segunda-feira, outubro 20

À segunda feira começo cedo. Depois de um fim de semana cançativo (parece incrível, mas é a mais pura das verdades) volto com mais vontade de pegar a semana pelos cornos.

E esta semana é especial. Faço, amanhã, 40 anos. Desculpem-me lá a confidencialidade, desculpem-me lá ser tão sincero.

Tenho tentado sentir esta coisa, provavelmente maravilhosa, da ternura dos 40 e, até ao momento, nada. Talvez seja porque ainda não os fiz. Sinto, efectivamente, um certo peso nos ombros. Por vezes, de modo particular quando dou por mim distraído, um pouco mais velho, um pouco mais ouvinte, mas só quando estou distraído, depois passa, e volta tudo ao normal, a impetuosidade verbal, alguma incontinência na palavra, enfim, tudo normal, apesar da idade.

Mas é um momento significativo, este o de fazer 40 anos. Convenhamos, não é todos os dias que fazemos 40, não é todos os dias que conseguimos chegar aos 40. É com sentimentos mistos, misturados, entre algum prazer e uma sensação de trabalho incompleto o estado de espírito com que aqui chego.

Provavelmente a ternura dos 40 decorrerá de alguma instrospecção que, nesta altura, conseguimos efectuar, um primeiro momento de avaliação, ordinário, ainda por cima. Conseguimos, talvez, perspectivar aquilo que nos falta, o tão pouco tempo que temos para as coisas simples.

Não voltamos a ter esta idade, aquela que os gregos diziam que era a do meio, a da virtude.

Talvez....