quinta-feira, março 4

dos exames

Num dia em que a temática marcou e certamente marcará a agenda era quase incontornável a temática.
Não é meu hábito discorrer sobre temas que estão na agenda do dia, que são manchete ou destaque em telejornais. Reservo esses momentos para que a areia possa levantar o suficiente, todos ouvirmos a multiplicidade de argumentos que nos são concedidos pelos diferentes órgãos de comunicação social. Geralmente, apenas passada a sofreguidão de informação e assente o pó procuro dar o meu contributo e racionalizar algumas das ideias.
Agora faço-o porque tenho a clara consciência que é um assunto querido a muita gente (para o bom e para o mau) que é um tema horizontal a muitos dos quadros, quadrantes e dos profissionais deste ofício.
Certamente que o senhor ministro terá, justificadamente ou não, não sei, dois objectivos.
Por um lado procurar, junto da opinião pública menos (?) esclarecida, credibilizar o sistema, assegurar uma ideia que, mediante a realização dos exames, o sistema é mais justo, mais correcto, tem mais rigor e maior credibilidade. Típico do pessoal de direita. Já tem mofo e cheira a bafio. Tenho consciência que o senhor ministro sabe disto e tem consciência disto.
Segundo grande objectivo com múltiplas aplicações, um quasi poliedro político-profissional. Condicionar o exercício das autonomias locais, seja escolar (condicionando, limitando e estreitando as possibilidades de definição de projectos próprios, educativos, curriculares e/ou outros), profissionais (estes exames permitirão também perspectivar ilações sobre o trabalho docente, mediante uma avaliação inferida, inquirir sobre práticas e metodologias, opções estratégicas e didácticas dos professores), seja funcional e administrativa (porque o sistema político e administrativo do ministério não estará a pensar ficar incólume à avaliação, certamente).
O certo é que, com esta medida se pensará com um tiro acertar em vários coelhos. Espero, faço votos e darei o meu corpinho ao manifesto, para que não mate nenhum e o tiro lhe saia pela culatra.
Devagar, devagarinho, de mansinho e sorrateiramente daqui a pouco teremos um sistema educativo que nem Salazar imaginaria conseguir.