sexta-feira, janeiro 2

Escola Cultural ou a participação pela blogosfera

Ora aqui está um bom exemplo do que pode ser uma forma de envolvimento e de participação estimulada e definida por uma escola e que utiliza a blogosfera como palco.
Pena é não assumir, pelo menos por agora, a sua identificação, ainda que por algumas das características do texto se possa inferir de uma eventual proximidade regional.
Ainda que não procure ir ao fundo das questões ali abordadas não resisto à tentação de comentar duas ou três ideias que, em minha opinião, enformam o documento (não deixa de ser uma das formas de participação, ainda que distante e desconhecedora da realidade contextual onde a escola se insere e sem muitos dos pormenores que me permitiriam ir mais fundo, quer na análise quer nos comentários e opiniões que aqui deixo.)

Primeiro - a meio do documento surge uma afirmação com a qual concordo plenamente, que a formação mais não é que uma "passagem por instituições, que mais parecem ilhas sem ligações que permitam a comunicação." Da qual a escola faz parte. Apesar de conceber a reificação das instituições omite, pelo menos no imediato, a configuração de propostas que permitam ultrapassar esse isolamento, mas deixa subjacente que compete à escola alguma da centralidade no esbater das distâncias.
Segundo - o projecto educativo enforma, de acordo com o que me é dado a ler, da tradicional roupagem educativa deste tipo de documento. Razoavelmente bem elaborado, coerente q.b., fundamentado em orientações técnico didácticas e metodológicas, alguma pretensão de criar um espaço de orientação pedagógica. Mas pronto. Não define, pelo menos no que nos é dado a ler, objectivos viáveis, plausíveis, formas de trabalho pela qual a escola e os seus docentes possam optar, orientações políticas (ainda que a escola cultural seja uma escollha/opção política evidente). Reconhece que "a escola não se confina às aulas formais mas a todo um conjunto de actividades que se interligam em perfeita consonância" mas não aponta caminhos, não deixa sequer implícitas possíveis estratégias que permitam reforçar essas interligações ou os modos de as valorizar.
Denota-se, para terminar uma análise que assumo sintética e partindo de uma leitura em diagonal do texto, o carácter voluntarioso do documento, que parte da valorização de um conjunto de leituras, por ventura de alguma formação específica entretanto adquirida. Como denota ainda alguma fragilidade ideológica no sentido de o Projecto Educativo não reflectir nem apontar uma dada ideia de escola, concreta, com medidas, com objectivos, mensurável, com critérios de avaliação (internos e externos, endógenos e exógenos) metas onde uma comunidade pretenda chegar, como chegar, quando chegar.
Mas as hipóteses estão todas lá, neste palco que é a blogosfera e este é um passo determinante na abertura da escola e na aproximação dos espaços que são referenciados com ilhas. Esta é uma forma de deixarmos de ser uma ilha e podermos construir um continente.