terça-feira, julho 11

o sítio

atenção, este tem destinatário(a) directo;
nunca me ausentei, apenas mudei de sítio;
optei por um maior intimismo, por um lado, como procurei transcrever as vicissitudes de um projecto de vida, por outro;
os contextos moldam-me e definem-me;
mas nunca me ausentei; e menos ainda da tua escrita;

quinta-feira, julho 6

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depois de tanto tempo, deixo apenas um traço, fininho, da presença ___________________

quarta-feira, novembro 30

desadequação

Entre sábado e ontem, 3ª feira, marquei encontro em duas iniciativas organizadas na cidade de Évora que me merecem dois comentários.
Por um lado, o fervilhar de pequenos acontecimentos, pequenos factos que mobilizam gentes e mexem com um conjunto ainda significativo de pessoas. Sábado tive oportunidade de ver um conjunto de jovens, oriundo do grupo de teatro da escola secundária Gabriel Pereira, que, ao contrário do que se pensa e do que alguns dizem, mostram garras [os espanhois diriam ganas] de fazer coisas, de ocupar produtiva e culturalmente o seu tempo.
Gostei de os ver.
Ontem num seminário, organizado pela associação de jovens professores do alentejo que mostrou dinâmicas, vontade de mostrar trabalho e onde dois dos conferencistas, da extremadura espanhola, mostraram o que é fazer política, o que é procurar alternativas dentro das contrariedades, o que é procurar fazer um trabalho sério, sustentado e coerente. Gostei mesmo de ali ter estado.
Contudo ambas as situações foram atravessadas por uma certa, por vezes evidente, desadequação entre quem apresentava e quem ouvia.
Foi evidente esta desadequação, certo que as responsabilidades não poderão ser atribuídas a uns ou a outros. Será certamente um trabalho de organização procurar adequar os públicos à conversa, ou vice-versa. Todos ganhariamos.

segunda-feira, novembro 28

cruzamentos

Cruzo aqui dois apontamentos de ideias. Por um lado, o comentário que uma mãe, a Lurdes, deixou na minha anterior entrada. Por outro as barbaridades que se dizem sobre educação e veiculadas numa rádio local. Felizmente que neste caso não é acessível a todos o enxurrilho de palavrões que foram ditos sobre a escola e sobre a educação, com a agravante de alguns elementos se afirmarem conhecedores do que diziam.
Neste cruzamento uma referência assente numa constatação, nos últimos 30 anos tudo tem mudado, fruto da democracia e dos ventos europeus, tudo tem mudado, a organização do tempo e do trabalho, as acessibilidades (físicas ou imateriais, de circulação ou de comunicação), as concepções de nós e dos outros, os receios e as desventuras, etc.
Mesmo a escola tem mudado e muito - cresceu, massificou-se, revelou outras realidades, solicitou outros intervenientes, exigiu outras dimensões.
Mas entre a mudança de um e de outro sector a escola permanece quase que imutável na sua organização, assente ainda na concepção de ensinar a muitos como se de um só se tratasse.
É esta contradição (será paradoxo) da transformação da escola nas suas diferentes dimensões e a sua permanência organizacional que leva a mútiplas considerações sobre o seu papel, o seu protagonismo, a sua crise - à qual contraponho a ideia de perda de legitimidade.
É esta sensação e é esta evidência de perda de legitimidade que leva à constação das diferenças com outras realidades escolares e educativas, como é esta perda de legitimidade que leva muitos a dizerem barbaridades como aquelas que foram ditas em rádio local. Felizmente a rádio é local e não saem deste pequeno espaço as vergonhosas destidas sobre a escola e a educação.

quinta-feira, novembro 24

elites

Um amigo comentava, em regime off line, o meu texto anterior, referente à entrevista do prof. Jorge Araújo, com uma referência que considero de todo em todo pertinente, adequada e controversa.
Diz ele que a falta de elites nacionais, que, digo eu, por um lado ofuscada pelo brilhantismo verborativo de alguns fazedores de opinião, e pela clara incapacidade de alguns sectores político sociais penetrarem as retóricas mediáticas, tem sido um dos obstáculos ao desenvolvimento do país em geral, e da universidade portuguesa em particular.
Também eu digo que, por um lado terá razão. Há estudos suficentes sobre o papel das elites (sociais, intelectuais, culturais) no desenvolvimento do país e neste contexto não se justifica o carácter marcadamente opinativo deste meu apontamento;
Por outro os seus próprios argumentos enfermam de uma visão ainda restritiva da participação, da cidadania, da capacidade de alguns, poucos mas bons, puxarem pela nação, serem o farol os restantes.
Ora o que se assistiu recentemente em França é exactamente a afirmação que a defesa das ideias é de todos e todos procuram o seu espaço de afirmação, seja de ideias, seja político, seja pessoal.

do sol

Esta entrevista, do prof. Jorge Araújo como candidato à reitoria da UÉvora, é elucidativa de diferentes situações.
Tendo a clara consciência que é um discurso dirigido ao seu eleitorado, portanto predominantemente para consumo interno, não deixa de ser elucidativa do nível de desfazamento a que os senhores da universidade já chegaram.
Mantém-se o espírito iluminista de uma concepção solar da universidade. Dali irradia o saber, o conhecimento e a inteligência para aqueles que ainda vivem nas trevas, na escuridão, na opacidade da ignorância.
Como se todo o restante mundo, os outros espaços não fossem também eles espaços de aprendizagem e formação. Como se esse fosse exclusivo da universidade.
Não é e a manutenção desta concepção é claramente um dos factores de decrepititude do ensino superior;
Independemente da aparentemente assumida valorização do aluno (espera-se que do proceso de trabalho e ensino) é também algo evidente o desnorte que a universidade portuguesa se encontra relativamente a Bolonha. Faltam ideias, faltam sentidos, falta uma concepção de qual o novo papel e o outro protagonismo que a academia deverá assumir.
E esta universidade que em tempos foi reconhecida e assumida como uma escola agrária e, depois, com uma forte componente pedagógica (para o bom e para o mau, mas com um caminho e uma ideia relativamente clara do seu papel na região) encontra-se hoje numa aparenre encruzilhada de indefinições, onde os processos de investigação são desgarrados, onde não se percebe qual o foco/focalização dos processos nem de conteúdos/resultados, onde os departamentos estão umbilicalizados, ilhas onde a procura do sustento [competição, rivalidades] se sobrepoêm a um sentido do trabalho desenvolvido e do papel da universidade nesta região, que continua carente de formação, do aprofundamento de competências e conhecimentos.
pelo que me é dado observar ainda não será desta que a Universidade de Évora, elemento fundamental de afirmação regional, se desenvencilhará das teias que ela própria teceu.

gelo

Quando abri a porta de casa, esta manhã, não tinha ainda percebido o frio que estava. Quando entrei no carro e ligo o limpa-parabrisas, não tinha percebido que estava apenas congelado, cheio de gelo.
É a primeira vez este ano que me apercebo da descida das temperaturas.
O inverno instala-se, de mansinho, lentamente, obrigando aos aconchegos da lareira e aos prazeres das companhias familiares.

estatística

As sondagens disponibilizadas sobre as eleições presidenciais (as da antena 1 e as da TSF) são a prova provada que as sondagens valem o que valem, se é que valem.
Mas, pelo menos, têm o expressivo valor de permitirem perceber a construção que sobre elas e com elas se pode fazer do mesmo cenário e dos mesmos protagonistas.

quarta-feira, novembro 23

ao de leve

Não quero escrever sobre educação, mas em face da troca de argumentos faltosos entre o Bloco e Valter Lemos três apontamentos;
Até parece que as faltas de um justificam, legitimam o absentismo de outros. É óbvio que não e é óbvio que é incorrecta a argumentação;
Quase certo que há boa maneira americana de futuro para cargos políticos só santos, com asinhas e, se possível, auréola. É óbvio que é idiota, é óbvio que é demagógico.
Finalmente, trocam-se argumentos que mais não são que elementos colaterais numa discussão política onde escasseiam argumentos e sobra pobreza de atitudes, na tentativa de desviar o foco da questão, a construção local da escola e da educação e, nessa, qual o papel dos diferentes actores sociais (professores, pais, alunos, sindicatos, ministério, autarquia).

Ota

Foram ontem apresentados os estudos sobre a opção da Ota para a construção de um novo aeroporto. Não entro em pormenores técnicos nem na discussão se é necessário ou oportuno em face dos constrangimentos orçamentais - entre argumentos válidos e demagogia pura quase tudo parece valer.
Mas não deixo de opinar sobre dois aspectos que considero impertinentes.
Mantemos, para o bom e para o mau, a portuguesa tradição de primeiro dizer que não, de contrariar, de nos opormos, para depois, talvez, pensarmos que deveria ter sido sempre assim. Enmfim, será normal.
Defender o aeroporto de Lisboa onde ele presentemente está em virtude da vantagem comparativa de ter aviões a aterrar na segunda circular só é argumento nacional e só é argumento até ao momento em que um deles fique em cima de carros e casas. Aí certamente se defenderá que há muito se devia ter mudado a sua localização.
Portuguesises. Da qual faço parte.

contrastes

Provavelmente terá passado apenas pela simple curiosidade a contracapa da passada 2ª feira do jornal público. Entre a discussão do fim-de-semana sobre o comboio de alta velocidade, um dos temas da cimeira ibérica de Évora, o contraste com uma velha e poluente locomotiva que se arrasta entre Casa Branca e Évora na ligação diária de Lisboa Évora e vice versa.
É o contraste ainda não ultrapssado de um Portugal a diferentes tempos, a ritmos dessincronizados, a velocidades muito diferentes. É difícil compaginar muitas das ideias europeias, tecnologicamente correctas, com imagens que recordam outros tempos, a pacatez do passar dos dias, a saudade do futuro.
É neste dilema, entre o passado e o futuro, entre um e outro dos tempos, numa prega do tempo que nos encontramos, sem saber, ou sem perceber para onde nos virarmos, para onde podemos ou devemos ir.
Será que vamos a tempo de perceber?

quinta-feira, novembro 17

amizades

Podia - talvez devesse - responder em privado, guardar, como se fosse apenas para mim, uma amizade que fiz por estas bandas, as da blogosfera.
Mas não a quero guardar, quero dar conta dela e dizer, uma e outra vez, obrigado.
O Miguel incentiva-me, acredita em possibilidades que ue não sei se terei, em condições que, por vezes, eu próprio não descubro.
Não é apenas simpático, simpático é o outro. É mais que isso. Eu sei, reconheço e agradeço.
Obrigado Miguel.

manias

entretenho-me a ler uma revista. Passoas folhas devagar, uma atrás da outra, leio primeiro as gordas, faço uma rápida passagem de olhos pelo corpo da notícia.
No meio da leitura, do olhar as letras da revista, alguém me pergunta se leio a revista ao contrário.
É verdade, é uma mania minha feita de um hábito que eu já vi no meu pai, o de começar a leitura de uma revista, de um jornal, do fim para o princípio. Como se procurássemos trocar a importância das notícias, as voltas aos editores.
Manias.

quarta-feira, novembro 16

um desabafo

para que mais tarde possa ler e perceber (ou procurar perceber).
Regresso aos livros com um entusiasmo próprio de quem quer construir um objecto de estudo e desenhar um objectivo de investigação.
Condicionado pelas palavras sérias e ponderadas, frias e crueis de um orientador implacável mas correcto, (como é possível conjugar todas estas diferenças??), consigo perceber que escrevo melhor quando pressionado, que consigo organizar o trabalho quando me é imposto um contrato.
Como fico surpreendido (e assustado) pela tarefa e me questiono, serei capaz?, estarei eu ao alcance deste projecto? terei eu unhas para esta viola?
Estou na fase da descoberta, da contemplação, da admiração, entre o assustado e a vontade temerária de me fazer à fera e procurar provar, uma e outra vez mais, que serei capaz.
Serei mesmo??

regionalismos

em amena cavaqueira de almoço trocaram-se ideias sobre a regionalização.
Um (dois) traço em comum nos conversantes, serem socialistas e alentejanos.
Um traço também comum, a divergência de pontos de vistas, a dificuldade de consensualizar uma ideia, ainda que genérica, sobre o que é isto de regiões e qual o papel (será protagonismo?) que a actual divisão administrativa (distrital) consignaria num contexto regional.
Um outro traço comum, a assumida diferença entre os elementos eborenses (assumidamente todos regionalistas convictos, ou convencidos) e os elementos oriundos de Portalegre (disponíveis mas relutantes) e os de Beja (só com dois alentejos).
Em que ficamos. Provavelmente na mesma [como a lesma].

cópias

Não resisto em transcrever uma das palavras que o Ademar mais gosta. Não por ser alentejano e também, ainda, gostar de dormir. O prazer que senti nesta frase é mais sobre o que transparece, a relação entre o sono e a morte, um estar ausente (sem ser uma tautologia), um perfeito enlevo

DORMIR - É um verbo que acumula a sabedoria do tempo. As crianças e os adolescentes detestam-no. Os jovens aprendem, pouco a pouco, a conjugá-lo. Os adultos prestam-lhe tributo. É quando começamos a desaprender de DORMIR que regressamos à infância e começamos a preparar, interiormente, o "rendez-vous" com a morte. Há verbos que fazem parte de nós e nos desvendam o destino...

quinta-feira, novembro 10

ausências

tenho-me sentido (e estado) ausente deste espaço. Essencialmente por dois motivos.
Mantenho-me sem acesso caseiro à net e escrevo em múltiplos sítios e por múltiplas razões. Como resultado sobra pouco para este espaço.
Não regressei a uma escrita individual e intimista e isolada. Será mais uma aposta na escríta reflexiva sobre o meu quotidiano, as acções e projectos por onde me movo, sejam eles pessoais, profissionais ou políticos.
Para acrescentar mais banalidades deixo-me estar ausente.

terça-feira, outubro 25

entre leituras

no meio de leituras dispersas com que me entretenho dou por mim na encruzilhada do contraditório.
Por um lado, perante a assumida manifestação da desterritorialização, da desmaterialização, da volatilidade, de tudo, até do pensamento, até e particularmente do conhecimento e da informação.
Mas, por outro lado, nunca tanto se ouviu falar da territorialização, da construção local de políticas, das contextualização de situações.
Onde conduzirá esta encruzilhada? estaremos nós dispostos a percorrer o seu desconhecimento.

quarta-feira, outubro 19

valentão

Esta é, queira-se ou não, perceba-se-lhe o que está subjacente, ou não, é claramente valente.
O problema é que não deixa de ter razão, não deixa de ser verdade.

mudanças

é hoje banal e corrente a afirmação que a única constante é a mudança.
Mas quando confrontado com ela, com os seus efeitos, não posso deixar de, pelo menos e no mínimo, estranhar.
Foi o que me aconteceu ontem quando, em zapping pela blogosfera, percebi a profunda alteração que muitos blogues sofreram, seja pelo desaparecimento, seja pela anomia, seja pelo que for.
Há blogues que marcaram a minha existência neste próprio espaço, uns locais, outros regionais a sua maior parte nacionais.
O blogues tornaram-se-me fundamentais, pois é a partir deles que se podem perspectivar outros olhares, sentir outras emoções, perceber outras razões, afinal afirmar identidades individuais e não massificadas, uniformizadas, homogeneizadas.
Apesar de alguns deles confundirem opinião com difamação, espaço opinativo com pressunção não deixam, em muitos dos casos, de ser elementos de referência, nem que seja nisso e para isso mesmo, perceber onde começa (ou onde acaba) a insinuação difamatória e intrusiva.
Quando cessam actividade, quando suspendem a escrita fica-me a faltar algo.
Tal com um amigo teve a oportunidade de me escrever quando suspendi a escrita, sou um animal de hábitos, tenho os mesmos procedimentos há muito tempo, percorro os mesmos gestos, assumo os mesmos gostos e procedimentos, quando algo ou alguém me interrompe a corrente, que digo natural, de um rio quotidiano fico aborrecido, é claro que fico aborrecido.
Mas percebo que o rio chega sempre a uma foz e, em algumas vezes, as águas comem as margens e acabam por levar à frente, pela frente, o que seria suposto alimentar.
afinal e simplesmente, são os tempos.

terça-feira, outubro 18

perguntas

.... perguntas de algibeira?
talvez não, pela multiplicidade de olhares e perspectivas, a opção por um é - quase - sempre redutora mas simultaneamente curiosa.
tenho saudades da escola, essencialmente tenho saudades da problematização que a escola coloca.

pingas

ontem, quando cheguei a casa, não caiam pingas, chovia desalmadamente.
tinha um cão solto que se pavoneava pela chuva. Apanhei uma molha monumental para o prender novamente e o obrigar a proteger-se da chuva.
depois de mudar de roupa, sentei-me frente à janela. À minha frente o horizonte, de onde se percebia a quantidade de água que caia e os pequenos pontos que marcam a paissagem.
Descansei nela o olhar e quase que senti vontade de voltar à lida do quotidiano, restabelecido que me senti.
adorei a chuva, ve-la cair do infinito directamente para a terra que olhava.

uns

... e outros.
entre eles todos nós, imagens, sentimentos, palavras e escritas que se atravessam entre nós.
há muito tempo que não dizia que gosto de olhar as imagens da sofia, de lhe ver as fotografias, aqueles pequenos apontamentos que procuram desvelar uma imagem enquanto apenas revelam uma sua pequena parte.
tal como nós nos escondemos nas palavras que descobrimos, ela se revela nas fotografias que oculta.
tudos isto a (des)propósito do conjunto de imagens que nos disponibiliza.
entre ela e um quotidiano, a ocultação da vida na descoberta dos pormenores.
gosto mesmo de por ali passar.

segunda-feira, outubro 17

política

O PS tem, desde há muito, a particularidade de quase todos os nomes apontados, independentemente do para onde, se discutirem na praça pública, fazendo e dando origens a toda a espécie de vaticinios, balanços antecipados e perspectivas futuras.
A grande surpresa que rodou em torno de não se conhecerem os nomes apontados para o governo de Sócrates, isto ainda em Março passado, foi um claro sinal deste estar, deste hábitus socialista.
Perspectivando-se uma contenda entre socialistas na afirmação de uma candidatura presidencial eles aí estão, na praça pública, aberta e disponível a todas as considerações.
Pena é que nos lugares certos a maioria se cale e consinta tudo o que é apresentado.
Sou a favor da participação, da transparência, do debate e da troca de ideias, mas quando se decide, para que se decida. Depois de decidido está decidido e o caminho é comum.
ou não é.

aventuras

O Luís dá início a um romance on-line, configurando o seu desenlace em função do seu próprio tempo de duração, como se existisse um final, um delta, marcado e inevitável, numa estória feita do e pelo tempo.
por mim, a acompanhar, imperdivelmente, nem que seja para perceber se a configuração do suporte suporta a configuração de uma narrativa.

cenas

... do meu quotidiano.
desde que faço o percurso da aldeia para a cidade que encontro todos os dias, faça sol ou caia chuva, uma senhora que passeia o seu cão.
Carro de matrícula alemã parado na berma da estrada, senhora invariavelmente de fato de treino, passeia pela trela o seu boxer castanho malhado, lado a lado pelas estradas dos suburbios da cidade.
Estou certo que serão por estas atitudes que se constroem os esteriótipos de rigor, método e exigência germâmicos.

descanso

depois de um fim-de-semana perfeitamente alucinante e pouco esperado por todos, estou quase certo, é tempo de regressar ao descanso.
Convenhamos que a vitória do Benfica, o desespero do FCP e o fado coimbrão do sporting, me esgotaram.
A mim e a alguns milhões mais.

sexta-feira, outubro 14

política

mas que política.
por vezes fico com a sensação que há alguns enganos, ou enganados, ou porventura que eu próprio estarei, mais que todos os outros, equivocado.
equivocos políticos e sobre política.
Afinal o que é isto, em que consiste. Quase todos dizem que não têm partido, mas defendem um política, como há os políticos que não têm partido, mas defendem uma posição, invariavelmente, a sua.
Na sequência das eleições autárquicas, algumas nuvens se dissipam, outras se formam.
Que equilíbrios procuramos nós? que outros ajustamentos são necessários para que a cidade cresça, a região se afirme e o país avance.
que tertúlias são necesárias para perceber que sentido leva isto, ou este sentido não tem sentido.
um texto à avessas, que me custa a perceber no meio de uma linguagem que tudo mostra e nada revela, que descobre enquanto oculta.

mário simões

uma posta com nome próprio, pois claro - ele merece e mais merece que o leiam.
Na passada 4ª feira tive o privilégio de assistir ao lançamento do livro do mário simões - sempre... há histórias para contar.
como tive o privilégio de assistir ao divagar de ideias, à palavra solta na procura de abrigo. Coisas simples, como ele diz e escreve, daquelas que com parcimoniosa vontade, nos descobre a nós nos outros, entre pontas e extremos.
Valeu a pena. Vale a pena. É chato, mas é um chato porreiro. Eu, pelo que me toca, gosto de trocar ideias com ele.
Obrigado.

desburocratização

E ainda dizem que a burocracia portuguesa é terrífica.
Desculpem-me lá, mas nota-se o processo de desburocratização, senão o que dizer do curto espaço que mediou entra as eleições, no passado domingo, e a tomada de posse, hoje, 6ª feira.
Se isto não é desburocratização, então o que é?

terça-feira, outubro 11

problemas

há já algum tempo que não sentia dificuldades na utiliação desta plataforma. Nos últimos tempos tem sido limpinho, apesar das dificuldades de acesso, mas sem impedimentos ou constrangimentos na colocação de post.
hoje, pelo contrário, voltei às antigas dificuldades. serão persistentes ou decorrerão da chuva.

outono

finalmente chegou a minha estação do ano, aquela com que em espírito mais me identifico. Nasci numa manhã de Outono, de acordo com os meus pais soprava uma brisa matinal fresca que fazia sentir a estação do ano. O sol despertava entre as nuvens, de modo tímido, como que trapiscando o olho a um dia que hesitava entre o sol e a penumbra.
Tudo isto para dizer que, depois de longa ausência, a chuva chegou (como se não tivessemos dado por isso), inundou ruas e campos, transtorna a vida nas cidades e incomóda quem se desloca de um lado para o outro.
Afinal, de tanta falta que nos fazia - não chovia realmente desde Novembro do ano passado - ficamos já fartos de tanta água.

segunda-feira, outubro 10

erros

ontem, durante o acompanhamento da emissão televisiva foi evidente a construção de objectos eleitorais quando, perante 308 concelhos, para além dos destaques naturais (Lisboa, Porto, Coimbra, Faro) e se construiram outros sem sentido e apenas por meros erros colaterais, caso de Felgueiras, Oeiras ou Gondomar.
Quem, chegado de outra galáxia, se pusesse a ver televisão certamente pensaria que o país é todo igual. E não é.

o dia seguinte

O dia seguinte ao das eleições, onde o PS sentiu o efeito de rostos pouco apelativos (Oeiras, p.e.), equipas chochas (Lisboa e Porto), erros de casting entre outros (Porto).
Estes resultados, que não podem servir para uma adequada avaliação nacional, pois existiram 308 propostas diferentes, deverão servir para aferir de protagonistas e de projectos, de propostas e de ideias.
Os próximos tempos por Évora não se afiguram fáceis certos de senão uma coligação PSD/PC, pelo menos algumas cumplicidades de que já deram mostras noutros lugares e noutros períodos.
ao nível distrital também um ajustamento periclitante, expectante para observar para onde se inclinará Redondo;
afinal, repescando velhas ideias, quando mais a luta aquece...

sexta-feira, outubro 7

ao lado

pode ser por alguma distracção da minha parte mas penso, pelo que me é dado ver, que a campanha autárquica terá passado algo ao lado da blogosfera eborense.
Excepção feita às vozes oficiais (no largo das alterações ou no mais Évora digam lá que não rima com o fazer mais por Évora) pouco mais há a registar.
Ideias sobre a cidade, hipóteses, desejos, sonhos, possíveis nada foi dito, tudo deixado nas mãos dos partidos e de uma campanha oficial que pouco mexeu com Évora e com as pessoas.
Afinal, e em tempo de vindimas, muita parra, pouca uva que é como quem diz, muitas promessas de tudo escrever e nada dizer.

em aberto

Quem ouve as primeiras notícias do dia, lê os títulos de jornais nas bancas facilmente percebe que está muito em aberto em antevésperas de eleições.
Pela proximidade de adversários nas sondagens, pela troca e baldroca de posições e de resultados, pelas expectativas. Mesmo nas ruas há quem dúvide, hesite diga uma coisa e pense outra.
Periodicamente se diz que estas eleições são diferentes das anteriores. E são. Como no futebol [peço desculpa da metáfora] não há dois jogos iguais, dois momentos que se repitam, que sejam um continuidade de outro.
Nestas eleições joga-se com expectativas, políticas e pessoais, com sentimentos, de impunidade e de leviandade, com ideias, ou com falta delas, com críticas fulanizadas ou assentes em ideologia.
Reconheço que estou curioso com o desenlace final, com o arranjo e as leituras dos resultados, com os ajuntamentos (de apoio e de acusação) que perspectivo se irão formar.
Talvez apenas e somente talvez seja este um dos momentos mais claros da democracia portuguesa em que não se joga predominantemente com o passdo e se lançam, maioritariamente, os dados para o futuro.
Será?

quinta-feira, outubro 6

oportunistas

não, não se trata de falar [escrever, no caso] sobre oportunistas ou oportunismos eleitorais.
Trata-se mais do caso de aparecer, sem serem convidados nem terem rigorosamente nada a ver com este blogue um conjunto de comentários que, estou certo, apenas se aproveitam das entradas, aleatórias e indiscriminadas, para se emiscuirem e deixarem o seu quinhão de publicidade, de rasto.
Ora pois percebo agora o por quê se existirem blogues que, nos seus comentários, disponibilizam uma palavra para registo. Pelo menos impede-se a inclusão de comentários despropositados e automáticos.
dada a afluência é o que vai passar a acontecer [espero] com este. Evitam-se oportunismos interseiros.

dos vizinhos

Sempre morei, durante 30 anos, na rua de Aviz, desta cidade de Évora. Um menino da cidade, como sempre me disse a esposa, oriunda dos novos bairros que, com o desenvolvimento e o crescimento urbano, se formaram em torno das muralhas.
Soube há pouco tempo que, visando estas eleições autárquicas, se formou um grupo de cidadãos denominados vizinhos de s. mamede.
objectivo melhorar as relações de vizinhança.
Engraçado, os principais protagonistas são um conjunto de pessoas que se zangaram com partidos, com políticas e, eventualmente, com políticos.
Engraçado escolherem essa mesma forma para protagonizarem este movimento que, dizem, cívico.
Engraçado será perspectivar o crescimento deste tipo de movimentos e como se conseguirão afirmar perante partidos e políticas ditas tradicionais. Será que se conseguirão afirmar, será que serão engolidos, será que serão alternativas cívicas? ou será que serão partidos sem partido nem ideologias? será que não passarão de movimentos de associativismo político, de cariz reivindicativo ou de descontentamento pessoal?
A ver vamos.

da democracia

De quando em vez fico algo entre o espantado e o incrédulo. Hoje de manhã foi um desses momentos, quando alguém me atira com a possibilidade desta democracia virar, por desleixo e descomprometimento dos democratas, ditadura.
por falta de comprometdimento, por falta de arrojo dos democratas, por falta de substituição de ideias e de lógicas políticas que, passados 31 anos da restauração da democracia, persistem em ser cozinhadas aqui e ali, por este e por aquele, eternos amigos e velhos conhecidos. Sempre os mesmos independentemente dos partidos.
Será isto verdade? Será isto possível?
não quero acreditar. Foi o que respondi e é aquilo em que acredito. A democracia somos nós, fazemos dela aquilo que quisermos, inclusivamente restaurar ditaduras com floreados democráticos. Será isto possível.?

cenas do meu quotidiano

Ontem, apesar do tempo quente, apeteceu-me uma açorda, destas bem alentejana, recheada e acompanhada.
Almoço de família, onde se juntam pais e sogros, filhos e filhas. Decide-se pela açorda. À rica diz o meu pai, por que acompanhada com sardinha asada, uvas, bacalhau, ovo e coisas que típicas.
Fica a meu cargo o ajuntamento e acompanhar a fervura. Chegada a hora, a esposa manda-me juntar as coisas numa travessa para levar à mesa. Assim fiz. Panela vazia, água quente, a fumegar, seria para a açorda, como mandam as regras.
Qual quê. Sem pensar, se saber o que fazia pego na panela e despejo a água pelo cano. Arrumo a panela na loiça suja e vou para a mesa todo lampeiro com o claro apetite da açorda.
É então que surge a bronca. O que fizeste à água do bacalhau? Fiquei lívido, estarrecido, incapaz de dizer fosse o que fosse. Descobri então que tinha feito asneira da grossa ao despejar a água pelo cano.
Lá peguei novamente na panela, a enchi de água e lhe voltei a colocar dentro o bacalhau, atirei-lhe com sal e a pus, uma vez mais, ao lume para abrir fervura.
Entretanto todos, a família inteira, de um e de outro lado, olhavam para mim, admirados qual cara de espanto.
Mas soube bem.

terça-feira, outubro 4

pontos de vista

ou outros olhares;
por muito que possamos pensar que as coisas sempre foram assim ou assado, desta ou daquela maneira, não foram nem são.
tudo depende de criações humanas, de valorizações que alguém concebeu, de destaques dados ou construídos, de opiniões que se afirmaram, de posições que se fizeram valer;
querem perceber o que digo?
façam um zapping pelas notícias da campanha eleitoral autárquica nos telejornais das diferentes televisões e perceberão o que digo.
parece que falam de países diferentes, que as cidades são outras que não aquelas, que os candidatos são outros que não aqueles;
caminhamos a passos largos para uma telecracia.

da escola

Durante quase mais de um ano escrevi ininterruptamente coisas e de modo exclusivo sobre a escola - professores, alunos, comunidades, ideias e opiniões.
Deixei de escrever fará sábado 3 meses. Ainda tenho uma afluência diária de cerca de 30 pessoas como todos os dias me questionam sobre o regresso.
sendo hoje dia do professor, uma profissão que abracei e que adoro, escrevo que tenho saudades de escrever sobre a escola, logo agora que me surgem mais oportunidades de a pensar, de a procurar compreender e sobre ela trabalhar.
que o dia do professor sirva para pensar e valorizar a profissão e, essencialmente, aqueles que a exercem com gosto, prazer e orgulho [e há muitos].

da igrejinha

ainda não tive oportunidade (entenda-se acesso) para dar conta de um blogue da aldeia onde resido: http://igrejinha.blogspot.com;
são as pequenas comunidades que, por intermédio dos seus residentes e das suas gentes, saiem do pequeno espaço a que se confinam e entram na blogosfera. Ganham uma outra dimensão, um outro protagonismo, um outro destaque (mesmo que possam daí sobressair algums atritos, algumas agruras).
O mundo é cada vez mais pequeno e nós persistimos em dizer que não.

segunda-feira, outubro 3

confiança

esta peça, de um dos melhores sítios sobre educação na blogosfera, traz à liça um conjunto de ideias que são determinantes não apenas para a educação mas, no meu entender de modo mais abrangente, para a relação administração (pública e central) cidadão (individual ou colectivamente considerado).
neste conjunto de pré-requísitos acrescento alguns:
- transparência, confiança, responsabilização, flexibilidade e, para não ser exaustivo, democraticidade (nomeadamente por intermédio da participação, da discussão, na consideração que maioria não implica dominío da verdade, certeza absoluta);
São alguns dos aspectos que, em meu entender, têm estado claramente arredados da nossa administração pública (e a escola faz parte desta lógica);
por isso peço a um governo de esquerda uma coisa fundamental e básica na construção de novos sentidos e de novas naturalizações, confiança. Confiança nas pessoas.

loooooonga

a semana.
Esta que nos irá conduzir às eleições autárquicas. Não serão substancialmente diferentes de outras, eventualmente mais determinantes na construção do poder local, aquele que mais próximo está de todos nós.
Mas são cruciais por que mostram as pequenas alterações de que se reveste o país na transição de séculos, na construção de novos percursos.
desde as lógicas de inauguração e de folheado, nas quais poucos acreditam e pouco contribuirão para a conquista de votos, até aos debates vazios de sentido e carentes de ideias, de uma ideia de cidade, de qual o seu papel no contexto regional, na construção de equilíbrios entre polos de poder e centros de decisão são sinais evidentes e, em alguns casos, pertinentes que o povo, esta massa de gente disponível sempre que há eleições, não dorme, nem é, como muitos o querem ver, parvo.
agora que esta semana irá ser loooonga, disso não tenho dúvidas.

sexta-feira, setembro 30

Hoje é a minha vez de surripiar uma citação de uma colega de lides;

É mais importante fazer as coisas que devem ser feitas do que fazer as coisas como devem ser feitas. P. Drucker.

esta citação leva-me a pensar em duas situações.
Por um lado na afirmação de Sócrates, ontem no comício de M. M. Carrilho, que os portugueses não não deram a maioria ao PS para que tudo continuasse na mesma. Há alguém que discorde?
Por outro lado, estou certo que P. Drucker concordaria com a afirmação que há muito de arte e de muita capacidade em transformar os problemas e as dificuldades em oportunidades. E esta é uma execelente oportunidade para mudar, não direi tudo, nem direi muitas coisas, mas algumas. Readequando objectivos, redefinindo estruturas, redesenhando modelos, recriando outras naturalizações.
Está-se à espera de quê???

cenário

sei que o combate eleitoral quer na cidade de Évora, quer de um modo geral no distrito e na região, não é nem será fácil. Vão-se disputar votos, um a um, num combate por vezes desequilibrado.
mas, para além dos resultados, para além das expectativas, vou para além deste modo e deste tempo e pergunto se estamos preparados para o dia 10 de Outubro, para o day after.
que cenários terão sido pensados, que equações terão sido desenhadas, que protagonistas terão sido ensaiados, que ideias estarão preparadas?
estou certo que se irão dar outros arranjos, se irão definir outros equilíbrios. Como, em que moldes?
há apenas que aguardar?!

soluções

não gosto de escrever, por estas bandas, aos soluços.
fico sempre com a sensação, com a impressão que fica sempre algo por dizer, que há mais coisas para escrever, que há outros pontos de vista.
os soluços encolhem-me as oportunidades e desviam atenções.

sábado, setembro 24

da política

No entretém das leituras, passa-me pelas mãos, A transformação da política de Daniel Innerarity, (2005), duas afirmações que se adequam ao contexto português, não só, é certo, mas com clara pertinência no panorama nacional;

"em tempos de incerteza, é compreensível que a possibilidade de não fazer nada se apresente como a melhor solução" (p. 42) e

"a política é a arte de fazer o melhor possível nas condições dadas" (p. 48).

tiros

A confirmar-se a notícia que Manuel Alegre pode ser candidato presidencial (o que não me desgostaria) leva-me a pensar que história se escreve sempre sem que as pessoas a levem em consideração. Isto é, não será que se correrá o sério risco de se repetir em Portugal, no contexto das eleições presidenciais, aquilo que já antes aconteceu em França, quer também em contexto presidencial em que L. Jospin se viu relegado para o limbo político e as opções foram entre a direita e a extrema direita ou, mais recentemente e também em França, com o referendo ao tratado constitucional europeu?
Perante a pluralidade de candidatos e perante o forte carácter ideológico que as eleições presidenciais estão a adquirir, será que Cavaco não sorri perante todo o cenário que se desenrola à sua frente?
E se Cavaco, agora, dissesse que não, que não era candidato?