Comícios do deserto. Concorrência feroz a este espaço de crónicas aconteceu hoje, mediante o comício conjunto que os lideres partidários com assento parlamentar estavam a dar em plena RTP1.
Comecei a ver o debate. Não o consegui ver todo, nem metade, sequer. Reconheço que fiquei algo surpreso com a postura de José Sócrates, com o nervosismo que emudeceu Jerónimo de Sousa, ou ainda pelo descarado populismo de Paulo Portas ou pela atitude de guerreiro solitário de Santana Lopes ou por aquela atitude que o próprio designou [durante a tarde] de esquerda popular de Francisco Louçã.
Eu sei que já não devia ficar surpreendido com estas coisas. Sabia e sei que devia estar imune. Mas explicaram-me que pode acontecer o mesmo com a vacina da gripe. Tomamos, no início do Inverno, a dita cuja vacina, mas podemos, por razões várias, contrair gripe.
Que há indecisos? É verdade, no decorrer desta campanha já encontrei uns dois ou três. Assumidos e declarados indecisos. Daqueles que votam de acordo com as propostas apresentadas, com as ideias que se discutem, com o perfil dos candidatos, com os possíveis candidatos. Esperam até ao apito final e depois votam. Dizem eles, claro.
Não fossem esses e perguntava para que serve este comício televisivo.
Os comícios festivos ainda têm algum cabimento. Servirão, pelo menos, para consolidar um espírito de grupo e de corpo, confirmar as nossas convicções e assegurar e garantir as nossas próprias certezas.
Pelo que me toca, sempre que vou a um comício sinto-me mais preenchido, mais reconfortado, mais convencido do meu próprio convencimento. Fico com a quase certeza que estou certo. Por outro lado, revejo amigos e camaradas [não se esqueçam que sou de esquerda e socialista], umas quantas caras bonitas e troco mais ideias e oiço outras opiniões sobre aquilo com a qual concordamos, a maior parte das vezes, também é verdade.
Mas aqui, em plena televisão, qual o objectivo disto? No meio de tanta conversa corro o sério risco de perder outras coisas não menos importantes, como ler mais um bocado, ouvir música, trocar ideias sobre o dia com a esposa ou com os filhos.
No meio da vozearia contradigo o que os outros, que não o do meu partido, afirmam e defendem. Discuto palavras com a esposa, imagino um pequeno comício [temos a sorte e o privilégio de torcer pelo mesmo, mas nem sempre assim foi].
Quem ganha e quem perde é quase sempre o nosso [hoje não sei, não vi, como disse, até ao fim].
E amanhã é outro dia e há mais do mesmo.
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