quarta-feira, março 24

fui a beja

e vim mais reconfortado, mais cheio de alentejo.
vale a pena passar por todo este alentejo, degustar um queijo picante da terceira (surpresa minha), entreter-me com um posta de bragança (perguntei pelas meninas, não vieram), uns tintos do douro e outros da mealhada.
gostei de comprar marroquinaria barata, para a minha pessoa (uma pasta que a outra já deu o que tinha a dar), uma mala toda boneca para a filha, um chapéu ao filho.
gostei e gosto do espaço, funcional, elegante bem arrumado, bem pensada a feira.
pena é que ou não tenha tido oportunidade ou não tenha dado com ele, não encontrei um espaço de cultura arrojada alentejana.
apenas mais do mesmo, as planícies a darem as suas notícias, a cultivarem uma imagem passadista, estagnada, ultrapassada (?) da cultura desta região para o tio e para a tia da picheleira de baixo de lisboa ou dos rios tortos do norte.
procura-se conservar este imenso espaço em banho maria, em formol. o nome, descobriram há uns tempos, vende, e então há que conservar a tradição, assegurar que tudo se mantém igual. nada de mais errado. vamos dar de frente com o muro da inglorância, vamos, mais dia menos dia, descobrir os belos tintos da Estremadura espanhola, como já descobrimos os enchidos e os presuntos.
vai-nos sobrar paisagem. ainda por cima alterada, transformada porque todos pensam que é assim o alentejo.
falta arrojo, falta sermos ousados, falta imaginação, falta talvez vontade e atitude de ser diferente, respeitando valores e tradições, mas sabendo com eles ousar e ir em frente.
é preciso ir em frente. é necessário ousar.