sexta-feira, setembro 24

aparelho

sem grandes conversas nem comentáros, apenas algumas questões.
A partir deste artigo encontrei este comentário, pergunto:
  • será que, por serem independentes, estes já não constituem um aparelho?
  • será que por serem independentes já não há apego ao poder?
  • será que há perda de legitimidade quando, apesar de eleitos por voto secreto e universal, seja nas autarquias, no governo, nos partidos ou em qualquer associação, existe associação política e partidária?
  • como se organizará a sociedade fora de um quadro organizacional que tem privilegiado o regime associativo livre e a eleição, seja, como disse, para a assembleia da república, para a junta de freeguesia, para a associação desportiva e recreativa ou a para associação de moradores do meu bairro?
  • será que o exercício do poder confere o estatudo de aparelho?

Não contesto o artigo do meu conterrâneo Palma Rita. Contesto, isso sim, os princípios em que ele assenta e a lógica que ele defende, como seja o da desvinculação de responsabilidades dada pelo acompanhamento, avaliação e ficalização de quem elege perante quem exerce o poder, o abondono de poderes e competências que o voto directo e universal confere, a atribuição, sem qualquer contrapartida, de poderes que são nossos no outro. O que procuro, como alternativa ao que designam de aparelho, é uma democracia participativa, onde a contrução social dependa de cada um de nós, e não apenas de alguns iluminados, onde a participação seja constante, como fiscalização, monitorização, acompanhamento daqueles que exercem o poder.

O grande desafio social e político neste início de século português é, em meu entender, a capacidade que a sociedade terá que demonstrar no acompanhamento da sua própria realidade, mediante o debate, a participação, a discussão, e não abandonar nas mãos de outro o que é seu e de sua responsabilidade. A grande capacidade consiste em saber escolher aqueles que colocam a transparência, o debate e a construção de uma ideia como prioridades em detrimento daqueles que continuam a considerar o segredo como a alma do negócio e a distância do exercício do poder como status.

Aqui estou de acordo com Palma Rita quando refere que:

os membros do anterior “aparelho” deverão eles próprios pensar,
para os seus botões, se consideram estar ou não a prestar um bom serviço ao
partido e ao Governo, com a sua permanência no “aparelho” da Administração
Pública: a bem do partido a que pertencem e do Governo que por enquanto
representam e da imagem que ambos têm hoje no Alentejo em geral e no distrito de
Évora em particular

Palavras pertinentes e enquadráveis em qualquer partido político.