quinta-feira, março 4

História

Sou docente da disciplina de História. A minha formação inicial é em História. Portanto, aquilo que vou dizer é condicionado por esta minha formação, por este meu olhar, como diria o Miguel Pinto.
Vem na sequência de um post do blogue Saudades de Antero, que destaco e sublinho da sua pertinência nos tempos que correm, nos esfumar dos dias, quase iguais uns aos outros.
Andamos muito preocupados com aquilo que os ingleses definem como literacia e numeracia. Angustiados com o facto de pouco conhecermos e falarmos a nossa língua, e desconhecermos, e muito, o raciocínio da matemática. É certo que são temas preocupantes, constrangedores nas suas limitações para a capacidade de desenvolvimento de um raciocínio lógico, coerente.
Acontece que esta preocupação que se traduz na desvalorização de disciplinas como a História levar-nos-á, mais dia menos dia, a constatar da incapacidade de perceber o presente e da impossibilidade de construir um futuro.
Sem memória, sem conhecimento do que fomos, de onde vimos, quais os caminhos que percorremos dificilmente compreendemos a banalidade do que é quotidiano e dificilmente discernimos entre o essencial e o acessório.
Provavelmente esta situação agradará a alguns.
Para remate de um tema que me é caro e que daria pano para mangas, apenas um excerto da citação de António Sena, retirada do blogue Saudades de Antero

É impossivel existir uma «cultura portuguesa» sem conhecer o que fizeram os seus fotógrafos, os seus artistas (...), os seus editores, os seus tipógrafos, os seus designers, os seus cientistas, .

Será que se quer uma cultura portuguesa? ou que cultura portuguesa queremos nós?