segunda-feira, março 22

com os pais

Hoje, com alguma surpresa da minha parte, fui convidado a estar presente numa reunião tripartida, nada mais, nada menos, que pais/encarregados de educação, os alunos/filhos/educandos e os respectivos docentes da turma.
Com alguma satisfação da minha parte muitos dos pais faltaram, como faltaram alunos, como faltaram docentes. O meu receio era o de aquele encontro servir basicamente para lavar roupa suja o que nunca é agradável, reconheça-se.
Felizmente isso não aconteceu. A directora de turma soube (ponto de vista de um dos docentes) conduzir o encontro e acabou-se numa partilha de responsabilidades onde nada se definiu, porque era impossível definir o que fosse que servisse como ponto de ancoragem para um trabalho pedagógico.
Reconheço e sempre que possível o defendo na prática, a importância dos pais e encrregados de educação na vida da escola. como considero determinante que os docentes oiçam o que os pais têm para dizer.
O acto pedagógico, por muito que não pareça, é um acto colectivo, definido entre diferentes parceiros, estes mesmo que hoje se juntaram e outros (autarquia, nomeadamente) que precisam de dar o seu contributo.
Mas o carácter determinante estratégico da participação de uns e de outros não pode nem deve decorrer em situações de aflição. Nestes momentos apenas procuramos juntar cacos, reconfortar almas e apaziguar aqueles que, de um modo ou de outro, se alhearam do processo.
O problema deste grupo/turma é muito mais vasto que um simples debate que junta pais, docentes e alunos. Reside no alheamento, no desinteresse, na falta de objectivos e pontos de fuga que passem pela escola. Passa por todo um trabalho perante o qual estes mesmos protagonistas devem cooperar no início, durante e no final do ano, porque sentem, entre si, pontos de interesse e de ancorajem comuns e não porque se deram conta de se encontrarem num beco.
Foi, ao fim de 15 anos de serviço, a primeira vez em que participei num destes encontros tripartidos. Percebi, ainda mais e um pouco melhor, a necessidade de juntar uns e outros para que a escola possa ser.
Isso mesmo, assim, sem mais palavras, apenas ser. A escola ser, implica algo que cada um constrói, em face dos seus objectivos, dos seus interesses, de um conjunto de valores que são comuns mas partilhados, no respeito por aquilo que cada um é e quer ser.
Talvez desse modo a escola ganhe outros sentidos, outros interesses e os jovens se reconheçam nela.