quarta-feira, agosto 18

O fim da política (?)

Este artigo, da prof. Maria Filomena Mónica, deixa-me algo irritado e com bortoeja na pele.
A insistência com que alguns sectores - políticos e ideológicos, mas também jornalísticos - teimam em sublinhar, que é chegado o fim das ideologias, da política e das ideias só me causa arrepios, comichão e incontinência verbal.
Como se existisse, de modo exclusivo, um tempo, um espaço, um lugar restrito das ideias, das convicções, das ideologias, das vontades de sonhar e de lutar por algo.
Como se o presente, marcado por estes tempos do mediático e do global, nada disso fosse possível, ficasse mal, deslocado no tempo e no espaço das ideias. A política, agora, e de acordo com essas cabecinhas, é um lugar vazio, acéfalo, onde a vontade de sonhar dá lugar ao supermercado de ideias.
Não sei se apenas são nostalgias próprias da idade, se incapacidade de ver o mundo que nos rodeia.
Será que os meus filhos não vão ter sonhos de lutar por um Portugal melhor? será que as disputas eleitorais se irão circunscrever a debates televisivos deixando de lado as disputas do nosso bairro, da nossa freguesia, da nossa cidade? Será que não se poderão determinar outras, talvez novas, talvez reformuladas, formas de participação e de debate?
Será que a defesa das ideologias e das ideias é fixista e exclusiva de momentos? ou será que podemos aspirar a outros momentos, a outras ideias?
Com toda a arrogância, pretensiosismo e tudo o mais, não concordo com a prof. Filomena Mónica.