quinta-feira, novembro 24

do sol

Esta entrevista, do prof. Jorge Araújo como candidato à reitoria da UÉvora, é elucidativa de diferentes situações.
Tendo a clara consciência que é um discurso dirigido ao seu eleitorado, portanto predominantemente para consumo interno, não deixa de ser elucidativa do nível de desfazamento a que os senhores da universidade já chegaram.
Mantém-se o espírito iluminista de uma concepção solar da universidade. Dali irradia o saber, o conhecimento e a inteligência para aqueles que ainda vivem nas trevas, na escuridão, na opacidade da ignorância.
Como se todo o restante mundo, os outros espaços não fossem também eles espaços de aprendizagem e formação. Como se esse fosse exclusivo da universidade.
Não é e a manutenção desta concepção é claramente um dos factores de decrepititude do ensino superior;
Independemente da aparentemente assumida valorização do aluno (espera-se que do proceso de trabalho e ensino) é também algo evidente o desnorte que a universidade portuguesa se encontra relativamente a Bolonha. Faltam ideias, faltam sentidos, falta uma concepção de qual o novo papel e o outro protagonismo que a academia deverá assumir.
E esta universidade que em tempos foi reconhecida e assumida como uma escola agrária e, depois, com uma forte componente pedagógica (para o bom e para o mau, mas com um caminho e uma ideia relativamente clara do seu papel na região) encontra-se hoje numa aparenre encruzilhada de indefinições, onde os processos de investigação são desgarrados, onde não se percebe qual o foco/focalização dos processos nem de conteúdos/resultados, onde os departamentos estão umbilicalizados, ilhas onde a procura do sustento [competição, rivalidades] se sobrepoêm a um sentido do trabalho desenvolvido e do papel da universidade nesta região, que continua carente de formação, do aprofundamento de competências e conhecimentos.
pelo que me é dado observar ainda não será desta que a Universidade de Évora, elemento fundamental de afirmação regional, se desenvencilhará das teias que ela própria teceu.