terça-feira, novembro 4

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Já aqui o escrevi mais que uma vez, é preciso ter a certeza que perdemos todas as certezas. É difícil, muito mais ao alcance de qualquer lanço de genialidade que à mão da minha mortalidade, é verdade. Mas temos, devo, de fazer um esforço, mesmo que ciclópico, para atingir esse fim.

Isto a propósito de uma pequena, mas serena, sublevação dos meus alunos. Colocam em causa a metodologia seguida, as estratégias adoptadas. Referem uns que se desinteressaram da disciplina, outros que não conseguem assimilar. Que preferem os métodos eas estratégias dos outros professores, aulas mais expositivas, com maior intervenção por parte do professor.

Acredito, quase que me levaram a concordar com a sua sublevação, tal foi o silêncio que se fez quando cada um expressava a sua opinião, fazia o seu comentário, estabelecia a sua crítica.

Mas não concordo, nem submeto estratégias e metodologias didácticas a votação. Ainda se os resultados nas outras disciplinas fossem melhores, apresentassem uma maior taxa de sucesso, mas não. O sucesso é o mesmo, níveis muito, muito baixos. O desinteresse dos que não têm interesse mantém-se, a desmotivação face à escola também.

Resta-me recolher este feedback, estruturar uma avaliação mais coerente e que permita um nível de tratamento mais aprofundado do trabalho desenvolvido, tentar perceber e compreender onde tenho falhado, porque tenho falhado, o que se pode fazer para corrigir.

A avaliação do nosso trabalho é, em minha opinião, um ponto fundamental para redefinir situações, corrigir trajectos, equacionar projectos.

Não posso dizer que tivesse ficado surpreendido com esta manifestação de desagrado relativamente ao trabalho desenvolvido. Esperava-a uma vez que procuro (não sei se consigo) fazer coisas diferentes e de modo diferente. Procuro dar trabalho ao aluno, desenvolver nele competências específicas de autonomia face ao trabalho do professor, colocá-lo no centro da minha atenção.

Talvez não o esteja a conseguir, pelo menos com os resultados esperados. Mas falta determinar a consolidação das aprendizagens, determinar dos níveis de autonomia. Talvez esta manifestação de hoje mais não seja que um reflexo dessa autonomia pretendida.
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