quinta-feira, novembro 18

das entregas

hoje fui entregar a azeitona ao lagar. Passei lá pouco mais de três horas e aproveitei a oportunidade para disfrutar das pessoas, ver e observar aquele conjunto de velhos alentejanos, dobrados dos trabalhos da azeitona, da apanha, dos trabalhos.
É um prazer, uma sensação que vai para além da absorção, sentir que as pessoas, estes velhos que conversam sobre tudo e sobre nada, que mostram a passagem dos tempos, o cutir do sol e da chuva, do vento e das geadas, gosto de os ver, de me rever neles, de sentir que um dia serei, ou pderei ser, como eles.
Aqueles velhos alentejanos que passam o tempo da espera de mãos nos bolos, corrijo, não são as mãos, apenas as pontas dos dedos, como se os braços fossem demasiadamente curtos para chegar aos bolsos.
Eu era dos mais novos que ali estava, no meio de todos aqueles homens que entregavam a azeitona. O meu sentimento era dos mais velhos, observar e esperar. Com todo o tempo do mundo, o azeite que um dia escorrerá pelo galheteiro.