quarta-feira, novembro 19

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um dos assuntos que mais pano para mangas pode oferecer, no contexto da educação, da escola e da acção dos professores, é o tempo.

Tempo que não temos, tempo que é escasso, tempo que não é utilizado. Este conceito é algo de polifacetado, complexo, escasso e problemático na sua análise.

Não possuo elementos suficientes para efectuar uma análise aprofundada, limito-me, para já e neste contexto, a partir para um conjunto de considerações que decorreram de uma troca de comentários na sala de professores da "minha" (um dia explico as aspas) escola.

Comentava-se, entre duas docentes - no contexto é importante a referência ao género - que "não temos tempo para nada, se só fizéssemos isto teriamos mais tempo, como fazemos muitas outras coisas, não temos tempo para nada".

Perceberam as questões do género?, é que eu próprio não percebi se se referiam ao facto de terem outras actividades extracurriculares, relacionadas com a escola, o ensino ou a educação, como, por exemplo, explicações, projectos de investigação (?), entre outros, ou se se referiam às tarefas domésticas, ao papel de mulher em casa, ainda representado como dominador e produtor de tarefas - circunstância com a qual discordo em absoluto.

Mas o tempo é uma determinante na estruturação do trabalho e das tarefas docentes. Tanto assim é que não há, posso assegurar, sala de professores onde o conceito não seja referenciado, pelo menos uma vez, ao longo do dia.

Por outro lado, A. Hardgreaves (1998; p. 18) refere: "o tempo no ensino é, ao mesmo tempo, um recurso que pode ser gerido tecnicamente, uma percepção subjectivamente variável e um objecto de luta política".

E tem sido tão mal tratado, tão desbaratado nas nossas escolas, pelos nossos gestores.

É um recurso (assim o entendo) que não tem sido utilizado de acordo com as suas potencialidades nem o seu valor intrínseco (enqaunto determinante na e para a organização de espaços e acções e objectivos no seio da escola) e extrínseco (na articulação com pais, horários de trabalho e de lazer e comunidade, transportes, por exemplo).

É um tema a que voltarei em próximas oportunidades.
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