segunda-feira, março 15

das (in)competências

A propósito do post do Miguel, sobre as competências, com o qual concordo em toda a linha, acrescento, se me é permitida a ousadia, uma ideia que tem ruminado nesta minha cabecinha há alguns dias a esta parte e que decorreu do confronto de ideias com o filhote em pleno 4º ano.
E se o problema da escola, do alheamento, do desinteresse, da falta de organização, do insucesso, da fluidez de objectivos, da imprecisão de ideias, da incerteza quanto ao futuro, do carácter incerto da escola e da formação, não se encontrar na escola, ou pelo menos não ser exclusivo da escola, mas partir também da relação individual que a pessoa, o estudante e a sua família tem/têm com a sociedade em que se insere, a sua própria ideia de motivação para o estudo e para a formação?
Procuro colocar o tema de uma forma mais simples, então e se o problema do insucesso da escola residir na desmotivação da própria pessoa perante a escola?
Que capacidades tem a escola de incutir expectativas? Que possibilidades tem a escola de alimentar vontades? Qual o papel do indivíduo na construção da sua vontade?
Tal como os americanos afirmam, e em tradução livre, onde existe uma vontade existe um A (nota máxima do sistema, equivalente ao nosso nível 5). Neste sentido, há necessidade de uma vontade para que o sistema se altere, para que o insucesso se esbata, para que haja compreensão do trabalho de uns e de outros. Que capacidade tenho eu, professor, de motivar um aluno que não vê interesse na escola? Que capacidade tenho eu de incentivar um aluno que não encontra, em mais lado nenhum, estímulos de trabalho e de formação? Que posso eu fazer, como professor, para incutir curiosidade, espírito crítico, capacidade de observação a quem gosta de nada fazer, do alheamento e da passividade?
Assumo que a escola não se pode nem se deverá alhear do alheamento e do desinteresse dos seus alunos. Mas não será da exclusiva responsabilidade da escola o seu falhanço, isso são provas antigas que teimamos em esconder ou tornear.