, como agora, sinto que a escola não pode ser isso.

Procuro desenvolver metodologias e estratégias que apelam à participação e envolvimento do aluno, dos seus interesses, dos seus conhecimentos, da sua (ainda que pouca) experiência.

Mas os desinteressados, os alheados da escola, aqueles que mais dela necessitariam, os que colocam maiores desafios, são aqueles que recebem qualquer orientação com agressividade, pré-conceitos, antecipadamente morta, rejeitada e, se possível, enterrada.

Há momentos, há dias, estou certo, que um professor sente que não cumpriu o seu dever, que deixou, por impaciência, intolerância, cansaço, desgaste ou qualquer outra razão, deixou, dizia, pessoas para trás, sentiu que com elas colaborou no seu alheamento e distanciamento. Na sua indiferença e descrença perante a escola.

Procuro construir fichas de actividade, dinamizar acções com o aluno, individualmente considerado (imaginem com perto de 100 alunos), ir ao encontro do seu interesse, tento determinar os seus interesses, incutir um gosto pelo gosto de ter dúvidas, colocar questões, levantar, de modo coerente, problemas.

Mas o que acabo por encontrar mais não é que indiferença, desgaste e alheamento.

Do aluno que não reconhece utilidade à escola, pelos valores que veicula, pelo que encontra no vizinho e na TV, pelos professores que desligam, desgastados com o trabalho, com a indiferença, com a rudeza das pessoas. Com a desorganização das escolas enquanto espaços de trabalho, pela falta de funcionários, de orientadores, de equipas de integração, pela falta de projectos e de ideias, pelo atavismo dos políticos, pela descrença das pessoas.

e chega, pois hoje, final de semana, sinto-me claramente esgotado, algo melindrado com a incapacidade de chegar aos gaiatos.

Tenho que tentar de outro modo, com outras estratégias.

Não posso desistir de tentar. Ou posso??????

Um comentário político, de quando em vez gosto de resvalar para este lado do planeta.

Apresentado que foi o orçamento de estado para 2004,discutidas e analisadas algumas das suas implicações constata-se, infelizmente, que já não são os ricos que pagam a crise, são os remediados.

No tempo em que Durão navegava em áreas mais radicais, certamente defenderia que deveriam ser os ricos a pagar a crise. Depois de uma passagem pela companhia de Cavaco, embalado na cantilena de Portas, aprendeu ou redireccionou o discurso. A pressão de Manuel fez o resto e que se trama é, simpesmente, a dita classe média.

O próprio secretário de estado, creio que do orçamento, defendeu que existirá um certo agravamento para as classes média, média-baixa.

Ora porra, mas só vêm o bolso daquele que não consegue fugir ao fisco, que depende do seu vencimento fixo, mensal e dependente da administração pública. Porra, Porra para estes indigenas que nos secam até ao tutano.

Não se esqueçam de votar neles, comecem nas europeias, passem pelo referendo e cheguem à apoteose final das legislativas de 2006. Para quem gosta de sofrer, para quem gosta de estar na miséria votem PPD/PSD/CDS/PP.
..

quinta-feira, outubro 16

segundo post do dia...

o papa, a igreja católica e os católicos, de um modo geral, celebram hoje 25 anos do concílio de joão paulo II.

assumo que tenho oscilado entre um agnosticismo com fé e um catolicismo descrente. onde estou hoje e agora não sei. mas reconheço, por outro lado, que admiro este homem de 80 e poucos anos, papa à 25, crente, como ele disse, desde sempre. admiro este homem que soube ser coerente num período e num tempo em que a incoerência reina e marca pontos a favor dos outros. admiro este homem que entre a obstinência da fé católica soube dossear, caldear, com tolerância, perdão, missionarismo, ecumenismo.

que a igreja é um partido político todos o podemos reconhecer, de acordo com interesses e eventuais oportunismo circunstâncias e contextuais, que a igreja tem um claro papel político desde os seus primórdios é indiscutível, que o Homem se alheia da política também deverá ser verdade. faltará saber se a política se alheia do Homem, não creio.

são as raizes a falar.

um primeiro post do dia.

sobre os blogs na língua de jorge amado, xico buarque, etc.
já descobriram ou simplesmente navegaram pelos blogs dos brasis??, não então experimentem, comecem por aqui e vejam, sintam a diferença entre um lado e o outro do atlântico.

mais não é que um ponto de partida, um pontapé no marasmo pretensamente crítico, pretensamente literário, pretensamente introspectivo dos blogs portugueses.

acreditem, vale a pena ir à TERRA.

quarta-feira, outubro 15

Bombeiros e protecção civil uma relação talvez difícil, acredito, mas desejável, sempre o afirmei e defendi.

O governo anunciou hoje algumas das linhas gerais do livro branco sobre os incêndios de verão. Com ele algumas mudanças, para que se acautelem consciências e tudo possa permanecer como está, isto é, o apoio dos amigos, a segurança das subvenções estatais e os lugares da praxe.

Desempenhei funções na Protecção civil, serviço distrital, entre Junho de 2001 e Março de 2003. No contexto dos fogos de verão sempre me recusei a tecer qualquer tipo de comentário ao que então se passava. Remetia, sempre que solicitado, para um texto na minha página, escrito em Fevereiro, onde chamava a atenção para a séria hipótese do que aconteceu vir a acontecer.


Tudo o que dissesse a mais poderia ser entendido como ressabiamento, desilusão ou simples amúo. Nada disso.

Sinto agora existir um espaço de oportunidade para voltar ao tema.

Primeiro, com a lei que criou o novel serviço de bombeiros e protecção civil pretendeu-se assegurar um espaço - palco - de protagonismo vazio, que chocava com a atitude daqueles que, no terreno, dão o corpo ao manifesto. Aproveitou-se esse espaço para varrer a "corja" socialista, sem acautelar o trabalho desenvolvido, as relações entretanto tecidas no âmbito da prevenção e da implementação de políticas de prevenção.

Segundo, na sequência do anterior desbaratou-se todo um conhecimento que assegurava alguma estabilidade ao sistema. Era bicéfalo é certo, com o qual eu não concordava, mas equilibrava-se na acção e na prevenção.

As responsabilidade políticas eram assumidas e partilhadas, entre o poder local, no seu espaço de intervenção e o poder central desconcentrado, mediante a acção de apoio e colaboração com autarquias e agentes de protecção civil. É certo que existiriam desacordos e desentendimentos. Mas estou certo que o predomínio era o da cooperação e colaboração.

Na nova lei não foram criados espaços de reforço desta partilha de responsabilidades, nem definidas áreas de intervenção entre o que é prevenção e o que é acção.

Há assim, claras e objectivas responsabilidades políticas numa bandeira que este governo desde cedo apresentou, a de reformar o sistema nacional de protecção e socorro. Reformou-a, é certo, mas mal e com consequências desatrosas para, em primeiro lugar, as vítimas dos incêndiso, depois para os próprios bombeiros que se vêm envolvidos numa guerra de bastidores que não é sua, mas que lhes toca.

Responsabilidades políticas que não são ou não foram, até ao momento, assumidas. O ministro lá continua, o secretário de estado por lá se mantém. Por menos, por uma simples cunha, atitude tão nacional, se demitiram dois amigos de Durão Barroso. Pelos vistos para este ministro da administração interna, não é suficiente a morte de 15 pessoas para que se vá embora.

deixo algumas perguntas:
estará ele com medo que o PP lhe tome o lugar?,
estará o primeiro ministro com receio de outros fogos, outros caldinhos;

Tenho constatado, nos últimos tempos, uma certa aridez de atitude para com a cidade de Évora. alguma vinda da minha própria pessoa.

Aridez marcada por uma certa dose de desamor, desencanto, despaixão. Por outro lado relfecte-se, em termos práticos, no conhecimento de famílias que perspectivam sair da cidade - Igrejinha, no meu caso, Graça do Divor, Montemor-o-Novo, Aguiar ou Viana do Alentejo, Arraiolos, noutros casos.

O certo é que a continuar assim, certamente que os censos de 2010 se irão ressentir... e com eles alguns protagonistas políticos.

É certo que, e de acordo com o meuponto de vista, os últimos anos de gestão CDU/Abílio foram perfeitamente esgotantes, insalubres, atávicos, desorientadores. Marcaram a cidade, o seu crescimento e a sua imagem. Marca profundamente ideológica, arreigadamente política.

Esta nova gestão, que apoio, ainda não conseguiu encontrar o tom certo para perspectivar novos rumos, novos desafios. Évora não pode continuar a viver de frases feitas, palavras ocas, atitudes moles. Tem que se definir. O que queremos, com quem queremos, para o que queremos, são questões fundamentais para a qual, estou certo, muitos terão algum tipo de resposta. Mas o rumo a definir é o mais importante.

Por mim quero viver numa cidade de média dimensão de características europeias, isto é, até 250 mil habitantes, com vida própria, que apoia o desenvolvimento e não se torna sanguessuga de outros meios.

Como conciliar este crescimento com o património, é desafio para todos nós. Mas não quero admitir que para preservar o património e a imagem da cidade tenhamos que ficar a ver os combóios a passar.

domingo, outubro 12

.
.
Vários momentos ausente, algo longe desta máquina que se está a tornar um pouco infernal. Consequência, mais de 58 mensagens de correio, a maior parte simples junk mail. Facto que torna este regresso algo de inglório, impróprio.

Reparo, no zaping habitual aos blogs habituais, que alguns deles permanecem desactualizados, sem um qualquer palavra de justificação. Estou certo que também não merecemos qualquer justificação. Mas irrita-me não ler as linhas daqueles que admiro, com os quais simpatizo pela escrita, pelas ideias.

quinta-feira, outubro 9

.
Tal como promoeti a mim mesmo tenho andado a navegar na lista de blogs. Há de tudo, desde a simples crítica ao comentário mais mordaz. Não tenho é dúvidas que escrevo para mim e, eventualmente, para alguns amigos que por aqui passam nas horas de lazer.

Já não há zaping que resista. Estou certo que daquela lista até final do ano desaparecerão mais de metade. É certo que outros lhe seguirão as pisadas, as pegadas.

Pessoalmente não consigo descortinar entre o que é o trigo e o que pertence ao joio. Está tudo emaranhado, até, e particularmente, as minhas ideias.

De acordo com os meteorolgiastas estamos, tudo indica, a voltar ao deserto.

Onde escrevo, no meu sotão, está mais quente que na rua. Mas entretenho-me a navegar, ler, cuscar e actualizar o meu blog.

Enocntrei há pouco uma lista dos blogs em português, promete dar entretém durante algum tempo.

Sem qualquer tipo de supresa o Abrupto está em primeiro lugar, e estas crónicas do deserto nem lá constam.

terça-feira, outubro 7

De acordo com notícias quer de Espanha quer de Portugal, o TGV, vulgo o combóio de alta velocidade, por opção do governo de Madrid, vai entrar em Portugal pela ligação Badajoz/Elvas e passar por Évora.

Como Alentejano e como eborense congratulo-me por esta opção e agradeço ao governo de Madrid o pontapé no desenvolvimento que esta opção permite, como agradeço o lobbing que os socialistas da Extremadura fizeram por esta medida.

Com esta opção faz-se mais por esta região que todo o um conjunto de iniciativas que este governo possa ter tido ou venha a ter até, na pior das hipóteses, 2010.

E confirmam-se as piores expectativas daqueles que, em 1998, por altura do referendo, recearam o centralismo da Extremadura Espanhola em sobreposição aos pequenos e desavindos interesses regionais portugueses.

Estou certo que irão aparecer carpideiras e profetas da desgraça pela opção não ter sido mais acima ou mais abaixo. Por as opções de paragem contemplarem esta ou aquela cidade em detrimento daquela outra.

Espero, faço votos e procurarei dar o meu contributo para mostrar que estão errados, assim saibam os nossos principais actores políticos locais e regionais promoverem e sustentar o desenvolvimento que esta medida pode induzir.

Caso contrário corremos o sério risco de todo o Alentejo, e não apenas uma parte dele, se tornar dormitório, não de Lisboa, mas de Madrid.

segunda-feira, outubro 6

Na rádio e nos jornais referem que um ministro que não chegou a ser convidado para o ser desmente que tenha sido convidado para substituir Pedro Lince.

Os estudantes dizem que não é este o ministro que está em causa, mas o primeiro. Durão Barroso, bem que procura quem com ele e no meio destas trapalhadas queira trabalhar. Estou certo que irá encontrar, não sei é se será o mais adequado ao cargo e à missão.

Dá-me a ligeira sensação que acontece, nesta altura, após praticamente 2 anos e meio de governação PPD/PSD/CDS/PP o que aconteceu aos governos de António Guterres ao fim de 4, já não age, limita-se a reagir aos acontecimentos.

Teve a pretensão de dominar a onda, está claramente a estender-se na areia da praia. No meio do espraiar há uns que desaparecem, não vá o diabo tecê-las e virar-se contra ele. Caso de PP, Paulo Portas, bem entendido.

Para além dos indefectíveis, como luís salagado, pouco há que comungam deste governo. Mas as sondagens continuam a apontá-los como favoritos. Ou as sondagens estão viciadas, não quero acreditar, ou o povo está todo doido, o que é mais fácil de acreditar, ou estamos distraídos, o que também não deixa de ser plausível.

Cá estamos, sossegadamente à espera dos próximos capítulos. E, já agora, fiquem com estas questões:

Qual o próximo ministro a cair??, aceitam-se apostas, Figueiredo Lopes (já ardeu tudo o que havia para arder, agora vamo-nos afogar), David Justino (tem-se safado com a divisão entre ensino Básico/Secundário e superior para cada lado), Carlos Tavares (afinal o ponto de honra do PSD tem falhado tanto como Roger no Benfica)

Será que António Vitorino vem para secretário geral do PS??

Quem serão os candidatos à presidência da república, António Guterres?, Jaime Gama?, João Cravinho?, João Soares?, Mário Soares? e da direita Cavaco?, Santana Lopes?, Freitas do Amaral?, Marcelo?

Qual a intervenção do governo ou dos partidos que o suportam nas eleições do Benfica??, será determinante o apoio do presidente do SLB para quem quer ser primeiro ministro, o Ferro Rodrigues está em desvantagem, é do Sporting;

Que prendas iremos ter no Natal??, mais impostos, ainda que ecológicos - passou de fininho na comunicação social, quase que sorrateiramente, a ver o que dava, a ver se calhava, será que calhou?; não se paga o subsídio de Natal aos ricos, isto é, aos que ganham mais de mil euros/mês??

Aceitam-se sugestões.

O Público traz hoje a opinião dos portugueses referente ao Papa, que deve de abdicar.

Parece-me um claro sacrilégio, um autêntico sacrifício aquele homem passar pelo que passa. Dois ou três atentados, várias intervenções cirurgicas, depois de muitas voltas ao mundo é hora de descansar. Ou será que ainda tem medo do que possa acontecer à igreja.

Tenho este papa na conta de um homem político, que pregou palavra de Deus, procurou missionar pelo mundo, que enfrentou as opiniões e que pregou no deserto da razão.

Mas chega senhor papa, dê o lugar a outro.

Reparo, no zaping tradicional, que a actualização não é a mais frequente e as discussões tendem a cair na fulanização, num certo confronto pessoal entre elementos desconhecidos.

Difícil de entender, acredito, particularmente para mim, que tenho dificuldades em perceber este espaço como um espaço de discussão.

Volto a dizer a minha opinião, os blogs são espaços livres, obviamente, alimentados pela crítica, opinião e comentário político-social do seu responsável. O refúgio no anonimato é que, no meu entender, não será o caminho mais adequado para defender opiniões, afirmar posições.

O tempo em que era necessário o anonimato na defesa de pensamentos e opiniões, já lá vai, não somos, penso eu, propriamente crianças que nos tenhamos que refugiar num nickname protector de uma identidade fingida.

Assumamos as nossas posições e as nossas ideias com a força da clareza, da transparência e do nosso nome.

Tal não é objectivo, pois bem deixemo-los a pregar no deserto. Há pano para mangas para todos podermos conversar, trocar ideias e opiniões. Há espaço para podermos crescer com a ideia do outro, hája tolerância para a aceitar.

domingo, outubro 5

Escrevi aqui, há alguns dias atrás, que corremos, face aos inúmeros blogs existentes, de ler os nossos e as gordas de alguns outros. Torna-se, face à multiplicidade, variedade e oferta de blogs existentes, manifestamente difícil acompanhar com regularidade apetecível aqueles de quem gostamos, que nos emocionam, criticam ou, simplesmente, merecem a nossa atenção.

Descobri, após um ou outro e-mail, uma ou outra citação que, afinal, somos efectivamente uma blogosfera. Conhecmo-nos, acompanhamo-nos e não passamos assim tão despercebidos quanto gostariamos ou pensamos que aconteceria.

Face a esta constatação uma outra, eventualmente como consequência. O desaparecimento de alguns blogs que, de algum modo, marcaram leitores e esta blogosfera, pela sua capacidade crítica, pela asunção das suas ideias, pelo carácter mordaz da sua escrita.

Desaparecem estou certo que pela incapacidade de manter actualizado o blog. É o que acontece quando deixamos de escrever para nós ou para os amigos, e sentimos que somos vasculhados por desconhecidos. A responsabilidade cresce como cresce a necessidade de manter presente a nossa escrita, a nossa capacidade de escrever o que os outros esperam de nós. A constatação de um outro fenómeno, que somos lidos por quem não sabemos ou não imaginamos e a responsabilidade de manter a nossa presença face a essa procura, leva ao desaparecimento dos primeiros bloguistas.

Fenómeno que não deixa, também, de marcar uma das características desta realidade - blogs e internet - a volatilidade, a rapidez com que aparecemos e nos sumimos. Muitos, como na própria vida, sem história, sem deixar qualquer marca, sem ter plantado uma árvore ou feito um filho. Outros em que apenas mais tarde serão reconhecidos, assumidos pelos seus pares, primeiro, consumidos pelo seu público, depois.

É o jogo da verdade ou consequência, característica deste tempo, desta modernidade, deste meio.

sexta-feira, outubro 3

do nome e do anonimato

Reparei, em face do zaping que faço sobre alguns dos blogs meus preferidos que, na zona de Évora, mas não só, circula uma discussão sobre o anonimato ou a transparência dos blogs.

Aparentamente poderia ser uma discussão vazia, sem sentido, despropositada. Não creio.
Quem conhece, minimamente, a história dos blogs sabe que eles começaram e se afirmaram pelos autores dos textos, pela assunção das ideias e das opiniões que se veiculam desta maneira.

Quando me propuz e dispus a criar o meu próprio blog fi-lo mediante um "cartão" de apresentação. No primeiro momento de escrita, em arquivo, digo quem sou, o que faço, as minhas simpatias e preferências. É, considero, importante para percebermos qual o sentido e a oportunidade da discussão, para a compreensão das ideias e das opiniões daquele que escreve. É importante para podermos replicar, discutir, contradizer ou apenas reafirmar o que está dito/escrito.

Brincar ao toque e foge, no refúgio do anonimato pode ser interessante e criar na cabeça daquele que o promove, um espírito algo vouyer, excitar quem escreve sobre a possibilidade de os outros não saberem quem é mas desconfiarem de quem possa ser. Mas quem escreve, neste ou noutro qualquer lugar, fá-lo para reconhecimento, pessoal, colectivo, social ou em qualquer outra dimensão. Entra-se, deste modo, numa forma de contradição em face de que escrevo sob pseudónimo mas com a pretensão de alguém me reconhecer.

Aqueles que são conhecedores que o digam, mas penso que existe algo Pessoano nesta atitude, que fica, quase de certeza, muito aquém daquilo que Pessoa pensava ou queria com os heterónimos, pseudónimos ou anonimato.

Alguns dos blogs que ganharam destaque e referência nacional são-no porque são associados a uma dada pessoa, com nome, rosto, ideias e posições mais ou menos conhecidas, de acordo com o seu próprio nível de mediatismo.

Reconheço, assim, que prefiro e apenas consulto - em zaping - aqueles que são assinados, cuja paternidade (ou maternidade) é reconhecida e assumida pelos seus criadores.

Os outros deixo-os andar a bolinar pela estratosfera à espera de um momento mais ou menos oportuno, para morrerem.

quarta-feira, outubro 1

Viva a imaginação

De regresso à  temática da escola.
Espero que me critiquem, digam o contrá¡rio ou exactamente o mesmo mas por outras palavras, por outras linhas.
Gosto da escola, gosto de viver a escola, de a sentir, de sentir o seu bater, o seu pulsar de inúmeras gentes.
Desde o meu primeiro momento, desde os meus poucos anos que gosto de viver a escola. Obviamente que não gostei de algumas aulas, que detestei algumas disciplinas, que embirrei com muitos professores, que me senti apaixonado por algumas professoras, que, ainda hoje, prefiro os intervalos. Obviamente que sou gente, que gosto mais de umas coisas que de outras, que nem todos os dias estou com o mesmo estado de espírito, que não vivo o azul do céu da mesma maneira.
Mas tenho um gosto pela escola que tem permanecido estável, quase intacto. Quase porque o tenho aprofundado, pelo estudo das características e particularidades de cada escola, pelas leituras em que redescubro cada idiossincrasia, pela vivência das escolas por onde tenho passado (e já são algumas). Todas têm particularidades, sinais específicos que marcam a sua vivência e determinam um dado sentir.
Mas reconheço na escola de hoje, atenção quando falo da escola falo dos profesores, dos alunos, da comunidade em que está, dos pais, não falo do edifí­cio, a escola, como dizia, corta, serceia a imaginação, o sonho, a livre iniciativa.
Experimentem pedir a um aluno que imagine uma aula. Mais não faz do que copiar, na integra e sem qualquer vareação, aquilo que o professor faz. Debitar matéria, papaguear saberes por outros feito.
Experimentem a perguntar a um aluno se alguém ou ele mesmo reivindica fazer um teste a cores. Onde pulule a imaginação, onde a palavra seja a do sonho e a da vontade de descobrir.
Perguntem se o aluno faz perguntas, perguntem se o professor pergunta o que o aluno sabe, o que o aluno conhece, o que o aluno gosta.
Perguntem se alguma vez tiveram uma aula com dois, três, quatro ou mais professores todos na mesma sala, ao mesmo tempo a falarem da mesma coisa, da escola, por exemplo, do sonho, por exemplo.
Realmente a escola, as aulas hoje são uma seca. São hoje como eu as tive quando por lá andei e já não achava muita piada a algumas delas.
Não somos, ainda não fomos capazes de reinventar a escola, as aulas. Os saberes evoluluiram, mudaram perspectivas e pontos de vista, alteraram-se e apareceram metodologias e didácticas, diversificaram-se os recursos, os meios, as condições... mas as aulas estão na mesma. Estamos, estou (?), a fazer aos outros aquilo que me fizeram a mim, coortar a imaginação, a sercear a capacidade de sonhar, a limitar a capacidade de criar.
Resultado, a escola, as aulas, são espaços fabris por onde, obrigatoriamente e de modo literal, temos de passar.
Reinventar a escola é recriar espaços, é deixar espaço para a imaginação, para a criatividade própria de cada pessoa, é deixar espaço de manobra à curiosidade de cada um de nós, é utilizar o computador como uma ferramente, não como um fim em si. Reinventar as aulas é deixar espaço de intervenção aos alunos para que eles possam discutir o que os preocupa, conhecer, por mera e simples curiosidade, a importância da fí­sica, o gosto pelos números, pela palavra, pelas letras.
É manipular os gostos e sentir que aquele espaço é um espaço de liberdade e de construção das autonomias.