segunda-feira, novembro 3

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No final do dia procuro acompanhar os filhotes nas suas lides escolares. Procuro inteirar-me do que fizeram, das dificuldades que sentiram, de coisas novas que foram abordadas, aperceber-me da metodologia utilizada (sou adepto das técnicas dos professores do 1º ciclo).

Hoje dou com uma ficha designada de História de Portugal – povos que ocuparam a Ibéria ou península hispânica.

Não é merecedora de transcrição, nem para qualquer tipo de risota, nem, muito menos, de compreensão daquilo que deforma as cabeças dos nossos filhos.

Algo que considero impróprio para qualquer tipo de análise, cheia de juízos de valor, enformada de pré-conceitos, estereótipos rotulantes, imprecisões históricas.
Tenho que pensar, ainda que qualquer tipo de generalização seja abusiva, que como é possível dar a volta a este mundo com coisas como esta. Ensinar crianças hoje exactamente como se fazia há 20 anos atrás?.

É considerar que não houve evolução, que nada aconteceu, que o mundo permanece igual e que as crianças mais não são que pequenas e insanas pessoas, impensantes e acéfalas. É desconsiderar a pessoa que reside em cada criança é condicionar o crescimento da pessoa, é olhar os outros como coisas estranhas e algo alienígenas.

A escola não é nem pode ser isto, tem de ser muito mais, tem de permitir que as pessoas crescem, conferir capacidade e ferramentas para que possamos construir a nossa ideia, definir o nosso futuro. A escola tem de criar condições para que as pessoas pensem, pensem pela sua cabeça, olhem de forma crítica e reflexiva este nosso mundo.

Pré determinar conceitos e comportamentos é condicionar não apenas o futuro das pessoas mas, e mais importante, é condicionar um país.
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