realidade
Quem trabalha na área da educação, particularmente na escola, sabe com que fios se coze uma realidade de desespero, de angustia, de desespero pelo facto de encontrar colegas que não têm lugar, outros que sabem que a única certeza que possuem é a incerteza do seu futuro, das suas impossibilidades, da distância dos filhos e da família, da deslocação para zonas desconhecidas e agrestes, porque agreste é sempre o desconhecido, o distante.
Quem trabalha na escola, em qualquer escola, tem clara consciência de quanto importante seria ter grupos, gabinetes, pessoas, equipas que colaborassem na resolução de problemas, que efectuassem a ponte com a comunidade e a família, que apoiassem estratégias de compensação, que permitissem minimizar problemas, conflitos, dificuldades. Quanto importante seria ter professores que, para além de serem professores, pudessem ser colaboradores, quem tivesse e utilizasse o seu tempo para apoio ao tempo dos outros.
E, no entanto, a capa da revista Visão desta semana é elucidativa de uma realidade.
Não está lá tudo, falta a realidade, aquela mesma com que lidamos todos os dias e que nos dá prazer e orgulho, como nos angustia e desespera. Nos enternece e nos entristece.
Não se é professor por vocação, mas gostar daquilo que se faz é mais que suficiente para se enfrentarem as dificuldades e as angustias.
A recompensa? o sorrisso de uma criança, o olhar da descoberta, o prazer do encontro.
O que falta? a assunção das apostas, saber que sem ovos não se fazem omoletes, que sem professores não há nem escola nem futuros profissionais, nem actuais alunos.
Falta convencer alguns políticos que a aposta na educação neste momento não passa por mais dinheiro, nem por mais recursos. Passa, fundamentalmente, por bom senso, por considerar o outro e as outras políticas, por criar um sentido de estabilidade (político, normativo, pessoal, profissional).
Não se percam os bloguistas em derivações inconsequentes, em valorizações do acessório, tempo com o dispensável. Fazem cursos e mais cursos, assumam a política como condição primeira para que a escola, a nossa escola, possa melhorar.
Hoje fico-me por aqui, amanhã há mais, do mesmo, pelo mesmo e da mesma maneira, com o mesmo prazer e encanto que tenho todos os dias.
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