domingo, novembro 30

Testes

Estou entretido, como se pode constatar, a corrigir testes. É missão com a qual não simpatizo, reconheço. Mas o pessoal exige testes, crítica-se o modelo de escola, mas solicita-se, exige-se a realização de testes.
Sem eles a escola parece perder algum do seu sentido, da sua obrigatoriedade, do sentimento de estarmos ali. Aparentemente aqui andamos para sermos testados, para fazermos testes. Se têm sentido, se estão bem ou mal feitos, se medem ou testam alguma coisa, tenho sérias dúvidas que alguém se preocupe, nem professores nem alunos, muito menos pais/encarregados de educação ou conselho pedagógico.

Desactualizações

A Flor da obsessão diz e com razão que "O mais terrível de um blogue é a sua perpétua desactualização".
Os links que referenciei à esquerda estão, na generalidade dos casos e com particular destaque para os da área da educação e com Évora em fundo, desactualizados. A permanecerem assim serão, a breve trecho, retirados.
Lamento os incómodos e alguma da frustação que se possa sentir, mas, como compreenderão, a responsabilidade não é minha.

do pessimismo

Comentaram-me que tenho uma visão pessimista da escola, que relato as dificuldades dos professores por vezes entremeada entre a teoria e a pedagogia.
De quando enquando procuro reler os meus próprios escritos, não procuro nada em particular, apenas saber se concordo com aquilo que vejo escrito. Não houve ainda um post com o qual eu tivesse discordado frontal ou totalmente.
Se são teóricos?, se são da pedagogia?, talvez, apenas decorrem do meu olhar a escola, por dentro, de dentro.
Desde o meu primeiro post que me assumo, reconheci gostos e preferências, a minha página na Net está aí disponível para esmiuçar aquilo que sou e aquilo que defendo.
Em resumo, não sei como hei-de aceitar o comentário, se crítico se de incentivo.

De regresso a Évora

Estou certo que os elementos da câmara de Évora procuram dar o seu melhor, seja por intermédio da aplicação de um programa para o qual foram eleitos, seja na sua adequação às possibilidades que se determinam (do ambiente em que se encontra, das possibilidades financeiras, dos constrangimentos políticos, etc).
Se é certo que não se pode nem se deve cair na excessiva rigidez, ao ponto de nos tornarmos inflexíveis na gestão de um programa que traga, quando confrontado com a realidade, desajustamentos, desfazamentos, despropósitos entre o inicialmente desenhado e o que se perspectiva como oportuno, tanto do ponto de vista dos eleitos como dos eleitores, é também certo que se têm que determinar formas e modos de contornar obstáculos, confrontar o público com situações impostas e verdades feitas, pré conceitos e encomendas públicas.
Isto a propósito de uma notícia do Público de hoje, domingo, 30/11/2003.
Sempre tive uma leve consciência que o PS se encontra "entalado" entre uma atitude derrotista e invejosa do PCP, e a raiva empedernida e revanchista do PSD, situação que dificulta, e muito, a gestão dos municípios geridos por elementos do PS.
Estou certo que a esta situação não é indiferente a notícia referida, nem a sua referência que o distinto governador reune com uma associação de interesses e não com a câmara, que ao longo de toda a notícia a única referência à câmara seja no contexto do acordo do então ministro, Sasportes, com o então presidente da CME, Abílio Fernandes, e das alterações entretanto ocorridos.
Sobre uma possível política local onde a biblioteca, seja a pública seja uma municipal, tenha enquadramento nada, nem uma palavra. Não há?, não houve oportunidade de questionar? enfim...

Autoridade

Autoridade sempre andou muito perto de autoritarismo. Com um governo de direita, entremeado com grandes pinceladas de extrema direita, de uma direita radical, não é de estranhar que uma simples notícia se transforme numa auto-justificação.
Refiro-me a quê? A esta brilhante citação do Público de hoje, domingo, 30 de Novembro:
A PSP vai voltar a usar gás pimenta e bastões eléctricos. Estes meios intermédios de dissuasão policial regressam na sequência do aumento das agressões a agentes, numa altura em que uma crise de autoridade parece ter-se instalado.
É o regresso do conceito de vida bafiento, "salazarista, o sentimento da certeza de uma consciência tranquila dá-lhe uma paz de dever cumprido, de céu atingido em vida, de que não deve nada a ninguém" gratas palavras de um blogue desportivo.

Estamos bem e gostamos. Será que merecemos??

Preguiça

Peço desculpa da eventual irreverência, mas sou alentejano e escrevo num domingo cinzento, salpicado de pequenas pontas de chuva aqui e ali.
E se falássemos da preguiça, da indolência, do gosto de nada ter para fazer, do gosto de nada apetecer fazer. Sei que é pecado, e dos mortais, mas sinto um enorme prazer em disfrutar do prazer do nada fazer.
Os meus dedos contactam com este teclado, algumas ideias perpassam para a folha branca do monitor, e o prazer assume a forma de palavras, frases, sentimentos.
Afinal é fim de semana e as frivolidades marcam presença.

sábado, novembro 29

Bloguices

É óbvio que ninguém escreve neste espaço da blogosfera para passar despercebido. É óbvio que há muita coisa na blogosfera, tão diversificada quanto os seus actores e autores. Variando entre a boa crónica e a má língua, o assim-assim da imaginação ou da crítica, entre o sufrível e mesmo o medíocre quanto aos alvos que escolhem ou às ideias que não têm. É também óbvio que o mesmo autor escreve com diferentes personalidades, diferentes ritmos e interesses de acordo com a hora do dia, a disposição do dia da semana, ou a altura do mês ou simplesmente o local onde e para quem escreve.
Neste sentido, tenho que concordar com Luís Carmelo relativamente aos comentários do dicionário do diabo.
Na parte que me toca, do desconhecido ao sufrível, apenas procuro discorrer sobre um quotidiano, o meu, um interesse, o meu, fazendo votos para que me sinta acompanhado na imensa solidão da ignorância, certo da "frivolidade do meio bloguístico".
Contudo, procuro não escrever para os amigos e muito menos para a família.
"Por mim, prefiro o acentramento, as assimetrias, a agenda não importada, a delonga não obrigatória, o fluxo das mil lógicas (do lixo à excelência), o suspenso, o debate sem rumo, a crítica aérea e terrena, o encontro mágico, a paródia, o humor e o resto", concordo Luís Carmelo.

Interculturalidades

A SIC passou, há hora de almoço, um apontamento sobre estudantes islâmicas em França e a discussão que se instalou há já algum tempo sobre o uso da "shara", o lenço muçulmano das mulheres.
Entre defensores da tolerância religiosa e os defensores da liberdade feminina atire-se moeda ao ar e escolha.
A minha referência decorre do facto de pensar que, se fosse aqui, nesta santa terrinha à beira mar incrustrada, que se passasse uma situação idêntica, estou certo que muita tinta correria, muita discussão seria fomentada e a escola pouco ouvida.
A nossa escola, na gneralidade dos casos, não está preparada para a diferença, seja ela cultural, seja ela de que tipo for. Apesar de existirem inúmeros projectos, um dos quais designado de interculturas, estou quase certo que uma situação desta numa escola portuuesa seria de fugir.

É o primeiro fim de semana em que o comércio tradicional está aberto. Gosto de percorrer as ruas, sentir o cheiro das castanhas a assar, as pessoas a olhar as montras à procura de uma recordação de uma lembrança de ou para o Natal ou apenas o vaguear no meio da gente.
A iluminação de Natal nesta cidade de Évora é franciscana. É certo que pouco há para fazer, mas não lembra ao diabo colocar simples adornos de azevinho pelas ruas. Falta imaginação, falta arrojo e, certamente, que falta também dinheiro.

sexta-feira, novembro 28

Aos professores interessa saber que já está disponível, no sítio do ME, para consulta o novo modelo de Selecção e Recrutamento do pessoal docente - ver.

Esta área a que me dedico, a da educação, tem vários correlegionários, diferentes actores e, certamente que não de modo consequente, tem também diferentes pontos de vista.
Luís Carmelo chama a atenção para um artigo onde a dimensão das escolas, a escala faz a diferença.
Para além da dimensão as escolas, algumas escolas sublinhe-se, da terra do tio sam têm também outras diferenças, pelo menos ao nível a que falamos, escolas secundárias, a capacidade de definir e de implementar um modelo definido no seu seio, negociado entre os seus actores e implementado por eles.
É óbvio que têm desvantagens, que apresentam alguns inconvenientes, e alguns são significativos, mas esta capacidade de definirem local e territorialmente os seus objectivos é um factor de vantagem à qual acresce a escala.
As nossas escolas são, na sua esmagadora maioria, pequenas escolas, onde todos nos conhcemos, onde, na generalidade dos casos, conhecemos a família, cruzamo-nos com eles no supermercado. Mas esta escala não tem sido, para nós, factor de vantagem e uma mais valia acrescida.

Só para terminar este post, talvez seja esta - a escala - uma das razões que impede o discurso da privatização das escolas por parte deste governo. Se se fala na privatização da saúde, de sectores da justiça e da segurança social, tenho estranhado, e talvez resida aqui a resposta, a ausência desta proposta por parte de D. Justino.

Quando ontem, 5ª feira, peguei na revista Visão e vi um dos destaques de capa, sobre o "que fazer quando as nossas crianças não aprendem", confesso que senti um certo calafrio sobre o que podia lá vir dentro.
Assumo, pensei que ali estariam presentes mais um conjunto dos habituais lugares comuns, das banalidades e das vulgaridades que se escrevem sobre a escola, a aprendizagem, os professores e as relações gastas sobre as causas eventuais do insucesso.
Puro engano. Não é um apontamento salomónico, mas quase, isto é, reparte as culpas do insucesso - da não aprendizagem, melhor dizendo - entre professores, "escolas", crianças e pais procurando as suas causas entre o que podem ser factores internos à pessoa e externos, decorrentes do meio em que se insere.
É precisamente neste entrecruzar de possibilidades - o que é da pessoa e o que é adquirido, o que são comportamentos "doentes" e o que são vícios, o que são atitudes desorganizadoras e desestruturadoras e o que é rebeldia, indiferença e alheamento - que se coloca o trabalho do docente, tentar determinar, estar atento e ser perspicaz ao comportamento das pessoas que tem pela frente.
Acreditem que não é fácil. Lidar com um centena de alunos diariamente asseguro-lhes que algumas passam na malha fina dos sentimentos.
Uma boa reportagem que pode ajudar a compreender uma das muitas facetas da docência dos tempos presente.

quinta-feira, novembro 27

Já tinha encontrado o blog, mas ainda agora me custa acreditar e aceitar que o causa nossa seja mesmo dos senhores que ali se referenciam (Ana Gomes, Eduardo Prado Coelho, Jorge Wemans, Luis Nazare, Luis Osorio, Maria Manuel Leitao Marques, Vicente Jorge Silva, Vital Moreira).

Será mesmo verdade???

Fica a dúvida e, entretanto, o link no respectivo sítio.

Agora quanto ao resto do mário, faço minhas algumas das suas palavras, quanto à pertinência e ao arrojo da escrita. Quem cala consentirá que apenas esteve de passagem na defesa intransigente dos seus interesses, do seu cantinho e que faltam ideias quanto ao que é ser cidade, quanto ao que pode ser a cidade na e para a sua região.

O mário sabe mais disto de olhos fechados que eu com eles bem escancarados, vai daí percebo que é clara e directa a sua intenção de picar, de chamar a atenção para a necessidade de discussão, do arrojo das ideias, do confronto de opiniões, da participação de todos para a construção de uma cidade.

É pena o silêncio em que se caiu. Nem a dizer mal se conseguiram alimentar.

E esta cidade necessita de pluralismo, de debate, de discussão. Deixada durante tempo de mais na mão do PCP, cristalizou ideologias e, por muito incrível que possa parecer, ideologizou excessivamente comportamentos, moldou atitudes. Não podemos deixar agora que, nas mãos do PS, caia no marasmo, na apatia, no eterno retorno de lado nenhum.

Repare-se na dinâmica imprimida em Borba, Alandroal, Portel, para apenas focar as que estão mais próximas e mais recentes. É fundamental definir e imprimir na cidade qual a ideia de cidade.
Acredito que os edis da cidade a possuam, preciso é de saber qual é, por onde passa, quem envolve, que instrumentos utiliza, que estratégias fomenta, que actores convida.

Discutamos, então, os (não)límites de uma territorialidade cidadina. Haja participantes e estou certo que vamos longe.

educação é para mim uma acção - mário simões, no seu vivaz.

Esta frase devia ficar a negrito, grande, muito grande, do tamanho de todas as leituras, do tamanho de todas as letras. Há quem se esqueça desta imensa realidade, que a "educação é (...) acção".

Acção e intervenção. Na pessoa, bidireccional, de mim para ti de ti para mim, ensino e aprendo, aprendo a ser eu ensinando os outros.

Quanto ao ministério do saber só uma pequena pergunta, e o titular quem seria..., o perfil de quem possa ser o seu titular?

quarta-feira, novembro 26

A escola vive, todos os que vivemos a escola o sabemos, de carolas, de vontades individuais, da conjugação de acções individuais, voluntaristas.
Neste momento, em que são 18h30, anda um professor a tentar operacionalizar a rede informática. Se tem horas para isso? não, se tem condições para isso?, não, se tem obrigação disso?, não. Apenas o move o gosto dos outros puderem trabalhar, de dizer que a rede está operacional e que pudemos andar no trapézio sem receio das quedas. Temos amparo.
Se é apoiado?, também não. Nem um palavra lhe é dirigida. E todos reclamam quando isto não funciona.
É o que temos, será o que merecemos??

Como é que nós nãos nos organizamos, podia, de modo quase que perfeito, ser um título de uma dissertação académica sobre a escola portuguesa.
Mais do que procurar determinar mais meios, mais recursos, mais condições, sem sabermos muito bem para quê, com que objectivos e com que finalidades, por vezes não seria menos interessante determinar aquilo que temos, avaliar os seus resultados, determinar quais os seus impactos - seria inoportuno perguntar sobre a qualidade dos seus impactos??.
Perante as reuniões de hoje à tarde reconheço que se gasta muito dinheirinho na educação, que o grande problema deste sector não estará, na generalidade dos casos, na falta de meios, recursos ou condições mas antes e volto a dizer na generalidade dos casos, na forma em como (não) nos organizamos, na (des)configuração organizacional da escola, da estruturação dos seus mecanismos de funcionamento, articulação e integração, na definição de meios e mecanismos de representatividade, participação e distribuição das formas de poder.
Isto a propósito de uma reunião de departamento onde não percebi o que fiz, qual o objectivo a que presidiu, qual a intenção de acção ou acções futuras.
E depois penso, de quando em vez isto, de pensar, acontece-me, no modo como a escola não se organiza, apesar de na legislação estarem contemplados diferentes patamares, com diferentes competências e responsabilidades e que, de algum modo, deveria existir uma articulação e integração reticular. O que acontece é apenas um salve-se quem puder, desenrasque-se como puder e como souber.
E isto, manifestamente, não chega, num tempo em que a escola (professores, alunos, comunidade, pais/encarregados de educação) é confrontada cada vez mais com mais e maiores desafios, com mais complexas funções e actividades.
Mas é o que temos.

Circula nestes dias e quase que invariavelmente de modo recorrente, a discussão sobre a metalinguagem "bloguista".
Comentários interessantes(1, 2, 3, , fundamentais e pertinentes para podermos perceber o que é o Portugal deste princípio de milénio.
Mais importante que isso é perceber o que são os escritores deste princípio de milénio.

Na área em que trabalho, a da educação, caso ainda não tivessem reparado, também há sinais, pormenores que permitiriam uma análise mais aprofundada da situação relativa à atmosfera bloguista. Com a rapidez dos acontecimentos, a fugacidade dos momentos, por vezes perdemos a atenção ao pormenor, elemento que faz a diferença entre quem vê e quem aprecia.


terça-feira, novembro 25

Ando eu aqui a escrever e a defender a necessidade de mais política na escola, da assunção da política, das escolhas, das opções que se fazem na escola.

Então não é que, como assessor para os cursos das noite, na minha escola, foi indicada e nomeada uma pessoa que não tem aulas à noite e que nunca deu aulas à noite.

Depois dizemos nós dos políticos e defendemos, ou, pelo menos, alguns defendem que é necessária competência técnica para o exercício dos cargos. Conversa.

Uma anedota a circular pela net diz o seguinte:

UMA QUESTÃO DE PRIORIDADES:
Alguns jornais garantem que, no orçamento de Estado para 2004, o governo vai cortar na educação e vai investir mais na defesa.
Ou seja:
A boa notícia é que vamos ter submarinos e helicópteros novinhos em folha.
A má notícia é que vamos continuar a ter alunos universitários a escrever élicoptero e subemarino

Vejam lá se descobrem quem são os culpados por, em virtude dos cortes orçamentais, não se ensinar português aos "mininos" e meninas.

segunda-feira, novembro 24

Um outro comentário já bastas vezes feito, por uns e por outros, não defendo a sua titularidade, mas que hoje, numa troca de palavras com uma colega, regressou à tona.

A escola, apesar das reformas a que tem sido sujeita, dos sucessivos ministros e das sucessivas leis orgânicas do ministério, dos professores e dos alunos, funciona.

Não faço juízos de valor sobre se funciona bem ou mal, melhor ou pior. Isso depende das pessoas que a constróem todos os dias.

Há coisas realmente engraçadas e que acontecem na escola. Dois comentários a uma simples tarde.

1. uma professora que é da casa mas que vai substituir uma colega pergunta se os livros de ponto estão todos juntos, 3º ciclo do básico e secundário, é que ela sempre "deu" aulas ao secundário e não conhece a organização do básico. Compreensível da e para a lógica da balcanização das escolas.

2. uma colega comenta-me que faz aquilo que gosta, como gosta muito de biologia, a sua área de especialização, e de falar, está, de acordo com as sua palavras, no seu meio.
Daqui pode decorrer que as suas aulas são passadas a falar de biologia. Não sei é se já terá questionado os seus ouvintes sobre se a gostam de a ouvir falar.

Palavras para que??

O velho sistema educativo, organizacionalmente, inspira-se no sistema militar. A escola assemelha-se ao quartel. O acto educativo, por seu lado, tem como fonte inspiradora o acto litúrgico da Igreja Católica. A aula tradicional não é mais do que uma missa.J. P. Serralheiro, in A Página da Educação.

Como criar alternativas? Por intermédio da iniciativa de todos quantos vão à missa, mais todos aqueles que dela se afastam.
Como contrapor medidas? Colocando-se a imaginação ao serviço da acção.
Como laicizar e desmilitarizar o ensino e a escola? Criando novos icons que promovam a pessoa que há em cada um de nós.

Em face da minha impossibilidade ou, melhor, da minha incapacidade de explicar o que não sei, permita-se-me ir buscar as palavras de P. Freire (Pedagogia da Autonomia), quando afirma que:

somos seres condicionados mas não determinados (p. 19) (...) nas condições de verdadeira aprendizagem os educandos se vão transformando em reais sujeitos da construção e da reconstrução do saber ensinado, ao lado do educador, igualmente sujeito do processo (p. 26);

A ser assim, a escola e o ensino não serão espaços onde a profissão é de fé, as verdades teológicas e absolutas, nem os participantes são seres acéfalos cumpridores de uma missão.

Para que isto seja possível é necessário reinventar a escola todos os dias, em todas as pessoas.
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domingo, novembro 23

Hoje, mais que em qualquer outro dia, deu-me para andar à procura de blogs.
A par dessa procura uma actualização de links.
Outros que saibam ou conheçam agradeço o envio.
Serão retirados se não actualizados ao longo de, pelo menos, um mês. É o caso de um sobre a escola, apesar de superior, que não é actualizado há mais de um mês.

Penso não ter o grato prazer e certamente o privilégio de conhecer Manuel Azinhal, que assina "o sexo dos anjos".
Em crónica recente refere que:
não se vislumbram reacções, nem públicas nem privadas, que não sejam a resignação, o alheamento, o desinteresse, o afastamento, quando a saturação chega e a paciência ou a saúde não dão para mais.
Tudo isto a propósito daquilo que acaba por corrigir e reconhecer que é sempre mais fácil escorregar para a injustiça do que seguir o rumo justo.
A ausência/presença de professores que utilizam este meio, esta atmosfera, esta blogosfera, pode ser paradigmátca de uma de duas coisas.
Por um lado o nosso próprio silêncio pode não querer significar indiferença, alheamento. Nem sempre quem cala consente. Outras formas de luta se determinam, outras guerras se travam, outros palcos se promovem.
Por outro lado, a resistência a esta solidão que antes referi, ao isolamento, ao individualismo do trabalho docente pode conduzir a algum comprometimento na veiculação da sua opinião, das nossas ideias.
Mas, como se pode determinar ao lado, nos links, marcamos presença. Discreta, é certo. Mas, volto a repeti-lo, não como um muro de lamentações, não como carpideiras inesgotáveis, não como atribuidores de culpa a tudo e a todos, ao sistema, aos ministros e aos ministérios.
Antes como pensamentos em voz alta, na procura de soluções partilhadas, negociadas, trabalhadas e ouvidas entre todos para que quem decide o possa fazer em consciência e seja conhecedor de uma realidade policromática, multifacetada, heterogénea onde o mais fácil é dar a opinião.

Afinal, quem procura e sabe mais ou menos o que procurar, por vezes encontra.
A educação sempre marca alguma presença na blogosfera, nem podia ser de outro modo, tantos que nós somos.
E de modo coerente e persistente se assume que estes espaços, como é dito nas aulas virtuais, não são um muro de lamentações.
Limitamo-nos a utilizar estes espaços como pontos de encontro, debate, discussão, troca de ideias por vezes na procura (ou na tentativa) de contrariar o isolamento da prática docente, o seu excessivo individualismo, a sua solidão.
É certo que a participação não é o que se espera, a notar pelos comentários que (não) se encontram nos blogs. Não seria de esperar outra coisa, digo eu. Preferimos ler e o comentário fica para nós mesmos sussurrado entre dentes. Grande é a nossa própria participação, o verter para um espaço público considerações, opiniões, pensamentos, estados de espírito, impressões de uma profissão.

Encontrei novos (velhos) blogs onde o tema é a educação.
Os links estão à disposição na secção respectiva.

Ontem vi e ouvi na televisão, hoje leio no Público, sobre a colocação de uma professora por amizade ou familiaridade com o senhor secretário de estado.
Quero acreditar que a professora não será vista nem achada neste processo.
Mas fico contente porque a reformulação que vai ser posta em prática no próximo concurso de professores, foi defendida em nome de uma maior clareza e transparência de todo o processo.
Querem ver que já está a funcionar.

sexta-feira, novembro 21

Como todos certamente já se terão apercebido, hoje é dia de greve na administração pública. Apesar de os sindicatos terem, quase todos, aderido e convovado esta greve, houve alguma comedimento em dizer que é geral da administração pública.
Não gosto deste governo, não concordo com este governo, não concordo com as opções que tem assumido, seja na sociedade em geral, seja na educação em particular, mas ainda não sei se adiro ou não.
A esposa bem como os filhos estão de greve.

quinta-feira, novembro 20

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Procedo a algumas, poucas, alterações no blog. Gostava de perceber um pouco mais desta coisa para que as alterações pudessem ser mais profundas. Perante a minha incapacidade e falta de jeito fico-me por aqui.
A referência para aqueles sítios por onde, invariavelmente, passo todos os dias, perante os quais me sinto dependente.
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Nem de propósito, juro que ainda não tinha passado os olhos sobre as páginas da Visão.

Freitas do Amaral, curto, grosso e a sacudir a água do capote, afirma:

O estado em que os alunos chegam ao Ensino Superior [as maiúsculas são do autor, F. do Amaral] (...) é francamente confrangedor"

Obviamente que está presente a culpa dos professores do secundário que não se preocuparam em "ensinar" os alunos em prepará-los para a Universidade (será que têm de ir todos para a Universidade?, será que o nível de preparação terá que ser para todos o mesmo?).

Por sua vez e como é hábito, os professores do secundário atribuem a culpa aos colegas do básico, questionando em como é que os alunos ali chegaram. Os do básico referem que é no 1º ciclo que tudo se joga e que os professores daquele nível de ensino não ensinam.

Eu, já agora, acrescento que as Universidades é que estão desfasadas no tempo e no espaço.

Resultado, todos temos culpa, todos somos responsáveis pela incúria a estamos a deixar um país.

Mas até tremo só de pensar que David Justino vai fazer uma reforma ao secundário. Certamente que a apelar aos valores da qualidade e da excelência, da autonomia e do respeito pelas especificidades, do reforço das ligações da escola ao mundo empresarial, no aprofundamento dos aspectos científicos, na valorização da matemática e do português.

Depois de implementada e só depois, é que surgirá alguém a questionar quanto às necessidades dos locais, dos indígenas, quanto aos projectos de formação, ao que se pretende de uma cidade, de um concelho, de uma região e qual o papel que a educação neles pode e deve ter.

O senhor ministro e todos os sapientes que o rodeiam, definirão um currículo que, depois de implementado, ninguém cumpre, com a preocupação dos exames e do cumprimento dos programas e da preparação para os exames.

O fosso entre quem pode ter e pagar explicações, adensa-se, como se acentuará o fosso entre quem tem uma cultura de escolarização e quem a não possui.

Como se acentuarão as diferenças entre um país de interior e de litoral, onde todos marcarão presença quando caiem pontes ou ardem os pequenos haveres.

Com todo o respeito e consideração que me merece um senador deste país (estou certo que Santana Lopes o elegeria, é político e escreve na comunicação social) Freitas do Amaral caiu na asneira de, ao procurar picar ou criticar o ministro da educação, ir pelo lado mais fácil, mais óbvio e mais demagógico.

Que a escola e o secundário merecem um repensar profundo não tenho a menor das dúvidas, não podemos é cair no facilitismo e na demagogia.
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Por causa do big brother nos manuais de português, Francisco José Viegas escreve no JN:

Portugal está um país tonto, vulgar e sem pretensões a mais do que isso, vandalizado pela televisão e pelo sensacionalismo, pela má gramática e pela falta de qualidade geral. Não devia escandalizar-nos porque este embrutecimento subtil, cheio de falta de generosidade e de sensibilidade, ameaça alastrar à vida toda dos portugueses, massacrados por horas seguidas de bola na televisão e de falta de senso dos políticos profissionais, rendidos à magia da audiência e do populismo mais fácil. Só devíamos estranhar porque o facto de ser a escola a promovê-lo, desta forma aberta e consensual entre os pedagogos e os "cientistas da educação", significa que a reforma (a acontecer um dia) terá de ser mais profunda e dolorosa mais tarde.

O que mais me custa e dói aturar é a clara e evidente constatação deste facto. Há um alhear perante as dificuldades, há um óbvio baixar de nível, para justificar o sucesso, há um evidente desligar das relações por esgotamento de quem lá anda.

Não quero desculpabilizar nem os professores, nem a escola, nem atirar as eternas desculpas para cima dos ministros, dos ministérios ou do sistema. Não podemos é continuar com a cabeça enterrada na areia a fingir que nada se passa, a ignorar o crescer da ignorância, do cavar do buraco, da falta de profissionalismo, da atenção e do cuidado que todos merecemos.

Reforço uma firme convicção, deixem as escolas organizarem-se de acordo com os seus projectos, permita-se o fomento de ideias, de políticas na escola, criem-se condições para a participação e o envolvimento, activo, pró-activo, de pais, comunidade educativa, professores, alunos, funcionários, estruturas representativas e criem-se projectos, debatam-se ideias, estruturem-se apoios, fomentem-se equipas.

Deixar tudo ao cuidado de um único sector é deixar andar o barco do descontentamente. Criar áreas de co-responsabilização é, em hora de aperto, sacudir a água do capote.

Desregule-se para que a sociedade civil se permita à auto-regulação.

Notícia do Público, sector de Sociedade: Portugal é um dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) que não cumpriu o compromisso assumido de apoiar o desenvolvimento do ensino básico no mundo;

Se o sector não é apoiado em Portugal, pelo governo português, que queriam os senhores da ocde para que Portugal o apoiasse no mundo?.

Sinceramente.

quarta-feira, novembro 19

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Fui buscar o filho à escola. Na troca de palavras sobre o dia referiu que teve uma ficha de história.

Perguntei sobre que assunto, respondeu, de forma de todo em todo inocente, sobre o milagre das rosas.

Está no 4º ano e não digo mais, para que haja espaço e tempo de nos inquirirmos sobre aquilo que temos e sobre aquilo que todos nós, portugueses, merecemos.
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uma constatação, talvez já tenham reparado, não o quis referir sem notar a constante ausência.

Certamente por razões fortes e plausíveis o Público deixou/abandonou sua secção sobre educação.

Nos últimos tempos toda e qualquer consideração/referência/artigo sobre esta área tem sido enquadrada ou na sociedade (é o caso da edição de hoje, sobre o alargamento das vagas em medicina), quer na área da ciência/cultura.

Por razões que desconheço - talvez nem tenha de conhecer - a educação, perante o Público deixou de merecer o destaque e a relevância de uma secção própria. Talvez consequência de duas situações: como no governo, quando há que cortar corta-se em sectores considerados por alguns não essenciais, a educação pode ser um deles. Segundo aspecto considerar, provavelmente a temática terá deixado de se constituir como alvo de mercado, deixando de ter compradores ou potenciais publicitários que suportassem as páginas.

O certo é que a comunicação social e o público, agora todos nós, ficamos mais pobres, carentes de uma fonte de informação que nos deu tantos e tão bons apontamentos.

Fiquemos com a esperança que mais não é que uma crise/opção passageira.
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um dos assuntos que mais pano para mangas pode oferecer, no contexto da educação, da escola e da acção dos professores, é o tempo.

Tempo que não temos, tempo que é escasso, tempo que não é utilizado. Este conceito é algo de polifacetado, complexo, escasso e problemático na sua análise.

Não possuo elementos suficientes para efectuar uma análise aprofundada, limito-me, para já e neste contexto, a partir para um conjunto de considerações que decorreram de uma troca de comentários na sala de professores da "minha" (um dia explico as aspas) escola.

Comentava-se, entre duas docentes - no contexto é importante a referência ao género - que "não temos tempo para nada, se só fizéssemos isto teriamos mais tempo, como fazemos muitas outras coisas, não temos tempo para nada".

Perceberam as questões do género?, é que eu próprio não percebi se se referiam ao facto de terem outras actividades extracurriculares, relacionadas com a escola, o ensino ou a educação, como, por exemplo, explicações, projectos de investigação (?), entre outros, ou se se referiam às tarefas domésticas, ao papel de mulher em casa, ainda representado como dominador e produtor de tarefas - circunstância com a qual discordo em absoluto.

Mas o tempo é uma determinante na estruturação do trabalho e das tarefas docentes. Tanto assim é que não há, posso assegurar, sala de professores onde o conceito não seja referenciado, pelo menos uma vez, ao longo do dia.

Por outro lado, A. Hardgreaves (1998; p. 18) refere: "o tempo no ensino é, ao mesmo tempo, um recurso que pode ser gerido tecnicamente, uma percepção subjectivamente variável e um objecto de luta política".

E tem sido tão mal tratado, tão desbaratado nas nossas escolas, pelos nossos gestores.

É um recurso (assim o entendo) que não tem sido utilizado de acordo com as suas potencialidades nem o seu valor intrínseco (enqaunto determinante na e para a organização de espaços e acções e objectivos no seio da escola) e extrínseco (na articulação com pais, horários de trabalho e de lazer e comunidade, transportes, por exemplo).

É um tema a que voltarei em próximas oportunidades.
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finalmente, felizmente, o mário voltou.

ainda bem, fico mais preenchido, mais completo.
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terça-feira, novembro 18

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ontem senti-me muito próximo de um límite de destempero, perante um aluno.

Que podemos e devemos nós fazer perante pessoas em que a escola nada lhes diz, que não passa pela escola qualquer sentimento, sonho ou ambição.

A não fazer nada corre-se o sério risco de insistir no ciclo vicioso da desqualificação, desconsideração, insucesso, abstencionismo e abandono. Inevitavelmente são oportunidades perdidas para o futuro e, por incrível que possa parecer, não afectam apenas a pessoa que abandona a escola com 13, 14 ou 15 anos. Afecta toda uma comunidade perante a qual não há produção de riqueza, desenvolvimento de conhecimento, massa crítica com tenacidade de mudar estes ciclos.

Cada vez mais sinto vontade de reforçar a educação local, reforçar os meios e os mecanismos de as escolas e as autarquias poderem definir trajectos, medidas, opções de política educativa.

Instrumentaliza-se a escola, dirão uns, politiza-se a educação, dirão outros, dirão certamente mais do que aquilo que consigo, neste momento, imaginar. Ainda bem, pois considero que falta política à escola, falta formação aos actores educativos para que possam afirmar a sua política, as suas ideias, definir e assumir as suas opções e convicções.

Reparem nesta frase: a falta de formação teórica e política dos professores fá-los correr o risco de reproduzirem os discursos retóricos que lhe são impostos, e de se conformarem com a função de meros executores de tarefas planeadas por outros (in a página da educação);

Não é, obviamente, nem inocente nem infundada e apela aos mesmos sentimentos que procura combater. Mas é real e é uma óptima tese.

Enquanto a escola não se tornar e assumir como um espaço de participação política e ideológica, estou certo que dificilmente teremos (professores, pais e responsáveis políticos autárquicos) condições para redefinir estratégias, repensar o modelo de organização de espaços e tempos educativos, a gestão e coordenação de recursos, combater o insucesso, o abandono e a desqualificação de uma dada comunicade.

é disto mesmo que este governo tem medo. É isto mesmo que este governo, certo e senhor da sua sapiência procura evitar: que os actores ganhem protagonismo e o filme deixe de ser do realizador para ser de actor.

É por isto que eu luto, é por isto que eu ambiciono. É isto que me move.
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Já aqui o escrevi por diferentes vezes, estes espaços trouxeram alguma inovação, alguma diferença à escrita, à relação das pessoas com a escrita, à sua e à dos outros.

Para quem escreve, pelo menos para mim, tornou-se uma espécie de diário, de frases, por vezes muitas a construirem um texto, sobre nós próprios ou, utilizando as palavras de um amigo, de pequenas hstórias do quotidiano, do nosso quotidiano, de pequenos nadas que engrandecem o nosso mundo.

Mas trouxe também ao de cima, a responsabilidade da sua actualização, da sua manutenção, da criação de laços de renovação sempre imprescindíveis aquilo que é novo.

E alguns começam a perder o brilho, provavelmente começar-se-á a separar o presente do efémero, o trigo do joio.

sinto alguma pena em ver alguns blogs a definhar, espero que seja por criação de outros mundos, outras alternativas mais reais, menos virtuais.
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Chamei a este espaço crónicas do deserto essencialmente por duas razões (que são referidas na primeira crónica, aliás, mas que repesco.)

1 - porque comecei a escrever em Julho, dias de intenso calor no meu sótão (nada de associações políticas, s.f.f.) onde só mesmo camelos, como eu, aguentavam;

2 - porque, sem qualquer tipo de link, ainda hoje não existe, não estou, pelo menos por minha iniciativa, referenciado nos motores de busca, seria atravessar o deserto, em temas (política, Évora) e numa área (a da educação) em que certamente pouco interesse despertaria.

Então não é que ao fim deste tempo todo, quando eu pensava passar despercebido e bastante invísivel, começam a chegar os comentários, as observações, os feedback.

sinto-me com um novo alento, para escrever mais, para partilhar ideias e sugestões, sabendo, agora mais que nunca, que estou a ser observado e, certamente mais que isso, estou a ser lido.
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segunda-feira, novembro 17

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Que me seja permitida esta divagação, algo orgulhosamente.

Hoje é o dia do não fumador. Há pouco mais de um ano, mais concretamente em 21 de Agosto de 2002, deixei de fumar ou, melhor dito, não tenho fumado, tenho resistido à tentação de fumar desde esse dia.

Este meu espaço, onde habitualmente escrevo e olho o mundo, está diferente. Espero ter condições e forças para assim continuar.
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sexta-feira, novembro 14

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uma pequena derivação na área da educação para regresar às bases.

comecei este blog por, entre diferentes razões, querer discutir com o Mário Simões. Eu sei que ele tem um feitiozinho agradável, que é amoroso e que simpatiza com quase toda a gente. É verdade. Mas tem, como contrapartida, um pensamento sério, coerente, consistente como poucas vezes tive a oportunidade de apreciar na generalidade da comunicação social da região.

É directo, diz as verdades sem meias tintas, doi quando deve e quando não deve. É verdade. Mas os homens devem ser assim. reconheço-me em muito daquilo que escreve, seja no desporto, seja na política, seja - surpresa minha - na poesia.

Todos os dia passo pelo seu vivaz (será zapata??), há uns quantos dias que anda desaparecido, inconsistente na sua manutenção.

MÁRIO, volta, estás perdoado, a blogosfera não é mesma sem ti.

Já agora, avisa a Patrícia (1 e 2) que deve escrever mais, não há desculpas quanto à falta de tempo, o dia tem 24h e só precisam de dois minutos para actualizarem o blog.

regressem, rápido, voltem, sinto a falta, acreditem...
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No meu anseio, no meio das minhas ângustias de perceber o porquê do desinteresse e da desmotivação dos alunos e dos professores perante a escola, a falta de sentidos da escola quando por ela passam todos os nossos sentidos, recomendo: Os Sentidos da Escola - identidades juvenis e dinâmicas de escolaridade, P. Abrantes, Celta, 2003.

Não é um título brilhante, muito enformado que se encontra pela metodologia de uma dissertação de mestrado, mas, enquanto olhar da sociologia da educação e das relações juvenis, permite contextualizar e perceber realidades e desafios. Permite perceber que os problemas não são exclusivos, apesar das sucessivas salvaguardas que efectua, fica bem.

Permite, ainda, perceber e tentar compreender "a grande importância da vertente relacional nos quotidianos da escola (...) considerar as densas redes de sociabilidade" (p. 81), evidências??, factos indesmentíveis??? pois é, o óbvio, por vezes, é o menos evidente.
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quinta-feira, novembro 13

Eu sei que sou suspeito, simpatizo, e muito, com M. de Lurdes Pintassilgo. Mas esta afirmação é de chorar por mais:

Varre o país uma onda de desalento. Algumas causas são patentes. Umas são endógenas, outras são parte de gravíssimos problemas à escala do planeta. Mas umas e outras têm solução. Só que requerem o abandono de teorias e métodos ultrapassados. Exigem reformulação em termos de um novo paradigma: o que é carregado pela "ciência da complexidade". in Visão, nº. 558, Novembro, 2003.

Palavras para quê...

Eu bem disse, eu bem que duvidei que o Glorioso conseguisse ganhar no Funchal. Tenho pena, por dois motivos, primeiro porque nãos nos conseguimos aproximar um pouco mais do FCP, segundo porque não prendem o A. J. Jardim.

quarta-feira, novembro 12

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vocês acreditam que o benfica ganha esta noite, ou que o cajuda é mesmo morto e nos livramos (a ver vamos, se o conseguem prender) do A. J. Jardim???

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Ainda aqui nada disse a este respeito, mas tenho andado a ver e a pesquisar para, se numa qualquer esquina da minha vida ou das minhas leituras, encontro um tema, uma área para uma eventual tese de doutoramento.

das ideias e de alguma, muito pouca, discussão que tenho tido duas áreas se me oferecem como mais imediatas, o que não significa que directas, uma relativa ao trabalho colaborativo dos profes.
Nos tempos que correm o trabalho docente de modo a fazer face aos desafios e às multi complexidades típicas de uma escola, de uma sala ou de um aluno, precisa de ser organizado de modo diferente, promovendo-se o trabalho de equipa para se poder ultrapassar a individualidade e a centralidade da sala de aula. Juntos somos mais fortes e temos mais consistencia, produzimos mais e temos mais instrumentos e mais argumentos para enfrentar as adversidades.

Como segunda área de trabalho, tem-me ocorrido a didáctica da disciplina, os modos de organização da escola para fazer face aos desafios do século XXI, a pesquisa e tratamento da informação, a capacitação para promover a passagem da informação ao conhecimento, entre outras áreas.

Reconheço que me tem sido algo complicado. Entre um e outro tema, há dois aspectos que determino como factores de união entre eles (é favor, caso encontrem outras leituras, me auxiliarem, s.f.f.). Por um lado as questões organizacionais, seja do trabalho docente, seja da escola. Por outro, o papel determinante que atribuo às pessoas, aos actores organizacionais, quer na relação entre eles (entre profes ou entre alunos, ou entre alunos e profes, em particular) para a construção de sentidos (profissionais, escolares, sociais, coorporativos, entre outros).
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em diferentes post, várias ideias em diferentes momentos

para que nada fique por fazer...
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terça-feira, novembro 11

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Estou na escola, a tentar a enfrentar a fúria dos professores perante os alunos complicados. O que é que se pode fazer, com que instrumentos nos debatemos nós, professores e educadores, perante a indiferença, a forte crença que o interesse não passa pela escola.

Tenho, na minha direcção de turma, dois alunos em claro risco de abandono e insucesso, infeliz aliança. Debatemo-nos com a inquietação que eles faltam, mas quando presentes são, habitualmente, convidados a sair. O que podemos fazer, que instrumentos temos, que capacidades temos.

Inglório, incapacitante, frustrante????
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Por causa das idiotices que se têm dito e escrito sobre a escola da Ponte e sobre a educação e a escola em Portugal, diz J. Barroso, n' A Página da Educação:

"as soluções para os problemas da educação não passam pela sua privatização, mas sim, pela capacidade de tornar mais pública a escola pública, promovendo um serviço educativo justo e de qualidade para todos e fazendo da participação dos alunos, dos professores e dos pais um exercício permanente de cidadania".

Palavras mais para quê...
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Tenho estado ausente/presente. Sinto vontade de escrever e expor algumas ideias, trocar outras. Não tenho conseguido. Reconheço o meu cansaço quando, ao longe, o começo a ver.

O Luís respondeu-me, a primeira sensação foi de pensar que vozes de burro, a minha, chegam longe. A segunda foi a de considerar que, real e efectivamente, este é um espaço de discussão, de partilha. Faz-me lembrar, de algum modo, os meu primeiro devaneios com computadores, onde cada um ensinava, trocava as poucas ideias que detinha com o parceiro, com outro igual a si. Este espaço não é de parelelismos nem, muito menos, de igualdades.

Mas nele podemos construir ideias, apresentar impressões, descobrir caminhos e alternativas.

É isto que eu gosto. É isto que me tem obrigado, para além do meu cansaço, a vir aqui, a este mesmo espaço, periodicamente, regularmente, escrever, expor-me a mim e a um conjunto de ideias que procuro.

As da educação são claramente um desses mundos. Entre o global e o local - este famigerado glocal - a educação constrói-se e constroi mundovidências, define sinais de nós e determina sinais outros, marca territórios e sucumbe perante territórios.

Não ponho em causa a clarividência da descentração para a análise daquilo que pode ser central. o que me preocupa (??) é mais a construção das não territorialidades, não especificamente educativas, mas que na escola se degladeiam.

Não territórios educativos, escolares, profissionais. Não conheço a raiz do texto, mas atiro, à minha própria consideração, questões como onde colocar a profissionalidade, por exemplo docente, na construção de novos territórios profissionais. Sei que são determinantes na reconstrução de percursos individuais, que esta mundovidências são condicionantes do nosso olhar e do olhar perante o outro, mas como é que, do ponto de vista colectivo, de um dado grupo profissional, se constroiem não territórios, como se determinam eles, em face de que?, perante quem, o que, do como.

Provavelmente não saberei colocar a minha questão, levantar os meus problemas. Peço ajuda e colaboração a todos aqueles que comigam possam partilhar a descoberta da curiosidade da profissão docente.

Um abraço.
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sábado, novembro 8

no zapping periódico que faço por diferentes blogs, deparo com a temática da escrita em blog, as alterações e os impactos que esta forma trás. Estou certo que serão alguns, não estou tão certo de quais eles são.

Dependem da capacidade de cada um em alimentar e fomentar esta iniciativa, na capacidade de os manter presentes.

Falta saber se de forma propositada se inconsciente, o anonimato pode ser um espaço de trabalho.
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quinta-feira, novembro 6

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considero importante navegar noutros mares para podermos perceber o nosso próprio estar, o nosso próprio devir.

do meu amigo, peço desculpa se abuso pretensiosamente do termo, Luís Carmelo uma frase que não perde nada quando retirada do contexto e vai no sentido daquilo que é a minha procura - as territorialidades em que nos afirmamos.

Diz Luís Carmelo no seu miniscente que é preciso: dar lugar a um saber que possa acompanhar as novas lógicas de significação que as culturas não territoriais (os "being-in-common", na expressão do semiótico australiano Alec McHoul) estão, hoje em dia, a formatar.

No espaço que é a educação, que se degladia entre uma cultura e uma tradição profundamente local, enraizadamente cultural, a procura de não territórios equivalerá a que?.

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acreditem que tenho procurado blogs onde, para além das divagações, exista a temática da educação ou de algo com ela relacionado, encontrei um (ver)

não é dos mais atractivos, não é, declaradamente, chamativo, mas é o que temos.

hoje, 6 de novembro, começa bem - a escola e as suas contradições.

afirmação com a qual concordo inteiramente. Um dos meus ídolos (assumo que os tenho) M. Apple, refere, na sua introdução a "educação e poder", que o seu (de Apple) conceito operatório é "a contradição. As coisas são simultaneamente sim e não". (p. 23/24) e que as escolhas que efectuamos, dentro ou fora da escola, não são neutras, relevam para determinados princípios, para determinados valores, como as afirmações que fazemos nos constroem, como um texto, em que somos e produzimos ao mesmo tempo, interpretamos e somos interpretados.

este é o mundo que se descobre nas escola, porque são feitas por pessoas, como todos temos interesses, objectivos, valores e princípios, muitas vezes, é certo divergentes e quando não mesmo conflituosos. Mas é uma questão de seleccionar aquilo que valorizamos, as diferenças ou aquilo que temos em comum.

E temos muitas coisas em comum. Talvez a mesma acção motivadora perante os alunos, as mesmas expectativas e as mesmas desilusões perante a profissão, a mesma profissão, a mesma escola. Se não são iguais certamente que neças encontraremos pontos de contacto e interesse mútuo, basta perdemos os medos, falarmos uns com os outros, escutarmos o parceiro, perdermos as certezas.
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utilizo este espaço como um diário virtual. Algo que me acompanha para onde quer que vou, onde registo ideias, divago sobre temas que conheço (digo eu), procuro ornar coerente o meu próprio pensamento e, em última instância, permitir-me-á aferir da minha própria coerência relativamente aos temas perante os quais discorro.

Faço perante a educação porque é a área em que trabalho, o mundo em que me movimento, a paixão que me apaixona todos os dias, porque há, sempre, um dia novo para redescobrir.

Gosto da escola, das aulas, das relações, mesmo que pocuo amistosas - que naquele estpaço e naquele tempo se degladeia, se confrontam.

Hoje tive mais uma das agradáveis surpresas. Fui ao museu, a um dos museus da terra, com os miúdos da qual sou director de turma. Um museu da pré-história, pequenino mas bem arranjado, bem estruturado, com evidências óbvias, permita-se-me, que quem nele trabalha gosta de dar a conhecer aquele mundo. Tinha previamente articulado a visita, por receio, reconheço.

O que se passou, foi uma descoberta, os miudos calados de princípio a fim, sempre que abriam a boca era para participar, perguntar, questionar, cuscar com sentido e orientação. Mesmo aqueles que diziam já ter visitado o museu afirmaram que gostaram, que temos de ir mais vezes, que temos de ir aos locais que eles conhecem e onde existem antas, menires, etc.

vale a pena procurar ensinar as crianças, ensinar-lhes que a escola vale a pena, que aprender é útil, mata a curiosidade, levanta dúvidas, ficamos com mais perguntas, perdemos certezas.
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quarta-feira, novembro 5

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ainda o orçamento de Estado no âmbito da educação.

confirmam-se os meus receios, é verdade o que diz a comunicação social, há um desinvestimento no sector da educação, do ensino não superior como é referido nas páginas do documento.

A evolução proposta pelo governo, no que se refere à dotação orçamental evolui com sentido negativo, isto é, em 2003 a educação "teve" direito a 4.0% do PIB, para 2004 estima-se 3.9% e para 2005 3.8%, sempre a descer. Se a estes valores considerarmos a taxa de inflação prevista pelo governo (entre 1.5% e 2.5%) significa uma de duas coisas, ou não há aumentos neste sector (professores e auxiliares de acção educativa) e pode existir um diminuto crescimento em despesas de investimento ou, segunda alternativa, perdemos tudo, poder de compra, capacidade de investimento, uma vez que os valores considerados sõ diluídos nas despesas de funcionamento do ministério - mais de 80% do valor de funcionamento são com salários, resta muito pouco para se criarem, remodelarem, reestruturarem, escolas.

Mais comentários para quê?????

Cada um tem aquilo que merece e a mais não somos obrigados.
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Porque se discute o orçamento de Estado para 2003, tenho andado à procura, nas páginas do governo, de algum apontamento sobre a dotação para a área da educação e formação.

Vou continuar a procurar uma vez que, até hoje, ainda não consegui entender os mapas que tenho "descarregado" .

O que tenho lido na comunicação social refere-se a um abaixamento da dotação. Quero confirmar, pois tenho dificuldades de entender este tipo de orientações .

As escolas debatem-se com inumeros problemas, um dos quais passa pela evidente falta de pessoal auxiliar. Penso que se houvesse uma greve de zelo, por parte dos órgãos de gestão, algumas das escolas já teriam ou encerrado ou estariam a funcionar a tempo parcial por manifesta falta de funcionários ou do estabelecimento de contratos que minimizam a sua falta, como seja a limpeza, refeitórios, entre outros sectores.

Cortar neste sector é declaradamente manter baixa a bolinha dos portugueses, hipotecar sonhos e expectativas, desvalorizar pessoas que estão em formação, para já não falar dos profissionais do sector.

Mas vou continuar à procura dos números.
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terça-feira, novembro 4

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Já aqui o escrevi mais que uma vez, é preciso ter a certeza que perdemos todas as certezas. É difícil, muito mais ao alcance de qualquer lanço de genialidade que à mão da minha mortalidade, é verdade. Mas temos, devo, de fazer um esforço, mesmo que ciclópico, para atingir esse fim.

Isto a propósito de uma pequena, mas serena, sublevação dos meus alunos. Colocam em causa a metodologia seguida, as estratégias adoptadas. Referem uns que se desinteressaram da disciplina, outros que não conseguem assimilar. Que preferem os métodos eas estratégias dos outros professores, aulas mais expositivas, com maior intervenção por parte do professor.

Acredito, quase que me levaram a concordar com a sua sublevação, tal foi o silêncio que se fez quando cada um expressava a sua opinião, fazia o seu comentário, estabelecia a sua crítica.

Mas não concordo, nem submeto estratégias e metodologias didácticas a votação. Ainda se os resultados nas outras disciplinas fossem melhores, apresentassem uma maior taxa de sucesso, mas não. O sucesso é o mesmo, níveis muito, muito baixos. O desinteresse dos que não têm interesse mantém-se, a desmotivação face à escola também.

Resta-me recolher este feedback, estruturar uma avaliação mais coerente e que permita um nível de tratamento mais aprofundado do trabalho desenvolvido, tentar perceber e compreender onde tenho falhado, porque tenho falhado, o que se pode fazer para corrigir.

A avaliação do nosso trabalho é, em minha opinião, um ponto fundamental para redefinir situações, corrigir trajectos, equacionar projectos.

Não posso dizer que tivesse ficado surpreendido com esta manifestação de desagrado relativamente ao trabalho desenvolvido. Esperava-a uma vez que procuro (não sei se consigo) fazer coisas diferentes e de modo diferente. Procuro dar trabalho ao aluno, desenvolver nele competências específicas de autonomia face ao trabalho do professor, colocá-lo no centro da minha atenção.

Talvez não o esteja a conseguir, pelo menos com os resultados esperados. Mas falta determinar a consolidação das aprendizagens, determinar dos níveis de autonomia. Talvez esta manifestação de hoje mais não seja que um reflexo dessa autonomia pretendida.
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Estou na escola e não tenho condições para fazer o que quer que seja. O único computador onde, habitualmente me entretenho, está fora de serviço. Estas são as escolas que temos, estas são as escolas que merecemos. Serão???

É perante esta inevitabilidade que não me quero submeter, não me quero render. As escolas não estão organizadas para que os professores possam, no seu seio, desenvolver trabalho, planificar e preparar sessões, organizar tarefas ou acções.

Limito-me a utilizar um computador do tempo da avó maria cachucha, para me entreter, sem grandes expectativas. Como está na biblioteca pouca saída possui e se aparecem alunos sinto-me na obrigação do disponibilizar a quem de direito.

Esta escola, não é correcto efectuar qualquer tipo de generalização, está totalmente balcanizada, dividida em pequenos territóriozinhos, defendidos até à exaustão por quem se sente afectado. Há grupos, há departamentos que possuiem instalações onde, apesar de não serem óptimos, podem desenvolver trabalhar, integrar acções, cooperar entre elementos. Possuem computador, acesso à net, rede interna e outras regalias.

Outrops apenas possuem boa vontade, intenções de um dia serem gente reconhecida no meio da gente.

segunda-feira, novembro 3

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No final do dia procuro acompanhar os filhotes nas suas lides escolares. Procuro inteirar-me do que fizeram, das dificuldades que sentiram, de coisas novas que foram abordadas, aperceber-me da metodologia utilizada (sou adepto das técnicas dos professores do 1º ciclo).

Hoje dou com uma ficha designada de História de Portugal – povos que ocuparam a Ibéria ou península hispânica.

Não é merecedora de transcrição, nem para qualquer tipo de risota, nem, muito menos, de compreensão daquilo que deforma as cabeças dos nossos filhos.

Algo que considero impróprio para qualquer tipo de análise, cheia de juízos de valor, enformada de pré-conceitos, estereótipos rotulantes, imprecisões históricas.
Tenho que pensar, ainda que qualquer tipo de generalização seja abusiva, que como é possível dar a volta a este mundo com coisas como esta. Ensinar crianças hoje exactamente como se fazia há 20 anos atrás?.

É considerar que não houve evolução, que nada aconteceu, que o mundo permanece igual e que as crianças mais não são que pequenas e insanas pessoas, impensantes e acéfalas. É desconsiderar a pessoa que reside em cada criança é condicionar o crescimento da pessoa, é olhar os outros como coisas estranhas e algo alienígenas.

A escola não é nem pode ser isto, tem de ser muito mais, tem de permitir que as pessoas crescem, conferir capacidade e ferramentas para que possamos construir a nossa ideia, definir o nosso futuro. A escola tem de criar condições para que as pessoas pensem, pensem pela sua cabeça, olhem de forma crítica e reflexiva este nosso mundo.

Pré determinar conceitos e comportamentos é condicionar não apenas o futuro das pessoas mas, e mais importante, é condicionar um país.
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domingo, novembro 2

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6ª feira passou pela escola onde estou, a convite de uma colega, Pedro Coelho, jornalista da SIC. Com ele levou uma peça que tinha trabalhado há relativamente pouco tempo sobre um grupo de jovens, mais concretamente dois grupos, porque de idades relativamente diferentes, dos arrabaldes de Lisboa.

Traço comum entre os dois grupos e alguns da minha escola, o desinteresse, o alheamento, a indiferença, a descrença face à escola, face à cultura que ela transmite. Como poderá haver um traço algo comum entre os professores, aqueles que se recusam a aceitar o fatalismo da indiferença e aqueles que ensinam da mesma maneira a mesma coisa a pessoas diferentes.

Acreditem que é difícil pensar, delinear soluções, há que considerar, como ponto de partida, que não há soluções, pelo menos pré-formatadas. Quero acreditar que é difícil combater todos os dias, atravessar ou tentar atravessar todos os dias o fosso que nos conduz à outra pessoa. Particularmente difícil quando constatamos que, nas nossas escolas, existe um pouco de tudo, desde o interessado ao interesseiro, do desmotivado ao construtor de motivações, ao alheado àquele que vive na paixão, seja professor, seja aluno.

E que é nesta diferença, nesta multiplicidade neste colorido que encontramos a vontade ou a perdemos.

Mas como proceder, como chegar às gentes que estão do outro lado e que não querem ser integrados nesta cultura. Ocorre-me a ideia (a metáfora) que os professores são os colonizadores que chegam ao desconhecido, que descobrem quem tem uma cultura, hábitos e tradições próprias e ricas, mas que queremos, à viva força (?), evangelizar.

Será assim (?). Como conseguimos conciliar cultura e tradição com modernidade e desenvolvimento?, como conseguimos harmonizar interesses tão diferenciados?, como conseguimos evangelizar se perdemos a nossa fé?