sexta-feira, outubro 3

do nome e do anonimato

Reparei, em face do zaping que faço sobre alguns dos blogs meus preferidos que, na zona de Évora, mas não só, circula uma discussão sobre o anonimato ou a transparência dos blogs.

Aparentamente poderia ser uma discussão vazia, sem sentido, despropositada. Não creio.
Quem conhece, minimamente, a história dos blogs sabe que eles começaram e se afirmaram pelos autores dos textos, pela assunção das ideias e das opiniões que se veiculam desta maneira.

Quando me propuz e dispus a criar o meu próprio blog fi-lo mediante um "cartão" de apresentação. No primeiro momento de escrita, em arquivo, digo quem sou, o que faço, as minhas simpatias e preferências. É, considero, importante para percebermos qual o sentido e a oportunidade da discussão, para a compreensão das ideias e das opiniões daquele que escreve. É importante para podermos replicar, discutir, contradizer ou apenas reafirmar o que está dito/escrito.

Brincar ao toque e foge, no refúgio do anonimato pode ser interessante e criar na cabeça daquele que o promove, um espírito algo vouyer, excitar quem escreve sobre a possibilidade de os outros não saberem quem é mas desconfiarem de quem possa ser. Mas quem escreve, neste ou noutro qualquer lugar, fá-lo para reconhecimento, pessoal, colectivo, social ou em qualquer outra dimensão. Entra-se, deste modo, numa forma de contradição em face de que escrevo sob pseudónimo mas com a pretensão de alguém me reconhecer.

Aqueles que são conhecedores que o digam, mas penso que existe algo Pessoano nesta atitude, que fica, quase de certeza, muito aquém daquilo que Pessoa pensava ou queria com os heterónimos, pseudónimos ou anonimato.

Alguns dos blogs que ganharam destaque e referência nacional são-no porque são associados a uma dada pessoa, com nome, rosto, ideias e posições mais ou menos conhecidas, de acordo com o seu próprio nível de mediatismo.

Reconheço, assim, que prefiro e apenas consulto - em zaping - aqueles que são assinados, cuja paternidade (ou maternidade) é reconhecida e assumida pelos seus criadores.

Os outros deixo-os andar a bolinar pela estratosfera à espera de um momento mais ou menos oportuno, para morrerem.