quinta-feira, setembro 2

circulos fechados (remake)

O Miguel, e os comentários que suscitou, trazem à baila um tema pertinente, interessante e deveras acutilante. Quer na forma como foi colocado, quer na forma como é suscitada a conversa.Fazia falta este espicaçar de ideias, de procurar iniciativas, despertar vontades e acções, muitas vezes escondidas no sossego de uma secretária, atrás de um ecrã, na indiferença do desconhecido.A blogosfera, depois de trazer um espírito de participação, envolvimento e debate enreda-se nas suas próprias malhas e ficamos carentes do olhar do outro, da sua opinião, do seu comentário. Sempre me surpreendeu como é que há blogues que apresentam dezenas de comentários e outros, como este mesmo, um ou outro, disperso nas postas que coloco, nos temas que abordo. No entanto, tenho consciência que sou lido, que há gente que por aqui passa e comenta, única e simplesmente mediante um encolher de ombros, com um sorriso de cumplicidade ou de complacência, num pensar para si mesmo e, quando possível, no trocar de palavras comigo mesmo, em jeito apresado.Mas, numa análise superfiacial e rápida pela generalidade dos blogues é possível verificar que se está a escrever para nós mesmos, pescreve-se para o que escreve. Quase que numaforma de auto-deleite, pessoal admiração, reconhecimento próprio e individual. Vão para além do género de diário, de post it, de qualquer razoabilidade e aparentam um deleite próprio escrevendo em circulos fechados.As ideias enredam-se, esgotam-se, carecem de fundamentos, argumentos, elementos que permitam consolidar ideias e opiniões. A discussão muitas vezes não chega a existir. Ou porque não existiu um tema central ou porque não existe o reconhecimento desse interesse, dessa discussão, desse tema.Estimula-se a ousadia da escrita, do argumento, mas, não sendo vulgar nem ordinário, raramente é merecedor de réplica, de contra-argumentação. [E isso é visível nos blogues cá da terra apesar do Miguel partir de uma outra perspectiva. ]E não é necessário analisar blogues específicos, sectoriais ou temáticos. É visível na generalidade dos blogues.Não existe, em muitos casos, não em todos, felizmente, sequer uma preocupação de desmontagem dos discursos, das ideias, da desocultação de princípios e valores que podem sustentar outros olhares.Assim sendo, escrevemos para saber que somos capazes de escrever, para se afirmar este reconhecimento. Mas em circulo fechado.Miguel, está iniciada a conversa??