terça-feira, dezembro 9

abandono

O ministro da Educação, David Justino, conhece razoavelmente o sistema. Muito antes de ser deputado e na sua bancada liderar as questões da educação, já trabalhava a escola e percorria os corredores do ministério.
Não é de estranhar pois, que apresente um conjunto de propostas mais ou menos coerentes sobre o sucesso, o abandono e o absentismo escolar.
Em notícias hoje veiculadas, prepara-se um novo pacote de medidas que visam o abandono da escolaridade e a definição de percursos formativos.
Basicamente todos estaremos de acordo. É determinante que as pessoas obtenham um nível de qualificação e formação que os favoreçam na vida e perante as adversidades e onde a massa cinzenta ocupe lugar de destaque.
A supresa surge na clara e directa associação com o ministério de Bagão Félix. Se esta associação à partida não seria de estranhar, já sinto alguns receios quando professores, pais e os próprios alunos começarem a exigir sair da escola, da nossa escola, desta escola que conhecemos, para ir para um centro de formação do IEFP.
Criar-se-ão, deste modo, dois mundo paralelos. Um, marcado pela escola "tradicional" frequentada por aqueles que lhe reconhecem interesse e utilidade, os filhos da classe média e alguns "instruídos", onde o sucesso é afirmativo, onde as pessoas gostam de trabalhar, onde a meritocracia tem lugar de destaque e se disputam as virgulas, e uma outra escola, a dos coitadinhos, aquela que só interessa aos que não têm sucesso, não reconhecem interesse na escola "tradicional", aos que não têm condições e apoio - social, económico, familiar - para disputar um lugar ao sol.
Mas um outro mundo se destaca, estou certo. Os próprios professores estarão interessados em enviar para ali alunos, uma vez que os pedidos de acumulação de funções serão mais que muitos - já hoje o são - para se dividirem entre a sua escola e a outra escola, isto é o centro de formação.
Bonito o mundo que nos estão a criar.