terça-feira, dezembro 16

da sociabilidade

Em final de período pensa-se e repensa-se o trabalho desenvolvido, as acções tomadas, os objectivos definidos, as estratégias adoptadas. Pensa-se em muito e variado trabalho. Pensa-se no trabalho que é o trabalho de preparar as reuniões de avaliação, carregar faltas, apurar de todos os documentos necessários, coligir a informação essencial, arregimentar papeis e assuntos.
Pensa-se em quase tudo, menos no trabalho que é o próprio trabalho. O seu modo de organização, as formas e metodologias de colaboração e apoio entre docentes, o treabalho desenvolvido com os alunos.
A conclusão a que chegam, nesta escola, diferentes colegas é a da sociabilidade. em princípios de milénio, num país que vai organizar um europeu de futbol (certamente acomapnhado com fado e a inolvidável presença de Eusébio da Silva Ferreira) há alunos que, com 14, 15 ou 16 anos, não sabem distinguir comportamentos sociais entre o estar em casa, o estar no café ou o estar numa sala de aula. Não é por falta de educação, não é por desrespeito aos doentes ou à instituição. Apenas não foram orientados para criar, na sua mente, esta divisão de espaços, comportamentos, atitudes e diferença de valores.
Esta atitude, eventualmente típica de uma contemporaneidade e não propriamente do mundo rural, marca, de modo perfeitamente indelével, os comportamentos e a relação entre alunos e professores, razões de sucesso e aproveitamento.
Pensar este trabalho torna-se determinante, porque os seus reflexos ir-se-ão fazer sentir, basicamente, dentro de 4 ou 5 anos, num descuido profissional, numa desorientação típica, numa lei do desenrasca nacional, individualista e apelativa de valores não concordantes com a integração e respeito da diferença.
Há que quebrar mitos, há que criar condições para se (re)pensar aquilo que queremos, como queremos e em que condições queremos.