sexta-feira, abril 1

martírio

costumo dizer, entre o brincar e o caso sério, que graças a Deus sou agnóstico.
Digo-o por ter tido uma educação católica apostólica romana, ser filho de uma praticante e de um crente e temente a Deus ainda que nunca praticante e algo descontente com algumas atitudes da igreja.
Mas a minha educação é incontornável em qualquer análise eclesiática.
Mas fica um esclarecimento quanto a possíveis interpretações que possam extrapolar este sentimento.
Tudo isto para referir que sinto pena do martírio do papa. Ainda que procure compreender a gestão mediática que dele é feito, uma vez que a igreja vive muito desta imagem, da dor, do sofrimento, da necessidade do martírio para que que se possa alcançar a beatificação, o céu.
Mas é um papa que me marcou essencialmente por duas razões, três, desculpem lá. Primeiro porque foi claramente um evengelizador. Num tempo em que a igreja apresentou factores de desagregação e de desmultiplicação em seitas e capelas (não consigo chamar de igreja aos cultos que por aí pululam, nomeadamente de origem brasileira) este papa procurou cativar almas, pelas viagens, pela sua imagem, pela sua presença.
Segundo, pelo claro ecumenismo que marcou a sua pessoa e a redenção para com os pecados que a igreja, ao longo dos séculos, cometeu. Hoje a igreja e em particular este papa, marcam a sua postura pela respeito e pela tolerância para com outros povos, culturas e religiões.
Por último, tenho 41 anos este papa governa a igreja há 25, inevitavelmente teria de marcar qualquer um, mesmo ateu.
Agora, em face do que é conhecido e da forma como está montado todo este cenário, fico com a sensação que, há semelhança da irmã Lúcia, o Vaticano gere o tempo e o modo de dar a conhecer a morte do papa.
Um martírio.