quinta-feira, janeiro 15

da colaboração

Reconheço que um dos meus recentes interesses sobre a escola recai no trabalho colaborativo dos professores, não procuro uma versão importada e muito menos transfigurada do que nos anos 90 foi definido como as organizações aprendentes, as learning organizations.
Considero que, no contexto educativo, este trabalho apresenta especificidades, características próprias, singularidades que não são passíveis de interpretação ou de compreensão ou, sequer, de análise a partir de organizações empresariais, independentemente do seu objecto.
Ora o que quero aqui relatar é a experiência que ontem decorreu na "minha" escola relativamente ao trabalho colaborativo ainda que sobre outros pretextos.
É sabido que a inexistência de um sentido ao trabalho docente, seja numa lógica macro educativa (sistema ou ministério) seja numa lógica meso, a da escola, tem como consequência o refúgio do docente numa escala micro-educativa, a da sala de aula. Neste espaço o docente define e cria o seu mundo, cria a teia de relações sociais que suporta a sua própria sobrevivência na escola. Complementa este aspecto com regulares visitas à sala de professores e pronto. As reuniões muitas das vezes mais não são que um leve ponto onde se podem aflorar algumas perspectivas.
Mas ontem não. Em face de uma turma problemática (tão problemática quanto o desinteresse e alheamento de alunos perante as aulas) resolveu-se realizar um Conselho de Turma tendo como base a articulação e consensualização de estratégias colaborativas.
É bonito ver a surpresa das pessoas depois de uma conversa de 30', o espanto de descobrirmos o outro, o que o outro faz, como faz, as valorizações que faz, a descriminação que determina, as estratégias que utiliza, entre outros.
Não chegamos ainda a um objecto comum, lá havemos de chegar. Mas foi dado um passo para percebermos melhor o sentido do nosso trabalho e, deste modo, perdermos um pouco as nossas angústias perante a indiferença e o alheamento. Talvez consigamos ganhar novos aderentes. Para a semana há mais.