quinta-feira, janeiro 29

da aferição

Digam lá, estão todos há espera que façamos comentários, possamos construir uma opinião sobre o tema do dia, as provas, ou melhor, os resultados da avaliação aferida?
Ná, hoje reservo o dia ao ruído, no meio da confusão parece mal comentar um tema, as suas análises e possibilidades de retempero, quando ando a fazer isso mesmo vai quase para um ano, neste sítio é claro.
Apenas três breves comentários sobre as provas de aferição e do debate que tive oportunidade de ouvir (Antena1 e TSF, Público ou Diário de Notícias):

1) a conversa tem servido, basicamente, para evidenciar a irresponsabilidade político-administrativa. Todos se acusam, todos sacodem a água do capote. A culpa foi do PS que promoveu e incentivou o facilitismo. A culpa é deste governo que não tem rumo, apenas desorientação, não tem política educativa, apenas vontade de orange boys.
Meus senhores, não me interessam culpados, interessam-me soluções, propostas de trabalho para ultrapassar, local e contextualizadamente a situação.

2) começa a não valer a pena queixarmo-nos dos professores que nos antecederam, não vale a pena queixarmo-nos do ciclo anterior - que não ensinou a ler, escrever e contar, que não ensinou conceitos básicos - uma vez que quanto mais se sobe maior é a desgraça, piores são os resultados [ainda bem que não fizeram uma avaliação aferida às universidades, seria uma total catástrofe]; há que incentivar e definir metodologias de trabalho colaborativo, entre escolas, entre ciclos, entre disciplinas, entre, muito importante, pessoas.

3) Estou certo que estes resultados caíram que nem ginjas a D. Justino e ao primeiro ministro. Com estes resultados é fácil justificar o reforço da defesa de uma reforma de fundo (mais uma, é claro) ao sistema educativo, ao trabalho dos professores, ao desempenho das escolas, ás avaliações, às relações da família, etc., etc, para resolver, de uma vez por todas (isto é, até uma próxima oportunidade política), o cancro que são os resultados da educação. Estou certo é que a opção não recairá na desregulamentação do sistema, na atribuição de capacidades, funções e competências às escolas, na articulação com as autarquias, na clarificação de um sentido ao trabalho docente na e para a integração de alunos com dificuldades de aprendizagem.

Finalmente, acreditem, aqueles que não são docentes e em que as relações com a escola são superficiais e mediadas pelos filhos em idade escolar, que há bons exemplos, boas práticas, bons profissionais, dedicação e vontade de dar a volta a este texto por parte de muitos e muitos professores, velhos e novos, menos novos e mais velhos. Haja também paciência para aturar discursos que não conduzem a lado nenhum, porque amanhã, digo eu, já ninguém se lembra e há outros assuntos, mais urgentes, na agenda do dia.