terça-feira, maio 31

da posição

há que reconhecer e assumir que estar ou ser da oposição é uma situação mais confortável, mais liberta e menos condicionadora que ser da posição, defender ideias ou situações que decorrem de uma maioria.
Sou socialista, não é novidade. Como não será novidade que qualquer pretensa defesa das ideias ou posições assumidas pelo governo PS no combate ao déficite levará com comentários e críticas de acefalia, que não se pensa pela nossa cabeça, que estamos cegos, que não temos razão.
É, digo eu, normal essa posição que há muito marca a lógica portuguesa, tanto de esquerda como de direita. Dificilmente conseguimos ouvir o outro, escutar outras opiniões ou ideias que não estejam de acordo com o que pensamos, que não venham da boca e das cabeças dos que reconhecemos na nossa área como fazedores de opinião.
Estamos muito mais habituados a destruir que a construir, estamos muitos mais habituados a criticar do que apresentar outras alternativas. Estamos muito mais habituados ao pretensamento uniforme e homogeneizante do que à diferença, ao debate, à construção, à pluralidade.
Isto fruto de um passado que persiste em nos marcar e, ainda, nos condiciona no agir e no pensar.
Será, mesmo no âmbito deste combate às contas públicas, tempo e oportunidade de criar outras lógicas de funcionamento, outras alternativas, outros espaços de diálogo e discussão, outros modos de gerir a coisa pública.
Essencialmente o que falta a este meu governo de esquerda é capacidade de rasgar horizontes, ir mais além. Por exemplo, criando centros de custos em cada local público, responsabilizando a sua gestão pelo cumprimento de objectivos e pela gestão de recursos (humanos, materiais e, obviamente, financeiros) e pela prestação de contas - quer às hierarquias, quer à sociedade e aos parceiros sociais.
Falta este pequeno/grande passo, garantir a confiança nas pessoas que constituem a máquina do Estado. Será porventura esta a grande reforma que ainda não foi anunciada.

do afastamento

Depois de um fim-de-semana prolongado, marcado pelo afastamento deste meu deserto, regresso com mais banalidades e as habituais vulgaridades do meu quotidiano.
Persisto em dois dos meus objectivos, perceber até onde consegue ir a minha escrita, o trocar de ideias, o debater opiniões e construir sentidos - de vida, de escrita, de interpretação - como persisto em procurar desconstruir ideias (antes de mais nada as minhas), situações, relações e situações.

quarta-feira, maio 25

prolongamento

Este fim-de-semana promete e eu vou tentar ir atrás dele, tentar assegurar que me mantenho firme até, se possível, segunda feira.
Começa amanhã - reconheço que sou daqueles que contribui para o buraco da coisa pública, faço ponte - com uma visita à zona de Alqueva. Almoço, sardinhas com batata e salada; lanche, veado no forno; jantar javali no carvão e, para quem possa ter dúvidas, picanha com arroz e feijão preto.
Entre 5ª e Domingo um restabelecer de níveis normais quer de colesterol, quer de resistência. Sábado, certamente na pausa, um lance para restabelecer do calor, umas gambas acompanhadas com uma tosta ligeiramente adocicada com manteiga de alho, um vinho verde bem fresquinho.
Domingo, entre uma pausa no olhar o televisor e descobrir resultados de uma final (será dobradinha?) os anos da filha prometem (obviamente no que se refere à componente dos adultos), uns pastelinhos de bacalhau, seguido de um bacalhau espírituoso que a esposa sabe fazer como ninguém, uns cogumelos limados com legumes frescos salteados e um tinto daqueles que requer ocasião especial, e os anos de alguém cá de casa é sempre um dia especial, rematam a conversa em final de dia.
A semana seguinte é que promete ser comprida, muito comprida.
Enfim, teremos que resistir, saber resistir.

talvez sim, talvez não

Cá volto aos tachos, aos boys e aos jobs. Não resisto à tentação, algo hilariante diga-se de passagem, de dar conta das nomeações - minhas pois claro.
Já me colocaram em inúmeros sítios, desde a protecção civil à educação, passando pela juventude já fui nomeado por diversas vezes e para diferentes lugares.
Mas aquele que eu mais gostei, que achei e considero mais hilariante foi a de ter sido nomeado coordenador da sub região de saúde.
É engraçado, talvez e no meio de tantas possibilidades, tantos lugares e oportunidades, talvez, quem sabe, haja alguém que acerte. Um dia. Talvez.

terça-feira, maio 24

rigorosamente rigoroso

Assim mesmo, rigorosamente rigoroso. Não é um pleonasmo, é rigor.
Não quero cair nem em generalizações nem em abrangências ou que não conheço ou que não domino, mas que existe um excessivo rigor, quase ao nível do preciosismo, no número do buraco público, estes 6.38%, disso não tenho dúvidas, nem pinga de incerteza.
Como escreveu um amigo (a circular por mail) não são os seis por cento que me incomodam, não são as décimas que chateiam, o que me aborrece mesmo é este rigor, quase tão fingido como as contas públicas, do valor centésimal de 0.08%.
Fosse tudo assim, tão rigoroso e pormenorizado como este valor centésimal e não teríamos, quase que garantidamente, o buraco que temos. Nem os governantes que temos tido.

segunda-feira, maio 23

às vezes

Às vezes, como hoje, como agora, agarro-me à simples vontade de não escrever, de não dizer nada de nada escrever, para não escrever, para não fazer nada.
Não é falta de assunto ou de argumentos, como não é certamente, falta de vontade de opinar. Apenas me agarro a esta falta de vontade e não escrevo, não digo nada.
Limito-me a olhar os outros, a ler o outros, a ver o outros. A sentir os outros.
Às vezes dou por mim a admirar quem passa.

sábado, maio 21

do sítio do não

Um sítio criado talvez apenas para contrariar ou simplesmente para discutir, o certo é que a discussão sobre a possibilidade do não vencer em França, no contexto do referendo à constituição europeia, despertou em mim duas ideias.
Por um lado, o receio e o confronto em que estamos todos envolvidos, decorre de uma enorme asneira, do profundo distanciamento a que a europa fica do comum dos cidadãos. A constituição europeia até pode ser a refundação da Europa, mas não há simples cidadão, comum mortal que entenda o que ali se diz, se pede ou se define. Como existirão muito poucos que entendam o porquê de só agora existir um referendo à União Europeia. Aparentemente nem os franceses, fortemente politizados e ideologizados, percebem o que se quer. É uma valente resposta esta de uns quantos considerarem o comum mortal idiota e iletrato. Bem Feita.
Segunda ideia que decorre da manifestão europeia ocorrida há dias atrás em Paris e onde participaram distintos lideres políticos (presentes e passados), nos discursos e nos apontamentos que tive oportunidade de ouvir e ver sobressaiu a superioridade, pelo menos discursiva, dos mais velhos (Soares, Delors, Jospin) em claro contraste com os mais novos que se enleavam em ideias e pressuposições que só eles entendem.
Na nossa santa terra não considero mal nem me considero tão iletrato que confunda o voto autárquico com o referendo europeu. O que receio efectivamente é não haver tempo ou oportunidade para que se possa discutir esta ideia de europa e perceber quais as implicações que pode ter no meu futuro ou dos meus filhos.

quinta-feira, maio 19

apetites

Sabem o que me apetece fazer?
Se alguém disse ou pensou em Nada, é exactamente isso. Não me apetece fazer nada.
Este calor, e ainda não é nada, irrita-me a mioleira, frita-me os poucos neurónios disponíveis.
E não é o calor propriamente dito, são as variações da temperatura, tão abruptas quanto os dias. Há três dias atrás tinha reposto a manta retirada da cama, vestido as camisas de flanela. Hoje, apenas três dias depois, a garganta seca, os miolos torram, a paciência esgota-se.
E o termómetro sobe, qual balão - lembram-se? sobe, sobe, balão sobe :))

quarta-feira, maio 18

aniversário


Posted by Hello
Este senhor fez ontem dois anos de escritas de palavras à solta.
É um dos sítios mais antigos e mais veneráveis que reconheço. Nunca agradeci nem o link nem as visitas.
Bem hajas por muito e mais tempo.

terça-feira, maio 17

Impressão

Fico na dúvida se este sentimento de ausência, de algum vazio que sinto, quer na presença quer na escrita de tantos bloguistas é apenas impressão minha.

Posted by Hello
Ou apenas preparação para a confraterinação do próximo sábado que, uma vez mais, faz com que Beja seja a capital da blogosfera?

escorrer

São quase 6 da tarde. Cheguei há pouco da escola. Algo entre o cansado e outra qualquer coisa que não consigo descrever.
Não tinha ninguém em casa. O resto da família deve ainda entreter-se pelas ruas da cidade de Évora, entre um local e outro.
Subi ao meu deserto, vasculho um e outro blogue, leio notícias, passo os olhos a escorrer, depressinha entre um sítio e outro, sem vontade de parar em lado nenhum.
Estou cansado, apetecia-me ir deitar, sabendo, de antemão que não conseguiria dormir, talvez apenas descansar a cabeça.

quinta-feira, maio 12

Em desaparecimento

Há imagens que marcam um tempo, uma região, uma ideia. Há imagens que são a ideia que delas fazemos. Esta, retirada de um sítio alemão, está em vias de desaparecimento.
Por um lado, felizmente, uma vez que o seu desaparecimento é também sinónimo de uma evolução política, social e económica.

alentejo Posted by Hello
Por outro, infelizmente, uma vez que são a ideia que temos de uma vasta região.
Resta saber por que imagem será substituída.

O Beijo

Desde que conheço este quadro - G. Klint, 1907 - que gosto dele. Já me perguntaram porquê, nem sei explicar.
Acho, digo eu para os meus botões, que revela um intenso, profundo e sensível sentimento de ternura.

o_beijo Posted by Hello

terça-feira, maio 10

ideias e dos vencedores

Custa-me ouvir, no contexto da celebração do fim da segunda Guerra Mundial, que houve uns quantos países vencedores, aos quais se segue um rol mais ou menos extenso de países, e um conjunto de países derrotados.
Ontem, nos diferentes noticiários que ouvi sobre as celebrações que ocorreram houve quem dissesse que se juntaram vencidos e vencedores.
Estes senhores ainda não perceberam que quem foi derrotado não foi a Alemanha ou a Itália, mas as ideias totalizadoras, fascistas e xenófobas de quem dirigia esses países, num dado contexto histórico e social.
Insistir em afirmar que este ou aquele país foi derrotado, que este ou aquele foram os vencedores é acentuar ideias de descriminação entre uns e outros, realçar ideias pré-concebidas e esteriótipos o mais das vezes preconceituosos.
Afinal, e tenho que reconhecer isso, a História, esta que é feitam letra maiúscula, é feita e escrita pelos vencedores, por aqueles mesmos que, à falta de outros factos, usam a História como argumento.

segunda-feira, maio 9

da cultura

O Luís anda com uns textos simples, curtos e, digo eu, intensos. Apetece-me uma pequena provocação, entre a cultura que ele diz em equívoco mergulhado no caos e o nosso glorioso qual a construção passível de um objecto campeão.

verde

não sei se será correcto, mas hoje estou vestido de verde esperança, daquela coisa que resta a quem não tem mais nada onde se agarrar (argumentos, pontos, factos, futebol, jogo jogado).
Quero sublinhar que não estou preocupado com o resultado de hoje do Sporting. A minha única preocupação é o glorioso, a sua capacidade de enfrentar leões e dragões, ventos e marés e saltar o pequeno, mas significativo barranco que se lhe depara.
Será que somos capazes?
Será que temos ainda balanço?

apetites

Estou com um daqueles apetites em que me apetece arrancar, pela raíz, toda a natureza.
Pareço peixe fora de água, boca aberta, respiração ofegante, como quase acabado de percorrer vários km, nariz típico de uma qualquer constipação, olhos vermelhos, não do choro mas da irritação.
Sintomatologia de uma alérgia que, apesar de não matar, irrita como o diabo.

sábado, maio 7

boys and job

Ainda pensei se seria conveniente dar ouvidos a algumas vozes que, por uma qualquer razão, se escondem atrás do muro, atiram a pedra e assobiam para o lado como se não fosse nada com elas.
O anonimato, no espaço da blogosfera, é isso que me parece.
Mas enfim, porque reconheço que há que dar atenção a quem dela precisa duas notas sobre um texto que mereceu diferentes comentários, provavelmente pertinentes, sobre boys e jobs.
Sou um boy, assumido. Sou militante do PS, com prazer e orgulho de pertencer a um partido que é um dos alicerces da democracia portuguesa e um dos construtores do país que temos, é certo, mas também que queremos.
Como ali se refere, sou professor dos ensinos básico e secundário. Gosto de ser, gosto da minha profissão. Foi isso que me trouxe para a blogosfera é isso que faz com que queira compreender e perceber melhor os mecanismos de funcionamento da minha sociedade, do meu país (deixo propositadamente de lado os adjectivos, que agradeço).
Sempre que me perguntaram se queria dar o meu contributo disse que sim, foi assim no centro de área educativa do alentejo central, no PROALENTEJO ou na delegação distrital da protecção civil.
Tomei, tomo e tomarei posição, assumo o meu partido, dou a minha opinião sobre o que é estar na vida e na política.
Se ganhei algo, e não tenho dúvidas que ganhei, foi amigos (alguns inimigos também), conhecimentos, experiência, conheci melhor o que é esta administração, o que são e como são os pequenos nadas que persistem no quotidiano nacional (e regional) a obstaculizar o seu funcionamento, a causar entropias, desajustes.
Persiste hoje, como então, o meu interesse em promover as ideias de um país mais livre e democrático, onde não haja receios de defender ideias, tomar posições, defender opiniões. Sei, na pele, o que isso significa. Não abandonei essa defesa nem esses interesses. É isso que me move, é isso que me interessa.
Com a vida, na política, na escola ou com os amigos, tenho uma relação que designo de merceeiro, entre balanços permanentes de um deve e de um haver, em que apenas peço que o final, no acerto de contas, seja zero, nada deva à vida, aos interesses que defendi, às ideias que perfilho, ou à política em que milito. Que ela nada me deva, nem me sinta devedor. Ficarei, como estou hoje, de consciência tranquila.
Sou um boy assumido, com prazer e orgulho. Não procuro um job, já o tenho.

quinta-feira, maio 5

dos argumentos

em face da apresentação, hoje, dos candidatos do PS, José Ernesto e Capoulas Santos, há quem diga que são questões de fé, ou temos ou não temos.
Não posso estar em maior desacordo. Nas questões políticas, onde se discutem argumentos, onde se trocam pontos de vista, onde se levantam ideias e onde se esgrimem opiniões, ou há argumentos ou não há discussão, ou há dados ou não temos opinião. Ou há uma ideia de cidade (no caso concreto) ou não temos política.
Indiscutivelmente Abílio Fernandes e a ideologia que o suportou tinha uma ideia de cidade, instaurou e procurou implementar uma lógica de organização urbana, social e política. Com a qual nunca concordei, com a qual, sempre que pude, me manifestei contra.
Hoje, pelos diferentes argumentos que se arregimentam, pelas ideias que se trocam, faz-se notar o confronto de ideias sobre a cidade, esta cidade de Évora.
É por isto, e não pela fé, que estou com Zé Ernesto e Capoulas Santos. Consciente que há muito, muito mais para fazer. Afinal, o PCP esteve quase 25 anos no poder, o PS apenas à quase 4.

terça-feira, maio 3

apresentação

Após a apresentação de um dos lados da contenda é a vez daqueles que apoio dizerem de sua justiça. No próximo fim-de-semana é a vez de José Ernesto e Capoulas Santos apresentaram os seus argumentos.
Como não vou em cantilenas e choradinhos de um qualquer antigamente (vão dizer que já não penso pela minha cabecinha), como considero que nem tudo é mau ou errado, apresento, pessoalmente, três argumentos à continuação:
por que Évora está diferente - nem apresento ideias se para melhor (certamente alguns concordarão que sim) se para pior (certamente que outros tantos concordarão). O que considero deveras importante é apenas e somente este termo, este adjectivo - diferente. Depois de um quarto de século de monolitismo, de afirmação ideológica da cidade ao serviço de um partido é tempo de Évora se apresentar diferente. As pessoas sentem-no, expressam-no na apropriação que fazem de espaços e situações, contextos e ambientes.
porque ainda há muito para fazer, o que seria inevitável no final de um primeiro mandato onde houve que reorganizar serviços e funções, onde houve necessidade de conhecer cantos e recantos e descobrir alguns dos desencantos de uma governação local. Após este primeiro mandato onde nem tudo foi possível e muito é desajado, tal as expectativas depositadas na mudança, há que abalançar para outros voos com outros conhecimentos, com um outro comprometimento (político, é certo, mas também comunitário e social), finalmente,
é tempo de afirmação, político, antes de mais nada. Isto é, há que deixar para trás confrontos pessoais e saber afirmar políticas, quer da posição de governação, quer muito particularmente de uma oposição que se debate com fantasmas no sótão e esqueletos no armário. Há que devolver à cidade o seu espírito de participção e construção cívica e política que a marcou durante séculos, que entorpeceu em face do predomínio ideológico. Hoje e no futuro, há que reiterar a pluralidade e a diversidade (social, cultural, regional, ...) de uma cidade perante a sua região, salvaguardando a unidade (que não unicidade) e a coerência de um projecto, de uma ideia de cidade, de qual o seu papel no contexto regional e nacional.
Por isto mas não só por isto, estarei ao lado de Zé Ernesto e Capoulas Santos.

segunda-feira, maio 2

quase pronto

Pronto, está definitivamente arranjado o pequeno conjunto de onde sairá o campeão nacional.
Bem melhor que o empate do Benfica o Sporting soube ultrapassar um obstáculo que não teve consistência para defender o lugar que ocupava.
Dentro de duas semanas veremos do que somos capazes.
Ainda acredito, quero acreditar que saberemos defender, com unhas (garras) e dentes (bico), este primeiro lugar.

domingo, maio 1

dia da mãe

Ao longo da manhã tenho procurado lembrar-me de um poema que, invariavelmente, marcava este dia quando andava na escola primária.
Algo como com 3 simples letras se escreve a palavra mãe... e o resto não me ocorre.
Porque só somos o que somos por causa da mãe, um feliz dia a todas as mães que por aqui passam, presentes e futuras.