quinta-feira, agosto 19

estórias de férias

Por onde andei a banhos, praia do Alvor, Portimão, deparei com uma cena que me entristeceu, me fez pensar e me coloca grandes interrogações.
A situação diz respeito aos sotaques portugueses, do norte minhoto ao sul algarvio, cada terra tem um sotaque que o caracteriza, distingue e marca não apenas a sua zona regional mas as suas características, particularidades e especificidades sociais.
Num dos meus lados um casal da zona de Viseu, a carregar nos ss, a trocar os vv pelos bb, não sentia qualquer constrangimento na afirmação do seu regionalismo.
Atrás do meu guarda sol, um outro casal mais os seus dois filhos do alto minho, como os anteriores sentiam orgulho e faziam questão de o mostrar por intermédio do seu sotaque.
De um outro lado, um casal, ele com pouco mais de 40 anos, ela lá perto, mais uma filha aparentemente no início da adolescência; quanto esta levantava um pouco mais a voz, a mãe repreendia-a com a afirmação que não tinham que mostrar que eram alentejanos.
Não quero generalizar, porque sei que não é passível de generalização, não quero ser abusivo mas que me senti incomodado, lá isso senti.
Que razões podem levar um casal a afirmar o seu regionalismo, a sentir orgulho do seu sotaque e um outro a sentir exactamente o contrário? que fantasmas ainda tingem a nossa memória colectiva que nos constrange e oprime?