quarta-feira, fevereiro 18

Rua

A propósito de um post dos Mundos da Educação dois comentários, porque não consigo, não resisto a ficar quieto e, muito menos, calado.
Sou professor farão dia 1 de Setembro, se lá chegar, 15 anos. É certo que me ausentei do sistema entre 1998 e 2002, neste tempo nunca convidei nenhum aluno a sair da sala de aula. Consegui, por clara e manifesta capacidade negocial, resolver os assuntos dentro da sala, cara a cara com o meu interlocutor.
Tenho, por hábito, o vício de afirmar que o professor é, na generalidade dos casos, mais velhos, mais experiente, com mais formação e, em princípio, mais educação. Tudo factores que devem permitir que, em face de uma negociação de poderes, o professor tenha mais argumentos, seja mais convincente que o aluno.
É certo que há casos e há casos. Este ano tenho-me sentido manifestamente impotente e algo incapaz para definir estratégias que me permitam a inclusão de todos nas actividades que desenvolvemos. Não tem sido fácil.
Segunda observação, os pais, com informação q.b., com alguma conversa e abertura de espírito, proporcionada pelo director de turma, ou pelo docente titular da turma, mediante o esclarecimento, a apresentação do que se faz, a transparência de atitudes, objectivos e competências, reconhecem, ainda, o papel do professor. E há situações que reconhecem também as dificuldades com que nos debatemos.
Talvez falte, como em muitos outros sectores da nossa vida, comunicação, entendimento de qual o papel do outro, perceber o que o outro faz, como faz, porque faz.
Por outro lado e para terminar, não podemos esquecer que estes pais passaram pela escola, pelas nossas escolas. Muito tempo? Pouco tempo? com sucesso? Com insucesso? Atenção àqueles que formamos para que não sejam iguais a estes pais, mas tenham a capacidade de discernir entre a participação crítica, a exigência de mais e melhor profissionalismo e o bom senso que os leva a calar quando não temos conhecimento de causa do que se passa (ainda que os argumentos possam existir).