quinta-feira, janeiro 8

da voz e das vozes

Finalmente começo-me a sentir em casa. Existe companhia, existem vontades, distantes, é verdade e é pena, mas existe companhia, existem, permita-se-me este meu pretensiosismo, amigos com quem partilhar e debater ideias. O Mocho, o Outro Olhar, Educação para a Saúde, o Educa Portugal, vieram animar as hostes, dar ânimo e esperança de longas conversas a este bloguista. Espero e faço votos para que mais apareçam, para que se alimente a fogueira das ideias e haja espaço e tempo para discutir a escola, a nossa escola.
As discussões atingem o nível que permite colocar em causa ideias, opiniões, conceitos e pré-conceitos. Permite-se, por intermédio do seu questionar, recolocar ideias, reconstruir opiniões, redefinir conceitos, redescobrir velhos caminhos, sentir, outra vez e sempre, a escola.
É disto que eu gosto, é esta escola que eu ambiciono, que promovo, a da crítica, a da disputa das ideias, não numa perspectiva de superação dos outros, nem do reducionismo ao que quer que seja. Mas a escola que tenha sentido para os alunos, para os professores, para os funcionários, para os pais e encarregados de educação. A escola que promova a formação cívica e crítica da pessoa, a construção de uma democracia participativa, onde a opinião seja respeitada, haja tolerância para com o outro e a vitória seja daquele em que se reconhece a melhor das utopias.
Estou nesta guerra dos blogues desde Julho do ano passado, muito tenho eu batido no teclado, clamado por vozes e mais vozes. Não se vão embora. Juntemo-nos, utilizemos esta ferramenta e criemos ideias, sentidos para a escola, ideias de escola que possamos partilhar.
Sinto aqui na blogosfera aquilo que é comum sentir na escola, a de um permanente arranque, um recomeçar constante, que desgasta energias e nos consome o ânimo, é certo, mas que permite um eterno repensar da profissão. Se não existir capacidade crítica, encarada sob uma perspectiva analítica, não conseguiremos valorizar o que de bom existe, nem o que de bom se faz na escola. Se existem boas práticas?, bons profissionais?, boas ideias?, disso nunca duvidei. Se assim não fosse, a escola não teria resistido tanto tempo.
Com tudo isto, com a minha impertinência e alguma, muita paixão, quero apenas e nas palavras do Real Colégio, “ressuscitar o atrevimento dos criadores. Nos olhares, nas dúvidas, na aplicação das pequenas pessoas que ali querem aprender, assisto maravilhado a esse renascer.”

Um claro e objectivo esclarecimento.
Não sou contra os professores. Não posso ser contra mim, sou professor dos ensinos básico e secundário, ficar-me-ia mal esse sentimento algo autofágico. Também não sou defensor da contenção das palavras quando o meu objectivo, ainda que possa não parecer, é a de debater e discutir a escola que queremos. Não procuro fulanizar estas questões, ainda que possa, em muitos casos, existir essa tentação. Fulanizar não com pessoas, mas com grupos sociais, profissionais. Como diz o Miguel, a culpa não pode morrer solteira, pois é bem verdade. Mas eu não estou preocupado com culpados. Eu estou preocupado é com o futuro.