quarta-feira, outubro 1

Viva a imaginação

De regresso à  temática da escola.
Espero que me critiquem, digam o contrá¡rio ou exactamente o mesmo mas por outras palavras, por outras linhas.
Gosto da escola, gosto de viver a escola, de a sentir, de sentir o seu bater, o seu pulsar de inúmeras gentes.
Desde o meu primeiro momento, desde os meus poucos anos que gosto de viver a escola. Obviamente que não gostei de algumas aulas, que detestei algumas disciplinas, que embirrei com muitos professores, que me senti apaixonado por algumas professoras, que, ainda hoje, prefiro os intervalos. Obviamente que sou gente, que gosto mais de umas coisas que de outras, que nem todos os dias estou com o mesmo estado de espírito, que não vivo o azul do céu da mesma maneira.
Mas tenho um gosto pela escola que tem permanecido estável, quase intacto. Quase porque o tenho aprofundado, pelo estudo das características e particularidades de cada escola, pelas leituras em que redescubro cada idiossincrasia, pela vivência das escolas por onde tenho passado (e já são algumas). Todas têm particularidades, sinais específicos que marcam a sua vivência e determinam um dado sentir.
Mas reconheço na escola de hoje, atenção quando falo da escola falo dos profesores, dos alunos, da comunidade em que está, dos pais, não falo do edifí­cio, a escola, como dizia, corta, serceia a imaginação, o sonho, a livre iniciativa.
Experimentem pedir a um aluno que imagine uma aula. Mais não faz do que copiar, na integra e sem qualquer vareação, aquilo que o professor faz. Debitar matéria, papaguear saberes por outros feito.
Experimentem a perguntar a um aluno se alguém ou ele mesmo reivindica fazer um teste a cores. Onde pulule a imaginação, onde a palavra seja a do sonho e a da vontade de descobrir.
Perguntem se o aluno faz perguntas, perguntem se o professor pergunta o que o aluno sabe, o que o aluno conhece, o que o aluno gosta.
Perguntem se alguma vez tiveram uma aula com dois, três, quatro ou mais professores todos na mesma sala, ao mesmo tempo a falarem da mesma coisa, da escola, por exemplo, do sonho, por exemplo.
Realmente a escola, as aulas hoje são uma seca. São hoje como eu as tive quando por lá andei e já não achava muita piada a algumas delas.
Não somos, ainda não fomos capazes de reinventar a escola, as aulas. Os saberes evoluluiram, mudaram perspectivas e pontos de vista, alteraram-se e apareceram metodologias e didácticas, diversificaram-se os recursos, os meios, as condições... mas as aulas estão na mesma. Estamos, estou (?), a fazer aos outros aquilo que me fizeram a mim, coortar a imaginação, a sercear a capacidade de sonhar, a limitar a capacidade de criar.
Resultado, a escola, as aulas, são espaços fabris por onde, obrigatoriamente e de modo literal, temos de passar.
Reinventar a escola é recriar espaços, é deixar espaço para a imaginação, para a criatividade própria de cada pessoa, é deixar espaço de manobra à curiosidade de cada um de nós, é utilizar o computador como uma ferramente, não como um fim em si. Reinventar as aulas é deixar espaço de intervenção aos alunos para que eles possam discutir o que os preocupa, conhecer, por mera e simples curiosidade, a importância da fí­sica, o gosto pelos números, pela palavra, pelas letras.
É manipular os gostos e sentir que aquele espaço é um espaço de liberdade e de construção das autonomias.