terça-feira, novembro 23

velhice

o meu pai envelhece dia após dia. Sinto-o a escoar-se no tempo, no passar dos dias.
Há anos atrás foi o coração que o ia levando para outros sítios e lhe limita e condiciona o dia-a-dia. Agora é a vista que o deixa ficar mais sozinho, mais isolado, mais dependente.
Sinto o meu pai a acabar-se, a ir-se, a esfumar-se.
Tenho 41 anos e tenho a sorte de os meus pais estarem por cá, me acompanharem, ainda me orientarem e ajudarem. Com esta minha idade há muito que eles tinha ficado sozinhos, sem referências, sem raízes.
O velho Manel, nesta sua sina de velhice, agarra-se à companheira de uma vida, que o atura, o ouve, o apoia, o ajuda. Torna-se mais quezilento, mais amargurado, mais rezingão. Mais velho, afinal.
Fico sem saber o que fazer, o que dizer, como agir entre a evidência da velhice do meu pais e a tristeza da minha mãe.