segunda-feira, julho 4

da transição

há tempos, não sei precisar em rigor, duas crónicas quase simultâneas, uma de Eduardo Lourenço outra de José Gil, ambas na visão, dissertavam sobre o que um e outro autor considera ser este um tempo de transição, de mudança.
reconheço pertinência e acuidado nesta referência, como me é perceptível duas situações aparentemente contraditórias.
Por um lado, a clara noção colectiva que vivemos um período de mudança e que com mais ou menos consciência, maior ou menor impacto, todos percepcionamos. Seja pela fluidez do tempo, pelo ususfruto das ideias e dos paradigmas, pela voltatilidade que afirmamos nas ideologias.
Por outro lado, com a não menos clara sensação que, na generalidade dos casos e das situações, também se nota uma certa dificuldade de identificar essa mudança, particularmente quando não percebemos os contornos, quando as situações são difusas e as cores esbatidas e o fim é inpreciso.
Entre um e outro ponto, o aparente impasse que vivemos, com directos reflexos em dois aspectos aparentemente distintos mas com ligações e(a)fectivas, os caminhos desta União Europeia e os caminhos deste país.
Tudo isto para destacar o debate que as medidas deste governo realçou no conjunto da administração pública, de um modo geral.
Faz-se o debate de um modo que designo de esquisito, para ser simpático, tendo em conta que quando não se sabe quem defende o quê, com que argumentos, assente em quê, com que consistência.
Para onde caminha este nosso país? que administração pública é proposta nos discursos políticos, nas práticas institucionais, nas reivindicações sindicais? Qual o papel de cada interveniente, de cada actor social e político nesta aparente reconfiguração de um qualquer final de todos (?) ainda desconhecido?
Mesmo aqui, na blogosfera, mesmo em militantes ou simpatizantes do PS ou deste governo há alguma confusão, algum desnorteamento quanto ao rumo, quanto aos sentidos. Quem, em tempos, defendeu medidas e uma convicção forte de mudança e, agora, exige outras coisas, a manutenção do adquirido, a estabilidade do quotidiano conquistado.
Neste confronto, umas vezes pessoal, outras institucional, qual o papel que cada um reinvindica para si, que procura implementar ou seguir? Ou está à espera que lhe digam como é?