domingo, novembro 2

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6ª feira passou pela escola onde estou, a convite de uma colega, Pedro Coelho, jornalista da SIC. Com ele levou uma peça que tinha trabalhado há relativamente pouco tempo sobre um grupo de jovens, mais concretamente dois grupos, porque de idades relativamente diferentes, dos arrabaldes de Lisboa.

Traço comum entre os dois grupos e alguns da minha escola, o desinteresse, o alheamento, a indiferença, a descrença face à escola, face à cultura que ela transmite. Como poderá haver um traço algo comum entre os professores, aqueles que se recusam a aceitar o fatalismo da indiferença e aqueles que ensinam da mesma maneira a mesma coisa a pessoas diferentes.

Acreditem que é difícil pensar, delinear soluções, há que considerar, como ponto de partida, que não há soluções, pelo menos pré-formatadas. Quero acreditar que é difícil combater todos os dias, atravessar ou tentar atravessar todos os dias o fosso que nos conduz à outra pessoa. Particularmente difícil quando constatamos que, nas nossas escolas, existe um pouco de tudo, desde o interessado ao interesseiro, do desmotivado ao construtor de motivações, ao alheado àquele que vive na paixão, seja professor, seja aluno.

E que é nesta diferença, nesta multiplicidade neste colorido que encontramos a vontade ou a perdemos.

Mas como proceder, como chegar às gentes que estão do outro lado e que não querem ser integrados nesta cultura. Ocorre-me a ideia (a metáfora) que os professores são os colonizadores que chegam ao desconhecido, que descobrem quem tem uma cultura, hábitos e tradições próprias e ricas, mas que queremos, à viva força (?), evangelizar.

Será assim (?). Como conseguimos conciliar cultura e tradição com modernidade e desenvolvimento?, como conseguimos harmonizar interesses tão diferenciados?, como conseguimos evangelizar se perdemos a nossa fé?