sexta-feira, agosto 19

o manel é porreiro

Estava na fila de pagamento da bomba de gasolina. Na fila estava atrás de quem pagava e, atrás de mim, mais umas três ou quatro pessoas aguardavam pela sua vez.
Quase de repente um velhote de voz gasta pelo tabaco, pelo alcoól e pelos anos, ultrapassa tudo e todos e, de braço estendido, coloca duas cervejas em cima do balcão, olha para mim e diz, no fundo da sua rouquidão, o Manel é um gajo porreiro, é sim senhor.
Olhei para o senhor a tentar perceber de onde ele me conhecia, das eventuais razões deste seu comentário. Não conseguia perceber o porquê daquela consideração, amável é certo, mas que ao mesmo tempo me embaraçava.
O senhor voltou, no mesmo tom de voz, a repetir a frase, o Manel é um gajo porreiro, é sim senhor. Não deixava de olhar para mim e agora acrescenta apenas o pedido para que o empregado se pagasse das cervejas que queria despachar.
E eu que não percebia a razão daquela afirmação.
O empregado olha para mim, como se pedisse autorização para despachar o senhor, como nada disse agarra na nota que o velhote lhe estendia, faz o troco e diz, O Manel é um gajo porreiro, é sim senhor, mas deves respeitar quem está na fila, para a próxima esperas pela tua vez.
Lá diz o povo que pretensão e água benta cada um toma a que quer.