sexta-feira, janeiro 16

do poder

Então vamos lá trocar ideias.
desde que a minha máquina se recusou a arrancar, que não tinha oportunidade de trocar ideias.
Já da primeira vez que o Miguel trouxe à baila o tema do poder nas escolas que tive vontade de comentar, de dar algumas achegas. Não o fiz porque o tema requer alguma fundamentação para além do carácter mais opinativo que gosto de dar aos meus post. Mas agora, face ao aprofundar do tema não resisto.
Primeiro para dizer que, perante o post, não lhe reconheço uma visão negativa da escola, ao contrário do modo como afirma o seu fim. Apenas real.
Há quem pense a escola como um qualquer local mais ou menos asséptico, onde as coisas não se passam e as lutas e os interesses pelo poder não se manifestam. Há quem o afirme à boca cheia, dizendo que ninguém quer o poder, pois não há interessado(a)s no órgão de gestão.
Este é apenas um destaque, uma das formas de poder e, há semelhança do que acontece na real politik, muitas das vezes o que detém menos poder.
A segunda questão serve para contrariar o meu colega, quando ele afirma que há os que "rejeitam a mudança, sobretudo, a que suscitar a modificação do “modus vivendi” instalado".
Aqui temos algumas divergências de opinião, que eu sei que na prática não acontecerão. É que pessoalmente não lhes reconheço resistência, apenas um interesse diferente, por vezes até divergente, da forma de assumir a negociação quanto aos equilíbrios, sempre instáveis e precários, dos interesses e dos interessados. Isto é, esta resistência mais não é que o claro exercício da "margem de liberdade dos actores" no "exercício do poder na interacção", (Friedberg, 1993) da colaboração e da cooperação que interessa a uns, para assegurar a pretensa existência social de uma qualquer forma de poder, e a outros no reconhecimento do seu papel, do seu protagonismo perante esse poder.
A dificuldade, muita das vezes, resulta em destrinçar quem são uns e outros, quem assegura, de forma efectiva, a condução da negociação.
Finalmente, para particularmente concordar com aquilo que se encontra subentendido no seu texto, que há que visibilizar atitudes, desmontar estratégias e, como diria M. F. Patrício, desvelar comportamentos estratégicos. Este é, no meu entendimento, o grande desafio que se coloca à escola na construção e na afirmação de um espaço de valorização das pessoas, sejam elas alunos, docentes, pais/encarregados de educação, funcionários ou outros.
O poder que a escola, isto é, que os docentes têm disputado são nestes tempos que correm marginais aos próprios objectivos e ao objecto de uma classe profissional e do seu próprio sentido de afirmação. E isso, como diz o Miguel, é fundamental afirmar e contrariar.