da crítica e dos professores
Como (ir)responsável por este blogue em que a escola e a educação básica e secundária são o tema central, não posso deixar passar em branco o desafio e o espicaçar de um sentimento que o Mocho coloca.
Apesar de dar a entender que acuso os professores, que sou contra os professores, penso exactamente o contrário, não culpo apenas os professores pelo estado em que está a escola ou em que estamos nós docentes, mas que temos grande cota parte de responsabilidade, disso ninguém nos livra.
Somos responsáveis por não assumirmos uma postura profissional que respeite a formação comum e, antes, procuremos acentuar a descriminação pela arrogância e desplante da balcanização pedagógica ou científica, pela pretensa diferenciação que se procura efectuar em face do nível de ensino que se lecciona, pela arrogância com que muitos exercem a sua profissão, com lampejos de classe superior, pela falta de humildade que muitos carregam em duas pernas.
Já não apenas os docentes, também o ministério, também as universidades pela falta de formação que temos e que quando nos é proporcionada visa o interesse de quem a promove e não de quem a recebe, que se adequa aos centros de formação e não às escolas em contexto, pelas leituras que não fazemos porque a teoria não nos interessa e não nos dá soluções, pela funcionalização da profissão docente, pela quase fé que muitos colocam na sua prática lectiva, como se nada mais restasse para além da fé.
Mas não somos os únicos responsáveis. Tem interessado manter este estado de situação a muita gente. Aos ministérios e aos ministros, aos políticos e aos governantes, aos sindicatos, às associações de classe ou profissionais em que com uma classe docente dividida é mais fácil reinar, mais fácil obter aquilo que se pretende.
Mas há, reconheço isso desde sempre, muitos e bons exemplos, gratas recordações, boas práticas, inumeras vontades de fazer mais e melhor, de não nos calarmos, de fazer sentir sentimentos, vozes, anseios. De nunca culpabilizar o sistema, de se contentarem com pouco e de com o pouco que têm fazerem muito, darem muito, proporcionarem o milagre da multiplicação.
Com estes exemplos só temos a aprender, com estes exemplos quero eu aprender a ser gente e profissional. Crítico é os maus exemplos. Sei que uma árvore não faz a floresta nem nos permite retirar uma ilação correcta. Mas é o ponto de vista, uma opinião da qual sou assumidamente responsável e culpado.
Uma atitude que defendo aqui, neste blogue, como na escola, na sala de professores, nos conselhos de turma, nas instâncias sindicais ou políticas em que tenha oportunidade de participar ou aceder, em casa, em tertúlias de colegas de profissão ou não.
Pretendo colaborar na construção de um sentido para a escola, na formação de uma ideia de escola que inclua a dinamização da região, da sociedade da democracia.
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