segunda-feira, outubro 20

Na continuação do "post" anterior coloca-se-me a circunstância de estar em vias de perder dois alunos, ambos pelos mesmos motivos, desinteresse, alheamento, falta de sentido para a escola, falta de objectivos pessoais que passem pela escola.

Provavelmente um dia, quando a dispurta dos e pelos alunos deixar de se circunscrever ao sector privado e o ensino público necessitar de cativar alunos, se encontrem razões e factores que permitam contrariar esta situação. Hoje, pela falta de incentivos e de ligação entre a escola e a vida, particularmente, os alunos desistem, os docentes pouco fazem, para além de expressar alguma da sua tristeza, alguma da sua incapacidade. Mas deixam-se ir, deixam os alunos partir para aquilo que é uma certeza constrangedora, a da ignorância, a da falta de condições e capacidades de adaptação ao mundo.

Não quero nem pretendo, com este meuo olhar, denegrir o trabalho docente. É certo que o viso, não escondo, que pretendo contrariar alguma da inoperacionalidade que encontro no trabalho dos meus colegas, em procurar "remar contra a maré". Mas não sou nem pretendo ser D. Quixote, como não pretendo dizer ou escrever que todos agem mal.

Não estão, e este é o meu sentir, criadas as condições na generalidade das escolas, que permitam contrariar o absentismo, a falta de sentido e de oportunidades para a escola. Não estão é reunidas as condições que permitam e possam justificar a pertinência da educação formal.

O que falta? equipas de projecto, orientadas quase que exclusivamente para este fim, uma ideia de escola da qual, para la
em das retóricas, todos façamos parte, uma articulação entre poderes e instituições, escola, câmara, juntas de freguesia, ipss, projecto e acções locais, associações várias, que permita criar uma malha apertada que evite a fuga à formação, à aquisição de saberes.

Faltam equipas, acções, projectos que introduzam os saberes populares na escola, que valorizem a escola por intermédio da valorização do local, das culturas próprias e específicas de cada bairro, de cada aldeia, de cada distrito.

Falta organizar o trabalho docente no sentido de se sentirem pertencentes à escola, à cultura que ela detém e que ela veicula, de se sentirem integrados no concelho onde, ainda que esporadicamente, param.

Falta, em resumo, permitir que os docentes, nas escolas, tenham possibilidades de organizar a sua ideia de escola, de a debater, de a concensualizar, de a harmonizar, de a avaliar. Como?, por intermédio da desregulamentação legislativa, pelo respeito e pela assunção das autonomias (pessoais, em primeiríssimo lugar, mas também profissionais, pedagógicas).

Por onde começar, por nós mesmo, por mim mesmo, pela minha pessoa. Como valorizando a pessoa que encontramos, o trabalho que desenvolve, os conhecimentos que detém, os gostos que tem. Por acentuar a sua capacidade individual, por incrementar o seu espírito crítico, a sua autonomia.