sexta-feira, setembro 23

olhares

O público de hoje traz dois olhares que chocam comigo e que, em vez de destroços, configuram concordâncias.
Um de Vasco Pulido Valente, com o fim do estado providência, que permitiu na Europa a riqueza e o bem estar social, mas à custa da pobreza e do miserabilismo quer africano, quer asiático que, quase garantidamente, não se repetirá mas perante o qual aida não conhecemos as alternativas, quer sociais, quer políticas - em face de novos re-ajustamentos, novos re-equilíbrios, de novos sentidos;
Outro de Eduardo Prado Coelho que descreve alguns dos meus sentimentos quando percorro as ruas ou entro nos cafés ou no supermercado da aldeia onde agora moro, e os caracteriza como "um espaço parado na solidão dos seres".
Entre um e outro dos artigos, um traço de união, entre o local, e a estranheza do olhar e das perspectivas marcadamente sociais, assentes em relações de vizinhança, e outro marcadamente global, assente em lógicas que fogem à singeleza do olhar individual e se relaciona com o político e o económico.
Entre um e outro o nosso entalanço, em que persistimos no desejo de mudança, com a ideia de estabilidade.