quarta-feira, março 10

do analfabetismo

Nunca imaginei que um simples pensamento - tudo igual - o post anterior - pudesse desencadear tantas reacções.
Concordando, na generalidade, com os princípios que expõem, discordo com o facto de ser inultrapassável, ser assim, inevitável este analfabetismo político.
Concordo plenamente com José Pedro Pais acerca deste ponto. Constrange-me, ofende-me, magoa-me o facto de sentir que, passados quase trinta anos após Abril de 74, formadas várias gerações, muitas das quais fora de qualquer controlo político e ideológico ainda se receie a defesa de uma posição política, a assunção de princípios ideológicos, de opções partidárias.
Passados quase trinta anos após Abril de 74, ainda muito está por fazer, muito está por revolucionar, muito está por iniciar.
Muito do que há por fazer passa pela escola, inevitável e incontornavelmente. Pela atitude dos professores que se deverão afirmar não apenas como funcionários públicos mas como cidadãos participativos, responsáveis e criadores de futuro. Pelos sindicatos que, para criticar o sistema (de colocações agora na onda) não têm nem de desprestigiar nem de denegrir os docentes como se fossemos todos muito poucochinhos e coitadinhos que não nos entendemos nem com a Internet nem com os formulários on-line.
O resultado do FCPorto de ontem é também o chegar à praia de novas formas de entender as mesmas coisas de sempre, como um outro olhar, com novas e diferentes atitudes, com uma nova organização e um diferente sentido organizacional.
Talvez seja este o ponto, a curva que falta fazer para que Abril aconteça sempre, sem receios, nem vergonhas, dar a volta a uma geração que, já aqui o escrevi por diferentes vezes, não tem fantasmas no sótão nem esqueletos no armário.
Até lá resta-nos apenas o esforço de, na escola, na esplanada, no bar, onde quer que seja, se defenda Abril, todo o ano, como se estivesse em causa o fim da democracia, da liberdade, o futuro.