dos medos
Dizem os colegas do Mocho, que se sente que o(a)s professore(a)s têm "receio de emitir opiniões, um receio de assumir a profissão com a dignidade que merece".
Não é fácil, nos dias que correm, nos tempos que nos consomem, ser qualquer coisa, defender uma ideia, um ponto de vista, uma perspectiva. Corre-se o sério risco de ser acusados de penalizar alguém, fulanizar e individualizar questões, desconsiderar a opinião ou a ideia do(a) outro(a), ser acusado(a) e apontado(a) de dificultar o trabalho dos restantes, criar embaraços, não querer que as coisas avancem, corram.
O problema é que não só estamos a formar pessoas com claros sintomas de acefalia, como nós próprios, nos nossos locais de trabalho, nos estamos a tornar acéfalos, indigentes de propostas formatadas e que possamos encaixar no nosso quotidiano, mais do que as pensar, as criar, as procurar.
Ontem referi que uma turma apresenta dificuldades em aceitar aquilo que é diferente que sai do seu quotidiano. Não só as turmas, os próprios professores têm claras dificuldades em deixar, apenas isto, em deixar um espaço de hipótese, de oportunidade, de análise para uma eventual consideração àquilo que se lhe apresenta de diferente, que quebre a sua rotina da santidade da sala de aula.
Penso que apenas por intermédio da colaboração entre docentes, da formação conjunta, da troca de ideias sem medos nem teias de aranhas, nos poderemos atrever a experimentar, a criar bases de evolução, de rotura, de sonho.
Como me dizia um distinto colega "Ter bases é perseguir caminhos de experiência sem medo e, ao mesmo tempo, absorver algum testemunho dos outros (o estudo). Um e outro são vias essenciais para as quais não há que ter pressa, mas apenas (justa) ambição". Falta-nos, nas escolas, esta justa ambição.
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