quarta-feira, janeiro 12

rigidez

Há muito que gosto de ler Pacheco Pereira. Nos tempos que correm pode parecer hipocrisia, cinismo da minha parte, aproveitamento de quem da área do poder escreve contra estas pessoas, as suas ideias e a sua forma de estar na política e, essencialmente, no governo da coisa pública.
Isto tudo para destacar duas ou três ideias de Pacheco Pereira com as quais me debato há muito e perante as quais não conseguia trazer à liça com a clareza e a destreza deste autor.
Por um lado, a participação delimitada por aparelhos, sem que estes, por muito que tentem, consigam ir para além de si mesmos. À parte a fórmula dos Estados Gerais, bem conseguida e bem aproveitada em face do esgotamento da governação de Cavaco Silva, poucas experiências se podem referenciar de sucesso e mobilizadoras da população.
Por outro, a escassez de ideias bem evidentes não apenas nos diferentes aparelhos partidários mas também nesta blogosfera onde, há bem pouco tempo, pululavam ideias, debates, princípios, movimentos e fundamentos que agora sinto enredados na teia ideológica, circunscritos a pretensas fulanizações, enleados na surpresa das eleições.
Por um ou por outro lado, sinto que não será ainda desta que Portugal e os portugueses arrancam para a participação democrática, se reconhecem na política que é dita e que é feita, se revêm nas ideias em debate e nas propostas apresentadas.
Não sei o que falta, mas sei que falta ainda algo para mobilizar as pessoas em torno de ideias, do debate, da política e de reconhecer esta como um dos principais instrumentos da construção de futuros.
Ainda não será desta?