segunda-feira, outubro 18

lágrimas

terminei ontem o Inventor de lágrimas, o último romance do conterrâneo Luís Carmelo.
Porque reconheceu que iniciava um mapa interpretativo (atenção o link não é directo) deixo a minha posta, antecipando que não sou crítico nem literário nem de coisa nenhuma, apenas me movo pela emoção que cada texto, cada palavra me desperta, pelos sentimentos que suscita. Que seja encarado como o meu contributo, o meu tijolo para uma arquitectura que se consolida a olhos vistos, que se sente crescer a cada livro.
Apenas tinha lido um outro seu título, gostei mais deste, tanto que o li em três dias.
Mas ao longo da sua leitura fiquei sempre com a sensação que contém outros romances, que ao escrever este outros se lhe acudiam ao espírito, se afloravam, despertavam novas/outras tentações. Há uma multiplicidade de princípios e outros tantos fins, dependendo das vontades e refazem-se, uns nos outros.
Há uma dinâmica rectilínia no romance, que une uma ponta e outra, eficaz, persistente, permanente, que nos puxa para a leitura, que nos obriga a perceber o que se segue, nos impele à leitura; mas que me deixa a dúvida se procura ser uma crónica de costumes se um relato de um quotidiano, se a construção de uma ideia, se um desenho de uma intriga ou, mesmo, se o desenho de um cenário de filme, de um enredo antecipadamente descrito.
A aparente facilidade com que escreve, faz-me desejar que o próximo seja uma crónica de costumes, um desmontar de personalidades, um desenho de figurantes activos e participativos, um reconhecer do nosso quotidiano. Ah, e já agora, com o Alentejo em fundo.