quarta-feira, dezembro 31

BOM ANO NOVO

São os votos sinceros deste V/ companheiro que só tem a agradecer a amabilidade e a pachorra de por aqui passarem e lerem as linhas que vos deixo.

Que 2004 vos traga saúde, paciência, tolerância e tudo o mais que puderem e desejarem.

Eu prometo voltar, com mais opiniões, comentários, críticas e vontade de construir uma escola melhor, mais participativa e que permita ser um espaço de realização, tanto pessoal (para alunos e famílias) como profissional (para os docentes, funcionários, auxiliares e todos quanto a animam e vivem).

BOM ANO

terça-feira, dezembro 30

Um balanço

Inevitavelmente subjectivo, dependente, pessoal e, permitam-me este surripiar, transmissível.
Este ano fica claramente marcado pelo episódio casa pia, pela confusão das cunhas deste governo, pelo conflito no Iraque, pelos 25 anos do pontificado deste papa, pelas mortes na estrada, pelos concursos do pessoal docente, pela crítica generalizada ao ensino básico e secundário, pelos blogues.
Este mundo, esta blogosfera é, em minha opinião, um dos marcos deste ano. Aparecidos em finais de 2000, comprados pelo pessoal do google, mediatizados pelo Abrupto de Pacheco Pereira, ganharam contornos de se quererem afirmar como algo que pode ser uma forma de manifestação da democracia participativa. Todos temos opinião, todos temos o direito e o dever da emitir. Todos devemos participar na construção de um país melhor, onde hajam ideias, onde possamos discutir sentidos e oportunidades. Todos devemos criar um espaço publicamente íntimo, onde possamos deixar uma marca, a nossa marca.
Não sei se tenho muitos leitores, muitas visitas, muita page views. Nunca estive realmente interessado nesse sector. Procuro debater ideias, trocar opiniões, construir o meu próprio sentido de estar no mundo, por intermédio da escrita, por intermédio da leitura da opinião dos outros.
Este ano permitiu, pelo segundo semestre, uma certa divisão entre o mundo da blogosfera, entre aqueles que procuram um espaço de afirmação, e aqueles que procuram um espaço de autonomização, um espaço de individualização. E os outros, que mais não procuram que comentar o parceiro, escrever ao amigo, confrontar o opositor.
Ainda que assim seja, espero e faço votos para que 2004 se permita a afirmação e consolidação deste espaço, da blogosfera, se permita sair daqui e ganhar novos mundos ao mundo.
Estou certo que a democracia sairia a ganhar e todos ficaríamos mais ricos.

confusões

A situação, que não deixaria de ser hilariante caso não colocasse em causa pessoas e famílias, corre o risco de se tornar um caso nacional de 2003.
É certo que já há algum tempo se sabia deste desfecho. O próprio jornal Público a referenciou, tenho pena de não conseguir referenciar com maior clareza.
Mas a ignomínia a que chegou este governo devia levar, em país que se respeitasse, à demissão do senhor ministro da educação, que sempre afirmou que tudo tinha corrido como devia ser e dentro da legalidade. Faltou, falta é determinar qual a legalidade do senhor ministro.
E atenção, para o ano há mais complicações, uma vez que o regime de concursos foi alterado, não espero desfecho muito diferente.
O senhor director regional adjunto é que terá, certamente, sorte. Não acredito noutra saída que não seja a do arquivamento ou da montanha vir a parir um ratinho, ou, como alternativa, um qualquer amanuense, com contrato precário e ligações ao PS, ser o responsável por ter introduzido o nome onde não devia.
A ver vamos se a inspecção consegue, real, efectiva e politicamente afirmar. É um teste de fogo num espaço armadilhado e ultra fechado, o das direcções regionais, onde um centrão há muito manda.

da participação e da recriação

Na sequência do meu último post, encontrei, após um dia de ausência deste espaço, um conjunto de mensagens curiosas, umas mais agressivas, outras de incentivo, que apresentam, entre elas, um traço comum. Defendem e afirmam que ataquei os docentes, que os acuso de serem os responsáveis pela falta de trabalho dos alunos, pela sua ineficácia e ineficiência. De certo modo como se fossem os docentes os (ir)responsáveis pela ignorância dos alunos, pela falta de bases e de conhecimentos de cultura geral.
Clarifiquemos a situação. Ainda que possa ter dado azo a tal situação, procurei, na medida das minhas faculdades, deixar claro que o principal responsável pela situação de incúria, de abandono, de esgotamento, de alheamento a que muitos docentes chegaram se deve fundamentalmente ao modelo organizacional em que assenta a escola, a nossa escola.
Reconheço em inúmeros colegas o prazer de ser docente, de procurar incutir o gosto pela descoberta, pela curiosidade, pelo sentido crítico, pelo aprimorar de sentidos estéticos. Reconheço em muitos dos colegas com quem partilho sonhos e vontades, muita dedicação, ambição e arrojo de querer determinar outras estratégias, de criar alternativas. Mas não é disso que se trata.
Se, por uma qualquer razão, posso apontar uma dose de responsabilidade aos docentes, essa reside no facto que terem de ser também os docentes a pensar qual o melhor modelo, a proposta que melhor se adequa ao seu projecto educativo, aos objectivos que a comunidade educativa e escolar definiu. Isso, em minha opinião, é indiscutível e inquestionável. Terão de ser os docentes em articulação com todos os elementos que integram a escola, a pensar o que é melhor para o alcance dos seus objectivos. Isto implica a defesa da democracia participativa, implica responsabilização das partes. Implica um sentido de construção de ideias e de propostas.
Não podemos estar à espera que outros (mais iluminados?, mais espertos?), pensem e definam uma solução, a solução milagrosa que fará com que todos os males sejam ultrapassados.
É este trabalho, e não a dedicação que muitos e muitos colocam no seu desempenho, que questiono ou responsabilizo.
O que mais me angustia é ver docentes que não pensam nem querem pensar o seu trabalho, as suas propostas, determinar alternativas. O que me assusta ver na classe docente é o alheamento de proposta, é a aposta no mais fácil, mais imediato, mais instantâneo.
O que ambiciono, o que procuro desenvolver no meu trabalho e na colaboração que dou ou que solicito consiste na construção de propostas, na inventariação de ideias, na definição de projectos que mais se adeqúem às necessidades de uns e de outros, permitam e respeitem processos individuais, de aprendizagem, de descoberta, de recuperação de atenção. Que concebam sentido ao trabalho do aluno, mas também reflictam a importância do trabalho docente.
Criticar tudo e todos não é solução. Imaginar um eldorado educativo ainda o é menos. Há que incentivar e determinar mecanismos e formas de participação para que, juntos, possamos determinar as propostas mais adequadas ao contexto social, cultural, económico, regional e educativo em que nos inserimos.

domingo, dezembro 28

do ano

Em geito de balanço do ano que se esgota nestes dias, tenho de copiar outros exemplos e destacar um acontecimento e uma personalidade que, de acordo com a minha opinião e o critério imaginado, se destacaram no campo da educação básica e secundária.
Os critérios são assumidamente subjectivos, e por isso, considero desnecessário justificá-los.
Um caso no campo da educação - o concurso e a colocação de professores que teve estória e fará, seguramente, correr ainda muita tinta.

o que (não) se sabe

O Mocho traz de volta, por intermédio de um artigo no Expresso, um velho tema da escolaridade básica obrigatória: saber ou não saber, seja ler, escrever e contar, interpretar um mapa, um gráfico, um quadro ou uma imagem, seja a capacidade de manipular um dado boletim informativo, um jornal ou uma revista, pesquisar na Net ou na biblioteca da escola, elaborar uma entrevista aos familiares ou preparar um programa de rádio, e chega, para não me alongar exageradamente.
É certo que partilho da preocupação de os alunos adquirirem um conjunto mínimo de competências que lhes permitam perceber e compreender a sociedade em que estamos, possuir capacidade crítica e sentido estético, entre outras atitudes e competências. Não pretendo, longe de mim, incutir valores ou defender qualquer ideia ou ideal, seja de Portugal, da nação, de cultura ou de política, esses deixo-os ao livre arbítrio e à capacidade de renovação e reconfiguração que cada geração lhe confere.
O problema não reside aí, penso eu, digo eu.
O próprio autor destaca os diferentes níveis e ritmos, interesses e expectativas dos alunos. Omite é o trabalho do docente, a sua capacidade de organizar espaços e tempos, metodologias e estratégias, didácticas e actividades que permitam criar um sentido diferenciado e que respeite o aluno. O que se defende no artigo mais não é que um mito, o da escola igualitária, democrática e homogénea. O que se defende no artigo mais não é que um dado pronto-a-vestir pedagógico.
Relembro, outra vez, o excelente artigo no Real Colégio sobre o processo de ensino. Ali se pode ler e dali se pode retirar uma frase que terá todo o sentido na adequação a este novo artigo, cquando se afirma que "É nesta ratoeira que cai o referido autor, a de uma contumaz idealização do processo de aprendizagem em correspondência com uma idealização do ensino. "
O problema, em minha opinião, reside na capacidade da escola, do conjunto de actores e protagonistas, docentes, discentes, funcionários, pais e encarregados de educação, autarquia e outros parceiros, serem capazes de definir um sentido ao trabalho escolar, qual o conjunto de competências mínimas pelas quais todos os que integram a escola, deverão pugnar, quais os objectivos pelos quais nos orientamos, quais os critérios de avaliação que devemos definir.
Apesar de genericamente concordar com o artigo ou, pelo menos, com a preocupação que se lhe encontra subjacente, considero que o alvo não deverá ser o aluno mas, preferencialmente, o modelo organizacional em que assenta o trabalho do professor e a escola portuguesa. Enquanto este não se alterar, enquanto não se definirem outras alternativas, que por aí se podem referenciar, chegaremos sempre a esta triste conclusão.

sexta-feira, dezembro 26

de regresso

Apesar da pausa pedagógica sinto-me reconfortado neste regresso, particularmente quando, e sobre outros propósitos, se encontra um texto como este.
Faz parte daquelas coisas simples e algo ingénuas que encontramos em todas as esquinas de todas as escolas mas para as quais e ainda não aprendemos a dar uma resposta.
Perante os resultados clara e objectivamente confrangedores que encontrei numa das minhas turmas, é de perguntar até quando se insiste na indiferença, no alheamento de comportamentos e de aproveitamentos, na desresponsabilização perante o insucesso. Este, por múltiplas e diversificadas razões, também é da responsabilidade do docente. Mas permanecemos cabisbaixo, assobiando para o alto, como se nada fosse connosco. A escola persiste e insiste em ter um pronto-a-vestir pedagógico que a poucos serve e a nenhum interessa. Persiste e insiste em viver o mito da escola de elites, para os interessados, para os atentos, para os preocupados em arranjar um espaço e um tempo de futuro que passa pela escola.
Para muitas crianças a escola não lhes interessa, não lhes diz nada, rigorosamente nada. Não nos podemos contentar na persistência do lamuriar sobre o interesse da escola, da sua pertinência e da sua preocupação para o futuro. Temos que determinar novas e diferentes estratégias que permitam regressar à assunção da diferença, à heterogeneidade de gostos e de interesses, à pluralidade de opiniões, à multiplicação de estratégias, metodologias e didácticas.
Foi claro, em alguns conselhos de turma, a capacidade negocial dos alunos, a sua orientação estratégica, ainda que os objectivos sejam de curto, curtíssimo prazo, e interesseira, individual mas que assumida colectivamente, perante a qual os docente apresentam claras dificuldades de negociar, porque divididos, isolados, distantes de uma estratégia comum.
A minha aposta vai no sentido de incentivar, ainda que à revelia das estruturas directivas da escola, o trabalho colaborativo, a integração e a assunção colectiva dos interesses e das estratégias. Ir-se-á arranjar mais trabalho, é certo, mas para termos menos trabalhos e melhores resultados. A ver vamos.

segunda-feira, dezembro 22

da blogosfera

Encontrei há dias um blog que procura ser um anti blog, uma espécie de herói anti herói.
Procura discorrer sobre as razões que o levam a escrever, e generaliza estas razões, quando afirma que há "apenas 3 motivos que levam um individuo ou grupo de individuos a criar um Blog, a saber: solidão, vaidade e interesse."
Se é certo que estão patentes algumas destas razões em alguns blogs, uma delas neste mesmo anti blog, é também certo que outras razões e outras atitudes não descritas, estarão presente na mente daqueles que escrevem, daqueles que procuram criar o seu espaço na blogosfera.
Penso não ter trazido ainda uma ideia que já troquei com colegas, a da diferença entre os servidores (blogger, sapo, weblog) entre o tempo e o(s) propósito(s) que orientam, sustentam cada um um deles. são distintos, caractarísticos, específicos. Não vou aqui, nem é este o espaço nem o modo, analisar, dissecar a sua composição. Deixo, preferencialmente, ao critério e à análise de quem por eles navega.

domingo, dezembro 21

do descanso

Finalmente uma pausa pedagógica. Revigorante apelativa a nada fazer. A simplesmente ter e assumir a preocupação de nada fazer.
Feliz Natal a todo(a)s quantos por aqui passam. Prometo voltar em breve.

sábado, dezembro 20

da emoção

No final das reuniões de avaliação, uma colega com quem partilho mais ideias e preocupações diz-me que, apesar do minha capacidade de análise do real, das situações ali vividas, da capacidade de antecipar atitudes e comportamentos, revelo uma grande incapacidade estratégica. Não defino uma acção estratégica, reajo com base na emoção e não crio um sentido, não defino um objectivo racional e orientado, talvez para a tomada do poder, para a supremacia de uma ideia ou de uma opinião.
É verdade, sempre assim fui. Emotivo, desbocado, radical na análise e no meu próprio comportamento. Apesar de entender o mundo e a escola como um palco estratégico onde se debatem e digladiam interesses e se jogam objectivos (ou será o inverso?) procuro o meu lado mais emotivo, mais emocional. Não procuro, com isto, o poder nem a afirmação peremptória de uma qualquer forma ou modo de superioridade. Apenas considero que a emoção é a minha razão. Dou azo, espaço e razão à emoção. Ainda que a considere não como um lado sentimental, apenas como um dos lados da razão.

da razão

"Se ao menos pudesse tirar alguma coisa disto tudo, não, não quero dizer uma conclusão, mas um fio condutor, uma razão de ser" (António Mega Ferreira, 2003, p. 46)
É este fio condutor que procuro nas linhas que por aqui deixo, nos pensamentos que para aqui transporto. Mais do que uma conclusão, sinto necessidade de arranjar um fio condutor que atribua sentido àquilo que escrevo, às ideias de escola.
Mais à frente:
"do que eu precisava era de tempo, de distância e solidão, para poder pôr em ordem as coisas dentro e fora de mim, para tentar descobrir um sentido naquilo que deixara de fazer sentido para mim" (p. 73). Vale a pena ler A. Mega Ferreira, encontramos algum sentido naquilo que fazemos.

da conversa

Temos de falar, temos de arranjar tempo e espaço para a conversa.
Um sentimento que o Mário traz à boca de cena e que anda, outra vez, no espírito de muitos. Não por ser Natal, apenas por uma clara necessidade. As pessoas têm estado afastadas umas das outras, temos andados muito preocupados com outras coisas, certamente importantes, mas, até que ponto, não serão elas acessórias. Acessórias ao nosso ser, às nossas preocupações.
Temos que falar, temos que arranjar espaço e tempo para falar.

quinta-feira, dezembro 18

das palavras

As ruminações digitais trazem à superfície um tema que não é novo, mas que é colocado de maneira diferente. Vale a pena ler as poucas palavras que ali estão sobre o que seria a vida de muitos escritores se tivessem a oportunidade do acesso à blogosfera. A blogosfera é isto mesmo. Partilha, descoberta. Improviso.

da História

Eu sei que tenho andado por fora e que, por isso mesmo, me foi algo difícil acompanhar tudo e todos os processos da e na escola. Mas, em final de período, sou confrontado com uma evidência que me assustou. A disciplina de História tem menos tempos lectivos semanais que as disciplinas de Educação Física ou que as Línguas Estrangeiras.
Perante este cenário não se culpabilizem os docentes de História se, um dia mais tarde, estes alunos perguntarem quem foi Oliveira Salazar, o que é que aconteceu no nosso país em 1974, isto para já não falar na capacidade de manusear, tratar e organizar informação.
É uma questão de valorizações e, nos últimos tempos, temos andado muito preocupados com a atitude científica dos nossos alunos, como se a História, entre outras, não fosse uma ciência. Como se esta disciplina apenas olhasse para o passado. Quem assim pensa desconhece o papel que pode ter na utilização das tecnologias da informação e da comunicação, no manusear informação, na capacidade de transformar esta informação em conhecimento.
É esta confusão, entre o papel das disciplinas a valorização do currículo, a diferença entre saberes e competências, que tem feito e obrigado a escola a ser um mundo de estabilidade quando devia ser de mudança.

final de dia

Duas notas em final de dia.

1. As pessoas são o que são porque as pessoas insistem em ver o lado negativo, se reforçam aspectos menos bons e não permitidos ou concedemos a tolerância necessária para o outro. Isto porque hoje percebi que, na minha escola, não há sol porque as pessoas não deixam passar os seus raios, não permitem, nem toleram que se olhe o céu. Com uma pequena conversa, com alguma tolerância para o outro, talvez nos possamos aperceber que temos mais em comum do que aquilo que nos diverge. Talvez, com uma pouco de paciência e tolerância nos possamos aperceber que este mundo, e esta escola, valem a pena. Vale a pena lutar pela escola.

2. A TVI, sempre que as pausas pedagógicas se aproximam, tem a particular atenção e o necessário cuidado de mostrar que as escolas são um problema ... quando não há aulas. Que os meninos são um problema, uma maçada quando não temos onde os deixar. Este entendimento da escola, como um local onde podemos deixar as crianças e onde podemos, de algum modo, ficar descansados das crianças, é não apenas preocupante, como distorce a principal finalidade da escola e dos seus objectivos.
Se é certo que a escola portuguesa deve tentar adequar o seu funcionamento e a sua organização a novas necessidade sociais e laborais, também deve ser certo que a sua principal finalidade é instruir e ensinar as crianças e jovens e só depois manter os pais descansados. São modos e formas de olhar a escola que não favorecem propriamente quem os promove.

quarta-feira, dezembro 17

Prendas

No desassossego das compras de Natal, no âmago da confusão os pais, avós, tios e tias outros parentes, amigos e outros conhecidos, evitem estas compras.

Sol

Uma colega, na sala de professores, comentava que nesta escola falta sol, brilho, luz, calor.
Numa escola faltar tudo isto que comentário pode merecer?.
Acreditem que não estou na pior escola do mundo, atrás de um qualquer pôr do sol. As pessoas é que não são propriamente simpáticas. Precisam de sol.

terça-feira, dezembro 16

Desafio

Tenho que assumir que, em resultado do desafio ou, preferencialmente, da polémica que o Miniscente procura desencadear, um sacudir temperamentos, ideias e opiniões, um claro agitar de águas, apresento (alguma) vantagem em relação àqueles que já o comentaram e aceitaram.
A pergunta é provocadora e, numa primeira instância, levar-nos-ia a concordar, a aceitar o carácter pretensamente "redentor", simples, da imagem.
Quando muitas vezes afirmamos, algo convencidos da nossa certeza, que uma imagem vale mais que mil palavras. Mas provocar é bonito, pensar é-o ainda mais.
Tenho que admitir que, em alguns pormenores, a televisão é o mediador entre a minha pessoa e o mundo. É ela que me traz o movimento das imagens, o som das palavras e, por vezes, a cor dos sentimentos. É também ela que me indica posições, ajuda a construir uma opinião. Mas é também ela que induz a confundir opinião pública com a opinião visionada, confunde, propositadamente (?), a árvore com a floresta. Me encanta e engana. Como afirma o Mário Filipe "ela também pode contribuir e muito para difundir visões não conformistas da sociedade".
Provavelmente estaremos a valorizar o objecto em detrimento do sujeito e, nesta perspectiva, há que recentrar a questão, atribuir o lugar preponderante ao sujeito e questionar sobre o que pretendemos da televisão, o que queremos ela seja e transmita, qual o seu contributo na formação de uma opinião crítica ou no embaraço da ignorância?
Fiquemos-nos por aqui e aguardemos por outros desenvolvimentos.

Correcções

É certo que nesta altura do ano tenho mais coisas com que me ocupar. Ora são as compras, ora são os preparativos das reuniões de avaliação de final de período, ora são as idas ao cinema, ora são outros pequenos e variáveis e imprevisíveis assuntos que me retém, me mantém algo distante da máquina e me impedem de responder com a prontidão e o gosto aos desafios e às obrigações.
Primeiro e antes demais, já está corrigido o nome do Pantera Negra. Peço desculpa, não me apercebi, a não ser quando chego aqui e deparo com a caixa de correio saturada de indicações (espero que nenhuma tenha sido devolvida).
Segundo, porque cheguei ligeiramente atrasado - só agora estou em casa - é que me apercebi do desafio do Luís.

deambulações

Ando claramente irritado com esta escola. Obriga-me a permanecer, desnecessária e improdutivamente neste espaço, quando não tenho condições para iniciar e concluir um texto, me agendam reuniões em horas e dias em que aqui não estou, em que as casas de banho parecem as de um estádio de futebol, dos antigos, em fim de jogo.
É o que temos.

da sociabilidade

Em final de período pensa-se e repensa-se o trabalho desenvolvido, as acções tomadas, os objectivos definidos, as estratégias adoptadas. Pensa-se em muito e variado trabalho. Pensa-se no trabalho que é o trabalho de preparar as reuniões de avaliação, carregar faltas, apurar de todos os documentos necessários, coligir a informação essencial, arregimentar papeis e assuntos.
Pensa-se em quase tudo, menos no trabalho que é o próprio trabalho. O seu modo de organização, as formas e metodologias de colaboração e apoio entre docentes, o treabalho desenvolvido com os alunos.
A conclusão a que chegam, nesta escola, diferentes colegas é a da sociabilidade. em princípios de milénio, num país que vai organizar um europeu de futbol (certamente acomapnhado com fado e a inolvidável presença de Eusébio da Silva Ferreira) há alunos que, com 14, 15 ou 16 anos, não sabem distinguir comportamentos sociais entre o estar em casa, o estar no café ou o estar numa sala de aula. Não é por falta de educação, não é por desrespeito aos doentes ou à instituição. Apenas não foram orientados para criar, na sua mente, esta divisão de espaços, comportamentos, atitudes e diferença de valores.
Esta atitude, eventualmente típica de uma contemporaneidade e não propriamente do mundo rural, marca, de modo perfeitamente indelével, os comportamentos e a relação entre alunos e professores, razões de sucesso e aproveitamento.
Pensar este trabalho torna-se determinante, porque os seus reflexos ir-se-ão fazer sentir, basicamente, dentro de 4 ou 5 anos, num descuido profissional, numa desorientação típica, numa lei do desenrasca nacional, individualista e apelativa de valores não concordantes com a integração e respeito da diferença.
Há que quebrar mitos, há que criar condições para se (re)pensar aquilo que queremos, como queremos e em que condições queremos.

segunda-feira, dezembro 15

Greve

Fui levar os filhotes à escola e uma amiga adolescente que frequenta o 10º ano. Resultado e com alguma surpresa conjunta, deparámo-nos com os portões trancados e toda a população estudantil à porta. Causa, greve nacional dos estudantes dos ensinos básico e secundário, segundo se podia ler num cartaz.
Primeira observação, o descontentamento também chegou ao pessoal estudante, a confusão do país, o desentendimento entre ministros, ministérios e políticas também se faz sentir nesta fase etária.
Segunda observação, os mimetismos eram inevitáveis, como as suas consequências também o serão. Copiar o trancar as portas, como no superior, e uma atitude que não cairá bem em todos, como se podia constatar localmente, e que terá reflexos curtos no tempo, estou certo (provavelmente a esta hora já retiraram os cadeados). As consequências semelhantes relacionam-se com a teimosia de uns e a necessidade de outros. Situação que fará com que não exista um grande consenso e uma profunda harmonização de posições entre os estudantes. A este nível a mensagem é mais difícil de passar e de se fazer sentir como nossa.
Terceira observação, afinal os estudantes mexem-se, têm opinião e posição. Não são, como muitos os pintam, amorfos, alheados e desligados dos seus problemas, dos problemas do seu país. Que não serão todos assim, pois não, nem os adultos o são.
Finalmente, seria desejável que o dia fosse utilizado para debater políticas, discutir opções educativas, trocar opiniões, determinar alternativas. Seria útil e proveitoso na e para a construção de um espírito crítico e para a formação cívica e política desta geração. Eu só digo que seria desejável, nada mais.

Balanço

Entramos na última semana de aulas, aquela que é mais difícil de passar, de chegar ao fim. Inevitavelmente é tempo de balanço, de avaliação.
Na passada 6ª feira iniciei a minha avaliação com uma turma. O comentário na generalidade é que os resultados e a atitude não é nem pior nem melhor que dos restantes docentes (seria de esperar coisa diferente?), há coisas que são diferentes, é certo, outras que se mantêm. Foram referidas algumas dificuldades na compreensão daquilo que quero, dos objectivos que apresento. Tenho consciência desta dificuldade, em que, por vezes, me atrapalho na apresentação de uma ideia, na clareza dos conceitos, seja perante os alunos seja em outras situações. Já houve tempos em que justificava esta minha dificuldade de clareza pela enxurrada de ideias que, de quando em quando, me inundam o espírito, na vontade que sinto de dizer tudo de uma só vez, se, perante adultos é complicado fazer-me entender, perante adolescentes maior é a dificuldade.
Em termos de nota a média e a moda caiu no nível três, ainda que tivessem existido 2 ou 3 níveis 4 e um nível 2.
Vão existir algumas alterações no 2º período, tenho e assim tentarei, corrigir alguns tiros, algumas orientações. Tentarei dosear o trabalho entre a realização de fichas, a apresentação de esquemas síntese da matéria e a realização de pequenos trabalhos de levantamento/investigação realizados pelos alunos.
Mas o grande balanço a fazer é o do meu regresso, a tempo inteiro, à escola. Desde 98 que não estava no sistema, ainda que nunca dele me tenha desligado completamente, fosse pelo estudo, pelo acompanhamento ou pelo trabalho que desenvolvi. Neste regresso tenho de assumir uma certa atitude intempestiva, emotiva, reactiva que me caracterizou nas primeiras semanas de aulas e do confronto com a sala de professores. Foram surpresas a mais, foi o regressar e constatar que muito estava na mesma, a desorganização, a desorientação, o alheamento, o abandono do trabalho, o individualismo, o começar, permanentemente, tudo de novo, de princípio. Foi constatar muita da arrogância e pretensiosismo que caracteriza o trabalho docente, foi o permanente muro de lamentações. Foi a relação afectiva mas fria entre professores e alunos. Foi o constatar do esconder o lixo debaixo do tapete, o empurrar para fora da sala de aula os problemas, como se se resolvessem, escondessem. Foi o insistir no mito do sucesso educativo, que a escola é para alguns e não para todos, foi o diálogo difícil entre pessoas que, apesar da mesma profissão, ainda não consensualizaram conceitos.
Sou, obviamente, responsável por algum deste meu e pessoal mau estar. Assumo a minha cota parte de responsabilidade. Mas a escola necessita de alterar paradigmas, comportamentos, atitudes, pré-conceitos. A escola, e neste contexto falo essencialmente dos professores, precisam de reequacionar matérias, conteúdos, competências, objectivos, relações, metodologias. É esta (in)capacidade que sinto, com que todos nos confrontamos e nos arrepiamos. Mas que necessitamos de repensar, em conjunto, em equipa, com responsabilidade, autonomia e sentido estratégico. É também este sentimento que não sinto em muitos e muitos dos meus colegas. Como se tudo estivesse bem, como se tudo corresse no melhor dos mundos.
Mas é mentira e precisamos de o repensar.

domingo, dezembro 14

Das diferenças

A propósito do post anterior sinto-me na obrigação de sublinhar um pormenor respeitante às diferenças, sejam de opinião, sejam de atitude ou outras.
Apesar de sempre me ter assumido como uma pessoa de esquerda, que navega nas águas do socialismo (que alguns apelidam de democrático), de ser do Benfica e de Évora não significa, em absoluto, que não aceite, partilhe, respeite e integre a diferença de opinião e a divergência de atitude perante aqueles que pensam de maneira diferente.
Não é a diferença político-partidária que me assusta, nem, sequer, a defesa de princípios diferentes ou divergentes. O que me assusta, e aqui vou buscar as palavras do Mocho, aquilo de que tenho medo é da "ignorância, da presunção, da ambição desmedida e da hipocrisia da humanidade..." tudo o resto nós toleramos, assumimos como diferente e, muitas vezes, integramos na nossa própria diferença.
É neste contexto que surge a minha defesa da escola, por vezes intransigente, eu sei, por vezes emotiva e intempestiva é certo e por mim reconhecido. Mas a escola é isto mesmo, emoção, diferença de opiniões e de ideias, propostas diferentes, caminhos divergentes.
Mas é, acima de tudo, possibilidade de escolha. Alternativa. Quando assim não for, mal irá a nossa escola, o nosso país.

democracia

Começo-me a convencer que este meio, esta blogosfera faz mais pela democracia e pela participação das pessoas que muitos políticos e muitos debates televisivos. Isto a propósito de um mail que recebi do colega do Real Colégio. Sabemos, de antemão, que não partilhamos as mesmas posições ou, como diria J. P. Serralheiro, não partilhamos da mesma margem do rio por onde navegamos. Mas temos uma mesma paixão, a escola, a educação. Situação que faz com que possamos valorizar esta posição comum em vez de acentuar qualquer outro tipo de divergência.
Em resultado desta troca de ideias, de opiniões entre pessoas diferentes, que vivem em diferentes pontos do país, com sensibilidades diferentes só podemos, só posso ficar mais rico. Já conheci, por intermédio desta rede, mais gente em 4 meses que levo desta escrita, que nos últimos anos de formação ou de acções em que participei. E estou certo que, apesar das distâncias e das diferenças, estamos juntos na defesa intransigente de uma profissão e, mais importante que isso, de um futuro, que é o nosso, o das nossas crianças, o do nosso país.
Apesar de sermos pouco, os professores nesta rede, somos bons. Devagar marcamos a nossa posição, defendemos as nossas ideias, partilhamos paixões e ajudamos, estou certo que todos os desejamos, a formar uma ideia sobre a escola, sobre a educação e sobre a profissão docente.
Entre tantas diferenças, entre tanta gente, apenas me resta afirmar, VIVA A DEMOCRACIA da rede.

sábado, dezembro 13

Mexidas

Porque considero que sermos todos iguais é um pouco aborrecido e a perseverança permite muitas asneiras, resolvi mudar alguma coisa. O essencial fica na mesma.

A escola única

No zaping que efectuo pelos diferentes blogs, numa perspectiva de me manter a par dos acontecimentos e das ideias, encontrei esta afirmação lapidar e laminar na página do real colégio: A escola única é injusta para todos.
Frase com a qual concordo em absoluto mas sempre que afirmada numa escola e perante muito docentes, toma aspectos de acintosa, provocadora, irreverente.
Já aqui o referi que a nossa sociedade insiste no mito da escola de sucesso, para os melhores e para os mais capazes. Relega os outros, aqueles que não se reconhecem nem revêem na escola para cantos marginais, seja na área da repetência, do absentismo ou do abandono ou, por outro lado, no encaminhamento destes elementos para os cursos dos centros de emprego.
A escola tem de se organizar de modo diferente no sentido de responder e corresponder àquilo que dela se espera é certo, a formação de pessoas, a aquisição de conhecimentos e competências mínimas, a compreensão do mundo que nos rodeia, entre outros aspectos como deve de preparar e habilitar para a integração, para o respeito pela diferença, para a democracia e para a participação, para o pensamento crítico e para todos aqueles que não lhe reconhecem utilidade.
Contudo a questão, nos tempos que correm, é exactamente esta como podemos nós, docentes, discentes, comunidade, pais e encarregados de educação, políticos e outros, organizar a escola para respeitar esta diferença, para combater o mito da escola única, de sucesso e de interesse para tudo e para todos, da mesma maneira e com os mesmos modos.
em tempo de reequacionar mitos e paradigmas é determinante que se comecem a perspectivar pistas de trabalho, hipóteses de ideias, uma vez que em educação não há pronto-a-vestir que resista.

sexta-feira, dezembro 12

Links

Na minha procura errrática, pespeguei mais uns quantos links que apresentam Évora ou o Alentejo em fundo. Aparentam estar actualizados e serem mantidos com alguma atenção.

blog

Vejam este blogue e digam que não há pessoal com imaginação e capacidade. fiquei duplamente surpreendido, pela qualidade e arrojo do blogue, pela análise que efectua à sua "stora" de matemática. Vale a pena passar por .

compras

Afinal estamos no mês de Natal, este mesmo que é referenciado pelos comerciantes como o d'A Salvação. Então vamos lá ajudar os senhores a salvarem-se e a enterrarem-me. Vou às compras de Natal. Espero que a esposa não leia o blogue nos próximos dias.

dos medos

Dizem os colegas do Mocho, que se sente que o(a)s professore(a)s têm "receio de emitir opiniões, um receio de assumir a profissão com a dignidade que merece".
Não é fácil, nos dias que correm, nos tempos que nos consomem, ser qualquer coisa, defender uma ideia, um ponto de vista, uma perspectiva. Corre-se o sério risco de ser acusados de penalizar alguém, fulanizar e individualizar questões, desconsiderar a opinião ou a ideia do(a) outro(a), ser acusado(a) e apontado(a) de dificultar o trabalho dos restantes, criar embaraços, não querer que as coisas avancem, corram.
O problema é que não só estamos a formar pessoas com claros sintomas de acefalia, como nós próprios, nos nossos locais de trabalho, nos estamos a tornar acéfalos, indigentes de propostas formatadas e que possamos encaixar no nosso quotidiano, mais do que as pensar, as criar, as procurar.
Ontem referi que uma turma apresenta dificuldades em aceitar aquilo que é diferente que sai do seu quotidiano. Não só as turmas, os próprios professores têm claras dificuldades em deixar, apenas isto, em deixar um espaço de hipótese, de oportunidade, de análise para uma eventual consideração àquilo que se lhe apresenta de diferente, que quebre a sua rotina da santidade da sala de aula.
Penso que apenas por intermédio da colaboração entre docentes, da formação conjunta, da troca de ideias sem medos nem teias de aranhas, nos poderemos atrever a experimentar, a criar bases de evolução, de rotura, de sonho.
Como me dizia um distinto colega "Ter bases é perseguir caminhos de experiência sem medo e, ao mesmo tempo, absorver algum testemunho dos outros (o estudo). Um e outro são vias essenciais para as quais não há que ter pressa, mas apenas (justa) ambição". Falta-nos, nas escolas, esta justa ambição.

quinta-feira, dezembro 11

Pontos de vista

Nunca omiti os meus pontos de vista nem as minhas preferências ou (de)formações, sejam políticas, clubísticas ou outras.
Achei engraçado um mail que recebi onde, apesar de afirmar que apenas tinha lidos uns quantos post, me retracta como sendo da área das humanidades, das ciências sociais.
Não faz, e tem a atenção de o referir, qualquer referência do ponto de vista dos juizos de valor, apenas uma constatação que decorre, diz ele, do meu ponto de vista, da minha perspectiva de olhar a escola.
E é verdade. Olhamos o mundo e o que está à nossa volta com os olhos da nossa formação, das nossas experiências, dos nossos anseios, dos nossos sonhos e dos nossos pesadelos. Achei curioso este ponto de vista porque, para além da referência, diz-se das outras áreas, das ciências naturais ou exactas e reconhece-se em alguns dos posts. Pois ainda bem.

do mocho

Os meus vizinhos aqui ao lado referenciados, os links, nomeadamente os da educação, merecem destaque equilibrado e igual. Mas hoje não resisto em chamar a atenção para o mocho. Não apenas para o post de hoje, onde referem que "Não é fácil ser-se aluno mas...também não é fácil ser-se professor" como também um do dia de ontem mas que ainda não perdeu a validade

A escola

Com a turma de 9º ano estive a falar de arte do século XX, Picasso, Mondrian, Miró, entre outros.
Inicialmente pensei que podia ser um desastre. A turma oferece resistência aquilo que é diferente, que sai do normal e do seu mundo, como qualquer outra turma. Peguei num conjunto de diapositivos sites da Net e vamos embora, arriscar, porque ensinar é isso mesmo, é trabalhar no arame da imprevisibilidade, do espontâneo, do momento. correu bem, gostei e penso que eles tenham gostado. fiquei com vontade de experimentar outras "rotinas".
Na sequência da arte e das interpretações do mundo, do real de cada um de nós, uma proposta: criar um site do pessoal, tipo um foto blogue, onde possamos admirar e experimentar a interpretar o nosso quotidiano. A ver vamos no que dá.

dos Blogs - II

Entre o discurso dos blogues e a blogosfera uma referência às diferenças de quem chega e de quem está, e as profundas diferenças entre os utilizadores da plataforma do sapo e do blogger. Não é apenas na forma ou no seu conteúdo, é também na essência. É também na estruturação dos seus pensamentos, na sua atitude. E era a esta diferença que me referia, quando destaco a democratização deste espaço, deste tempo.

dos blogs e das viagens

Após a troca de comentários e opiniões sobre a escrita dos blogs, entre a minha pessoa, Luís Carmelo e outros duas notas.
Uma primeira para agradecer o amável mail do Luís. Pois é, também eu me quero atrever, assumir "os caminhos da experiência sem medo", por isso cá estou, por isso cá permaneço a falar do pouco que sei, da escola, dos professores, da educação básica e secundária.
Dpois para referenciar publicamente a escrita de uma amiga, a Patrícia, quer no seu Alma Mater, quer no Abrotea.
O meu post referencia diários íntimos, pontos de vista particulares, perspectivas pessoais. Mas não visa ninguém em particular, antes um modo de estar na blogosfera. É isso que procuro partilhar com quem tem a paciência de me ler.

Dos blogs - I

Antes de mais para referenciar o novo aspecto do Aviz, bonito, q.b., prático e sempre útil. Parabéns a quem tem destas possibilidades. À falta de melhor, limito-me a calcorrear as ruas mais tradicionais.

Depois, bem vindo sejai o regressado Évora dos Pequeninos. Já aqui o disse e destaquei, longa e próspera vida a quem tem uma ideia de cidade para Évora e a quer discutir, como o recém chegado Évora Comentada, por exemplo.

quarta-feira, dezembro 10

viagens - outra vez

Assumo o discurso, considero que é importante perceber, compreender o que é a blogosfera, o que ela nos traz de novo, o que ela realça, ainda que com um suporte específico e diferente, de tradicional.
Assumo o discurso porque gosto da discussão, gosto de ideias, gosto de as partilhar, gosto de as sentir. Com elas sinto que estamos vivo e que temos oportunidade e hipótese de sobrevivência neste mundo.
Isto a propósito do post de Luí­s Carmelo, com a finura que o marca, com a delicadeza e a ternura que caracteriza muito dos seus livros, afirma, entre o meu post de ontem - viagens - e os comentários do Bomba inteligente, que o desafio dos blogs poderá residir na "falta de sustentabilidade da escrita em rede" e que por seu intermédio pode ser um desafio à  ordem dominante esta "escrita livre e pessoal, fragmentária e aberta, fortemente intertextual e contaminada, dissociada de um suporte que a tornasse num organismo centrado, tendencialmente estático e alérgica ao interactivo".
Creio, como Luí­s Carmelo, que sim que este pode ser um caminho, pode ser uma "janela de oportunidades".
Mas, não nos fiquemos por aqui. O Bomba destaca um outro elemento que também assume, ainda que dele tenha senão medo, pelo menos algum receio, que é a recusa da indiferença e a nossa (in)capacidade de lhe responder.
Entre um e outro, num contexto de viagens, volto aos aspectos pessoais, corro menos riscos de falhar, para referir que o percurso iniciático se deu pelo debate, pelas propostas de discussão de ideias com o Mário Simões, no seu vivaz.
Mas tenho também reparado que muitos assumem a clara posição de um diá¡rio mais ou menos í­ntimo, se é possí­vel este enquadramento. É um discorrer sobre um tema, habitualmente o quotidiano, é um valorizar aspectos, situações, momentos que antes possivelmente não aconteceria.
Outros assumem-se, de modo mais ou menos deliberado, mais ou menos camuflado, como aquilo que Luí­s Carmelo referiu de autonomização a posições político-partidá¡rias, a interesses e a correntes, com aquilo que noto de narcí­sico na escrita.
Onde pode estar a ruptura, onde pode estar a continuidade com um outro suporte? quais os reflexos, os impactos de uma e de outra das posições no quotidiano de quem assume o blogue? Qual o impacto na escrita quotidiana? qual o papel dos blogues no ou para o entendimento dos nosso dia, na leitura dos momentos que queremos transpor para este suporte?
Se é certo que não podemos ficar indefinidamente a viver o quotidiano, com o risco de o transformamos em pesadelo de escrita, de interpretação, de reflexão, também poderá ser certo que não podemos responder a todos os comentários, tanto que o fazemos mais com quem conhecemos, mais do que estimular o desconhecido, em estabelecer conversação com quem não conhecemos, nem de livros, nem da TV.
Ou será que existe uma extensão do nosso quotidiano para este suporte?, onde apenas reforçamos as amizades que já temos? e não ligamos a quem não conhecemos? - para além do Luís Carmelo, nunca ninguém me respondeu, será que alguém me considerou?.
Ou será que outros, como eu, por exemplo, utilizamos este meio para dizer, para escrever que há outros meios, outros mundos, outras palavras, outras opiniões, não vinculadas?
Será este um dos poderosos meios de democratizar também as opiniões? De colaborar na feitura da opinião?

terça-feira, dezembro 9

Viagens

Luis Carmelo discorre sobre as Viagens da Blogosfera. Reforça, ele próprio o reconhece, um discurso que tem marcado presença algo assídua na blogosfera, eu próprio tenho chamado a atenção para ele. Quem sou eu para concordar, quem sou eu para poder contestar ideias e autores com bagagens e experiências tão profundas.
Limito-me a constatar dois factos, ambos pessoais.
Foi em parte pela autonomização da minha pessoa a causa primeira que me trouxe à blogosfera. esta autonomiazação terá de ser relativamente a algo ou alguém, uma vez que as autonomias se jogam entre as heteronomias e as independências. Assumo que foi para determinar uma de duas coisas, da minha capacidade de escrever e alimentar um registo quasi diário e, por outro, a determinação de uma coerência de pensamento e de escrita. São indissociáveis?, pois são. Apenas acrescento um segundo dado pessoal ao comentário atrevido e pretensioso, mas não ofensivo. É que sem fazermos esta viagem não temos consciência nem conhecimento das nossas capacidades. É por isto que nesta autonomização nos confrontamos com prazeres, com silêncios, com surpresas, com medos, com embaraços, com ideias.
ésta foi, sem dúvida, a minha viagem. Não sei em que ponto estou, não sei onde quero chegar (tenho uma leve ideia, que preciso de amadurecer), sei que vou, sei que vou na companhia de todos os outros e que esta companhia, esta própria viagem é a minha vertigem.

abandono

O ministro da Educação, David Justino, conhece razoavelmente o sistema. Muito antes de ser deputado e na sua bancada liderar as questões da educação, já trabalhava a escola e percorria os corredores do ministério.
Não é de estranhar pois, que apresente um conjunto de propostas mais ou menos coerentes sobre o sucesso, o abandono e o absentismo escolar.
Em notícias hoje veiculadas, prepara-se um novo pacote de medidas que visam o abandono da escolaridade e a definição de percursos formativos.
Basicamente todos estaremos de acordo. É determinante que as pessoas obtenham um nível de qualificação e formação que os favoreçam na vida e perante as adversidades e onde a massa cinzenta ocupe lugar de destaque.
A supresa surge na clara e directa associação com o ministério de Bagão Félix. Se esta associação à partida não seria de estranhar, já sinto alguns receios quando professores, pais e os próprios alunos começarem a exigir sair da escola, da nossa escola, desta escola que conhecemos, para ir para um centro de formação do IEFP.
Criar-se-ão, deste modo, dois mundo paralelos. Um, marcado pela escola "tradicional" frequentada por aqueles que lhe reconhecem interesse e utilidade, os filhos da classe média e alguns "instruídos", onde o sucesso é afirmativo, onde as pessoas gostam de trabalhar, onde a meritocracia tem lugar de destaque e se disputam as virgulas, e uma outra escola, a dos coitadinhos, aquela que só interessa aos que não têm sucesso, não reconhecem interesse na escola "tradicional", aos que não têm condições e apoio - social, económico, familiar - para disputar um lugar ao sol.
Mas um outro mundo se destaca, estou certo. Os próprios professores estarão interessados em enviar para ali alunos, uma vez que os pedidos de acumulação de funções serão mais que muitos - já hoje o são - para se dividirem entre a sua escola e a outra escola, isto é o centro de formação.
Bonito o mundo que nos estão a criar.

escola virtual

Um artigo interessante no NYTimes dá-nos conta das possibilidades e dos desafios da escola virtual.
Estou certo que deverão passar pela escola virtual algumas das possibilidades do futuro da escola, seja portuguesa ou outra. Mas também já referi que não deve ser a tecnologia o centro das atenções, e isto aprendio com engenheiros de telecomunicações, mas as pessoas. É sabido e comummente aceite que os centros da mudança deverão ser as pessoas enquanto as máquinas serão apenas instrumentos, meios, dessa mudança.
Mais a mais quando estas podem criar mundos à parte, individualizados, mas serem também "an ideal choice for kids who don't fit in or can't cope".
É fundamental sabermos procurar os meios, as alternativas e as estratégias que permitam o enquadramento dos miúdos que não se reconhecem nesta escola que temos. O importante não será criar mundo paralelos, nem guetos, sejam de exclusão, excelência ou mediocridade. O importante é criarmos as condições, com recursos aos meios e às tecnologias mais próximos de nós, que permitam criar uma escola inclusiva e de sucesso, senão escolar nem profissional, pelo menos pessoal, ou seja, um espaço onde gostemos de estar.
Afinal, são tantos os mundos da escola que o que mais me assusta é a minha ignorância e a certeza de muitos.

da cultura

Como não podia deixar de ser os grandes também passam pela escola e pelas problemáticas que se lhe relacionam.
J.P.Pereira refere, a propósito do véu islâmico que "Não é um debate simples, nem tem soluções simples."
Geralmente aquilo que passa pela e na escola não tem soluções simples, e é esta uma das grandes questões da escola de princípio de milénio.
Não chega nem de soluções simples, nem de propostas complexas. Então o que é necessário para que a escola, os professores, os alunos a possam usufruir como uma espaço de oportunidades?. Porque, no meu entendimento, é esta uma das questões que se coloca à escola, torná-la, de modo consciente e deliberado, um espaço de oportunidades.
Há, para isso, que quebrar mitos - que a escola é para os que por ela se interessam, para os mais capazes, para os melhores, para os que entendem o trabalho da e na escola - como há que quebrar tabus, que a escola promove é dos professores, que o espaço pedagógico da sala de aula é inviolável e sacrossanto.

das aulas

Saí à pouco de uma aula com uma turma de 9º ano. Antes de entrar a colega que me antecedeu avisou-me que estavam "impossíveis". Estavam mesmo. Procuram, na sua ingenuidade cruel, bloquear o trabalho do docente, impedir qualquer acervo que se pareça com trabalho. Tudo o que seja pensar é inquietante, preocupante, apontado e acusado.
Não é, ao que possa fazer pensar, uma turma complicada, nem daquelas que colocam mundos e fundos de trabalho. Nem por isso. Como quase todas as turmas desta escola, apenas se queixam das rotinas, de ser sempre a mesma coisa, levantar de manhã, andar de autocarro, estar nas aulas, regressar a casa e, no outro dia, repetir.
Se tivessem, pelo menos consciência dessa liberdade que a rotina lhes assegura.

balanço

Nestes dias, final de período, a escola tem outro ambiente, as conversas são ligeiramente diferentes. Fazem-se balanços, comentam-se testes, pintam-se notas de final de período. São balanços.
Um colega estagiário de filosofia, discorre sobre filosofia e lógica. Ponto de partida: o que é a filosofia?, qual o seu papel no ensino secundário?, na nossa escola?.

Novo link

E surgiu um novo e recente blog com Évora em pano de fundo. Évora Comentada, de seu nome e, para variar, talvez decorrente de algumas influências do Verão passado, quem sabe, de origem não assumida. O link aqui fica e reservado no espaço dele.
Longa e próspera vida a quem defende um ideia de cidade para Évora.

Teimosia

Como resultado deste pequeno prazer de hoje se confirma uma tese ancestral, as coisas não surgem do nada, não há gerações espontâneas. Tem de haver trabalho, perspectivas, ideias, debate e muita, muita perseverança. Na escola e na educação as coisas não são diferentes ainda que tenhamos que lidar com o imediatismo da juventude, eu também já fui assim, com os timmings dos políticos, com a saciedade dos colegas, com a exigência pessoal, com as arbitrariedades administrativas, etc, etc.
Mas vale a pena. Principalmente quando sentimos um brilhozinho nos olhos, o sorriso de uma criança, o obrigado de um adulto, o aperto de mão forte de um colega.
Vale a pena lutar. Como dizia o outro senhor e permitam-me citá-lo de cor, há aqueles que lutam um dia e são importantes, há os que lutam muitos anos e são muito importantes, mas há aqueles que lutam toda uma vida, esses, sãos os imprescindíveis.

Link

Como resultado do post anterior já está ali ao lado o link que os conduz à galeria - retorta.

Prazeres

Tenho que reconhecer que estas coisas de quando em vez nos surpreendem, nos trazem gratos e secretos prazeres, pequenas vontades de gritar. As coisas sãos as pessoas atrás das tecnologias, das máquinas, dos computadores, do individual, do não conhecido, do mundo dos blogs da blogosfera. As coisas sãos os sentimentos que nutrimos por quem não conhecemos, o simples gosto de ver, admirar, de parar e ler aquilo que outros dizem em tom de diário, por vezes secreto, por vezes intimo mas sempre, sempre público porque partilhado com a imensa gente da Net.
Hoje cheguei aqui, carreguei o correio e dou com uma mensagem, mais não é do que isso mesmo, do retorta, um portal bonito, feito de muitas imagens e algumas palavras, talvez com prazeres afins. Lá estou eu, referenciado nesse espaço. Sinto-me vaidoso, pronto, tenho que dizer, tenho que assumir. alguém que não conheço, que não me conhece parou no meu sítio, e resolveu referenciar-me. O meu link acompanha agora imagens. Muitas. Algumas a preto e branco, outras com tons de recordações.
Obrigado, Mário Filipe.

segunda-feira, dezembro 8

das ideias

Por enquanto ainda no plano das ideias e não muito explicitas, tenho que referir, que partilhar que me encontro a escrever, a passar para o papel, de modo mais ou menos estruturado, um conjunto de ideias sobre um programa de educação. Programa político, pois claro, que de pedagogia estamos todos muito cheio.
Ainda que não me alongue muito nestes afazeres, posso dizer, para me sujeitar aos comentários, que aponto em três sentidos, diferentes, cada qual com os seus objectivos, mas também complementares, tendo em conta que ainda que cada um possa funcionar de modo próprio, funcionam muito melhor em conjunto.
Estes sentidos são:
as autonomias - sejam elas profissionais, pedagógicas, curriculares, sociais, pessoais, etc. Sem esta capacidade, sem o exercício das autonomias não há escola que resista e tudo ruirá pelas bases, ou pela sua falta. A capacidade dos actores educativos definirem e implementarem os seus projectos, de negociarem as suas ideias, são um dos vectores fundamentais e ainda muito cerceados na escola portuguesa;
a participação - como elemento associado às autonomias, temos e devemos construir uma democracia participativa que corrija as maleitas e reforce o que de melhor a democracia representativa nos ofereceu. Contudo a participação poder-nos-á catapultar para outros parâmetros, para outros níveis;
o sucesso ou, melhor escrito, os factores que, aliados aos anteriores, permitam construir percursos de sucesso para todos. A começar no indivíduo, seja aluno ou docente, funcionário ou pais, na escola, entendida no sentido da meso organização ou nas suas partes constituivas, grupos, departamentos, projectos, e a terminar na comunidade, pois uma comunidade que apresenta uma escola de sucesso será, certamente, uma comunidade que se orgulhará de se si e que será, ou terá mais condições para se mais rica.

blogger

Certamente que não serei só eu a ter razões de queixa do blogger, antes algo fiável e ultimamente a deixar-nos pendurados, a obrigar-nos a fazer algumas brancas, a dar descanso àqueles que nos leêm.
ando a ficar farto e prometo que irei procurar alternativas.

sábado, dezembro 6

A escola dos sentidos

Finalmente encontrei um título que há já uns tempos procurava, "Da Escola Sem Sentido À Escola Dos Sentidos", de António Torrado, Ed. Caminho.
Antes de qualquer observação uma referência onde o encontrei. Acreditam que foi na minha escola?. Mas é verdade, foi lá, com muito gosto, numa pequena feira do livro, lá estava ele, debaixo de um Rei Lear prodigioso, soberbo, como que recolhido na sua simplicidade.
Ao contrário do que se possa pensar não é um livro sobre a escola, mas sobre os sentidos - olfato, audição, visão, tacto e paladar - que não se usam na escola e o seu abuso de um deles. "Na sociedade contemporânea, o império do visual exilou os restantes sentidos para os quartos interiores, onde se acolhem os parentes pobres" (p. 19)
É um apelo ao básico, ao simples, ao anterior, a um momento em que todos gostamos da escola, em que os sentidos, todos os sentidos, fazem sentido, são úteis. "O ensino infantil prolonga a aprendizagem sensorial, atribuindo a cada coisa o nome que ela tem. As cores passam a ter nomes. A decifração objectiva esquematiza. As cores perdem cor ao serem nomeadas" (p. 21).
Apetecia-me repeti-lo até à exaustão, encher estas margens de citações suas. Termino com um desejo de Natal, "Não desiste este livro dos seus apelos à utopia"

Links

Há novas referências na zona dos links, nomeadamente uma zona totalmente nova, ainda muito pobre, sobre blogs lá de fora e que apresentam a educação como tema ou área central.
Há falta de actualizações e de novos blogs em português, pelo menos que consiga referenciar, aqui ficam uns de fora.

Etnias (?)

Afinal, a montanha pariu um rato, uma vez mais.
Chega-se à  brilhante conclusão, de acorco com o jornal Público, que a turma de Bragança possui "apenas" três elementos de etnia cigana, os restante são jovens em risco de abandono e insucesso escolar.
Mas discutiu-se, debateu-se, falou-se como se todos fossemos profundos conhecedores de uma realidade distante.
Apenas pergunto, no final, porque não quis o Conselho Executivo falar?, porque não deu a cara pelas opções dos seus professores e eventualmente suas?, porque se esconderam na indiferença e na distância polí­tico-administrativa do director regional?.
Se sabe, não pergunte...

sexta-feira, dezembro 5

Cursos

Não há fome que não dê em fartura.
O INA disponibiliza cursos de formação em regime de exclusividade para presidentes dos conselhos executivos das escolas ou agrupamentos de escolas. Os conteúdos são à medida de um qualquer governo neoliberal:
código do procedimento administrativo | Ferramentas para a gestão | qualidade nas escolas e contabilidade pública.
É bom, pelo menos vão existir mais pessoas a pensar a gestão da escola. É mau porque vão todos pensar da mesma maneira.
Espero que haja tempo e oportunidade de pensar a gestão estratégica dos actores, o conflito e a negociação, entre outros.

Imagens

É sabido, é conhecido que uma imagem vale tanto como mil palavras. Passem pelo Retorta e percebam o que é falar de educação com imagens em pano de fundo (e alguns pré-conceitos, também, mas as imagens valem a pena).

Jantares

Começo hoje a ronda pelos jantares de Natal associados aos encontros, às profissões, às obrigações. Rituais de Natal com sensações diferentes em pano de fundo. Obrigações e deveres de uma quadra que se vive com frio.

Trânsito

Certamente terão reparado, pelo menos aqueles que por aqui residem ou são obrigados a pass(e)ar, que o trânsito da cidade de Évora está num total caos, numa doida confusão, num hediondo arrepio de pelos.
Para esquecer.

Propostas

É certo que, como já me referenciaram, crítico, discusto teorias e pedagogias e que me faltam propostas. Não concordo inteiramente com esta crítica, uma vez que tenho, bastas vezes, apresentado propostas alternativas, nomeadamente uma que, reconheço, algo radical, a da desregulamentação do sistema para que ele se possa auto-regular localmente.
No entanto, comprometo-me a apresentar alguns pontos, algumas ideias, para a discussão e inseridas na trilogia missão da escola, sucesso dos alunos, modelos de organização.

Discussão

Sobre a escola que temos e a escola que queremos - objectivos, organização, estrutura - chamo a atenção para o blog de P. Serralheiro, Rio Acima, que importa uma discussão com toda a pertinência.
Como ali se refere, é certo que, nos tempos que correm, não há grandes oportunidades de e para a discussão. Mas é importante, é determinante discutirem-se sentidos, objectivos, metodologias, modelos, organização, estruturas, recursos, etc. antes de sermos apanhados desprevinidos.

Recordações

No âmbito desse encontro encontrei uma colega de curso, dos tempos da universidade. Tenho que reconhecer que estávamos iguais, como se nos tivessemos separado anteontem. Pois é, é mentira. A Brincar a brincar já passaram 20 anos (20) desde que entrei na Universidade. Muito tempo, algum tempo para que possa estar tudo igual, na mesma. Impossível, passaram inúmeros anos, inúmeras pessoas, experiências, sensações e emoções que nos levam, que nos obrigam a ser e a estar diferentes.
Mas foi agradável encontrar alguém desses tempos. Temos história, temos um passado, somos gente.

Diferenças

Ontem estive ausente. Fui à civilização, isto é, a Lisboa, a um encontro da Microsoft e de um centro de formação dos arrabaldes de Lisboa sobre o class server 3.0. Interessante, da qual faço três destaques:
1. como há muito aprendi as questões de inovação e mudança não residem em questões técnicas ou tecnológicas, mas sim humanas, de vontades, de iniciativas, de opções, de políticas ao fim e ao cabo; as questões de mudança e inovação socorrem-se das tecnologias desde que existam ideias, sentidos da e para a sua utilização. Por si só as tecnologias pouco ou nada fazem.
2. os desafios são inúmeros, diversificados, perante os professores, perante a escola, para os alunos, confronta os pais, o próprio sistema administrativo e todos, preferencialmente de modo conjunto, integrado e coerente, têm de possuir, pelo menos, o bom senso para ouvir a diferença, para promover a diferença, para a respeitar, mas também para colmatar aquela diferença que acentua a discriminação, que promove a exclusão - social ou digital ou uma perante decorrente da outra;
3. não faltam, nas escolas, nem ideias nem vontades, nem pessoas, faltam protagonistas. Eu sei, é o que mais há nas escolas. Não é desses a que me refiro. Protagonistas no sentido de mobilizarem ideias, arregimentarem pessoas, promoverem parcerias, a quebrarem barreiras, a construirem futuro.
Não é de voluntarismo que necessitamos, não é de boas vontades, é de enquadramento para as vontades existentes, é de se estimular, acarinhar e promover quem quer fazer, respeitar quem quer fazer.
É este sentimento de descoberta, de construir o futuro que não pode nem deve ser hipotecado nas nossas escolas, perante alunos ou professores. A capacidade de construir o sonho e, a partir dele, construir-se um dado futuro é um elemento imprescindível para a escola ter lugar, oportunidade e sentido.

Etnias

Não é por acaso, mas há dias deixei aqui um post que referenciei como interculturalidades. Ontem discutiu-se a etnicidade, a participação e o direito de minorias étnicas acederem à escola. Tudo isto por causa da turma de ciganos numa escola de Bragança. É ali, podia ser em qualquer outro lado. É com ciganos, podia ser com negros, com deficientes. ...
Não é por acaso, mas a nossa escola não está preparada para viver a e com a diferença, as minorias, sejam elas religiosas, étnicas, sociais, sexuais, culturais ou outras.
A escola portuguesa continua e insiste em viver um erro, o do mito da escola de elite, onde apenas alguns privilegiados têm acesso. Antes era por questões sociais e económicas, hoje, minimizadas aquelas, surgem novas razões - culturais, de sucesso educativo e escolar, de diferenças pessoais.
Enquanto a escola permanecer e insistir neste modelo de elite e de indiferença para quem é diferente, não há nada que lhe resista.
Dois destaques mais apenas.
1 - Os pais de Bragança que agora se insurgem contra a turma de ciganos, certamente frequentaram aquela escola, foram formados naquela escola, forma culturalizados naquela escola, foram educados para a tolerância, para a diferença e para combater a indiferença naquela escola.
2 - criar uma turma exclusiva de elementos diferentes pode promover e acentuar o risco do gueto, da ilha étnica, social, escolar ou educativa. É claro que tem vantagens, mas será que são superiores às desvantagens?

quarta-feira, dezembro 3

um traço,
um desejo,
um desenho,
um beijo,
um abraço,
um afago,
um sentimento,
um momento,
uma recordação,
uma oração,
um salto,
outra vez um traço.
Afinal, apenas a palavra.

dos blogs

Depois de um zaping pelos meus blogs preferidos constato que grande parte deles parou, suspendeu o serviço. Por auto ou hetero imposição, vá-se lá saber, o certo é que muitos dos blogs estão desactualizados, parados, suspensos na dúvida.
Será que se assiste a uma reconfiguração do blog, nomeadamente do seu suporte? Aqueles que são colectivos, pelo menos alguns, aparentam ter acção, conteúdo actualizado. Os individuais, alguns dos quais para manter alguma febre pessoal, de protagonismo, de exuberância, parece que se calaram.
A ver vamos.

Andanças

Hoje, desde as 09h30 até há pouco, tenho andado de um lado para o outro, a tratar de papeis, processos, burocracias. É um pequeno mundo onde qualquer cidadão corre o risco de tirar nota elevada na iliteracia da administração pública portuguesa.
Sei que sou eu, cidadão, o interessado, que é difícil compatibilizar interesse individual com interesse colectivo, público. Mas há situações caricatas, típicas de um postal ilustrado do melhor que se faz em Portugal.
Lembro-me de, uma vez e por causa da sociedade da informação, o então ministro Mariano Gago ter referido que, apesar do interesse individual, tiver que ser o serviço a procurar a informação e a instruir um qualquer processo, que a "máquina" da administração pública se simplificava por si mesma.
Falta este pequeno/grande passo que não será dado, estou certo, com as medidas que se reclamam por aí. Não basta privatizar aquilo que interessa aos privados e às empresas, os cartórios e notários, a saúde, algumas áreas do social deixando de lado todo um outro conjunto que, por falta de interesse económico, permanecerá nas mãos do Estado.
Com correio electrónico, com a troca segura de ficheiros e correspondência, para já não falar em redes (Internet, Intranet, Extranet), porque não uma dada repartição questionar outra sobre a situação de um dado cidadão - fiscal, contributiva, etc.??? - e existir troca electrónica de informação, de dados??
Poupar-se-ia tempo, dinheiro e muito, muito trabalho.
O que falta para ser dado este passo?? Vontade política.

terça-feira, dezembro 2

Perfil

Tenho andado à procura de um texto sobre o perfil dos bloguistas e não o (re)encontro. Não queria falar dele sem deixar de para ele remeter alguma leitura directa. Mas, uma vez que não o (re)encontro teço em seu torno dois comentários.
Era sobre o perfil do bloguista. Dizia que, na generalidade dos casos aquele(a) que se dedidicou aos blogs estava ligado a uma profissão que requeria contacto directo e permanente com a escrita, daí citarem profissões como jornalista, escritor, professor universitário. Que se situava, em termos etários, na faixa 25-35, residia no litoral, predominantemente nas grandes cidades e tinha um acesso fácil à banda larga. Outras considerações se teciam, entre a esquerda e a direita, nomeadamente, mas que não recordo com mais pormenor.
Desde que li a descrição deste perfil que fiquei, reconheço, a ruminar sobre a blogosfera. É que, excepção feita à banda larga não tenho mais nenhum outro dos enquadramentos - sou docente do secundário (na minha escola dirão que sou do básico), moro no interior (sei que não é o profundo) e tenho 40 anos.
Isto para já não falar de alguma pretensa intelectualidade que gostaria de criar um pretenso regime editorial para a blogosfera, como se este ambiente, o da Internet, não fosse suficientemente democrático para ter de tudo um pouco - do bestial à besta. Se assim não fosse onde se situariam estes elementos que defendem este perfil e um regime edit(at)orial.
A democracia tem desta coisas, generaliza-se, massifica-se, democratiza-se. Há, efectivamente, pessoas que convivem mal com este sentimento. Mas alguém nos fez o favor de nos deixar viver em Liberdade.

Matemática

Reconheço que sou daqueles que nunca simpatizou com a matemática e não foi por causa dos professores, todos os que tive, particularmente na escola básica e secundária, deixaram em mim marcas profundas do que que é ser professor. Não sei se é por isso se por qualquer outra razão, tenho dado por mim a gostar, melhor dito, a apreciar, a matemática, não o seu pensamento, mas o número em si. A ternura esbelta do 1, a sensualidade das curvas do 8, o aconchego do colo de um 4, etc.
E dou por mim a cair e a apreciar um blog que decorre da matemática para apreciar o mundo. Vale mesmo a pena passar por lá, estar um pouco por lá, apreciar os desenhos e as imagens que coloca ao nosso dispor. De seu nome Ruminações Digitais, ou dito como url sonhoslx.
Vale a pena.

Ausência

E foi forçada, nada tive a ver com o facto de me ter ausentado, ainda que temporariamente. Senti falta dos meus blogs habituais, falta de colocar aqui palavras, de as ver com outro formato que não este em que escrevo.

Liderança

As questões da liderança encontram-se genericamente estudadas e identificadas, seja no âmbito da sociedade em geral, seja na escola e na educação em particular. Assentam elas, basicamente, na existência de um projecto, na estabilidade da equipa, na transparência e clareza de objectivos e no envolvimento e participação dos actores.
Podemos não possuir aquelas características e condições inatas inerentes à liderança, podemos e devemos fomentar as características em que a liderança assenta, tendo presente a necessidade de fomentar um clima e uma cultura organizacional que permita a prossecução de objectivos, o envolvimento e a participação de actores.
Não é isto que nesta escola existe. Falta, fundamentalmente, bom senso, saber de experiência feito, para poder analisar as situações com que nos deparamos, as medidas que devemos fomentar, a participação que devemos estabelecer.
E depois dizemos que as escolas não funcionam. É errado, o que não funciona é o bom senso das pessoas.

Questão de feitio

Tenho consciência de alguns dos meus defeitos que decorrem do meu feitio. Um deles diz respeito a alguma intransigência na defesa de princípios, ideias, valores. Se podem ser comumente aceites na generalidade dos casos, situações há em que podem e devem ser considerados defeitos.
Isto a propósito de ter sido, pela segunda vez, convocado para uma reunião com o órgão de gestão em dia e hora em que não estou na escola, em que não tenho qualquer tipo de obrigação, em que me obriga a deslocar. Isto quando tenho inscrito no horário qualquer coisa como 6 horas para "procedimentos técnico-pedagógicos", desde apoios e complementos educativos, horas de direcção de trurma e/ou horas de complemento de horário. Nestas horas, nestes tempos que se encontram distribuídos ao longo da semana, o órgão de gestão não tem possibilidades nem disponibilidade. Nas outras não tenho eu.
Sou intransigente?, sou, só posso ser perante a desconcideração e a falta de bom senso.

segunda-feira, dezembro 1

Natal

Este o primeiro dia do mês do Natal.
Impressionante como o tempo se escoa, como se esvai feito sangue quente a sair de ferida aberta.
Último mês de um velho ano.
Um bom mês para todos.