sábado, fevereiro 5

da política. Nunca votei e, politicamente, nunca simpatizei com o eucalipto cá do sítio, Abílio Fernandes. Para além de ter secado elementos de outros partidos secou os do seu próprio partido. Sempre simpático e cordeal q.b. de modo a permitir o ganho de simpatias e sorrisos traduzidos em votos. Évora pouco ganhou com ele apesar de ser um elemento que marcou, ideológica e socialmente, a cidade.
Mas há que reconhecer que é um político brilhante. Neste momento estou a ouvi-lo numa rádio cá da terra - a dar um valente bailinho ao entrevistador. Não é o entrevistador que pergunta, está claramente condicionado pelas respostas, pela orientação da conversa de Abílio Fernandes.
Da conversa que oiço permitam-me destacar dois aspectos.
Um sobre a visão de Évora e do Alentejo. Visão que permanece inalterada, como se a culpa de o terem retirado dos paços do concelho não tivesse sido dele, mas culpa dos outros, de antigos amigos. Uma visão fixista, estática, agradável para quem nos visita, desprezável para quem cá vive e quer investir. Apresenta uma ideia agregadora de soluções (projecto integrado de desenvolvimento, articulação entre o litoral e o interior, a complementaridade entre eixos rodoviário e ferroviário) que o PCP nunca soube nem quiz apoiar, com medo do desenvolvimento com medo do que acabou por acontecer e se afirma cada vez mais, o do seu próprio esvaziamento, o do seu esgotamento político e social. Foi assim que se deu o salto em concelhos como Portel, Borba, Alandroal que, depois de retirado o poder ao PCP local, evoluiram qual bip bip.
Segunda ideia, brilhante nesta altura, atinge não apenas o PSD mas essencialmente elementos do PS, quando pergunta onde está o Alentejo Digital. Faz afirmações que sabe que são falsas (as câmaras não contrataram elementos, nem dispenderam um chavo com esses elementos), mas atira barro à parede como se fosse para além de ingénuo, virgem. É verdade que foi uma aposta demasiadamente arrojada que se esboroou na inépcia de mandantes e cabecinhas pensantes.
Não é ainda tempo nem hora, nem serei o elemento mais adequado para falar deste projecto, na qual estive envolvido até ao tutano. Mas, para já e por ora, deixe-me dizer que mentir é feio senhor dr. Abílio Fernandes e, apesar de carnaval, alguns levam a mal.