quarta-feira, maio 26

da oligarquia

A sensação com que fico, ao ler este conjunto de títulos na secção nacional, é que está de volta uma oligarquia.
Após trinta anos, regressa, com espírito renovado, um novo look e novos objectivos bem como novos meios de suporte, todas as características socio-políticas que caracterizaram o período salazarista em Portugal, mas também a Europa da primeira metade do século XX.
Não é, ao contrário do que se possa pensar, um juizo de valor.
É uma constatação de factos.
A delimitação da esfera do poder por amigos e conhecidos, a gestão da coisa pública por técnicos e em face de questões técnicas, a sobreposição de interesses partidários em detrimento de interesses sociais, a clara obstaculização de acesso aos meios de comunicação, as visões únicas e autocentradas, a apresentação de valores inquestionáveis, a valorização do presente em detrimento de um futuro.
Sei que não simpatizo com este governo, reconheço o exagerado papel preponderante da economia e das finanças na estruturação social, por (de)formação académica tenho um olhar historiográfico, mas tudo isto, eventuais defeitos para alguns olhares, apenas reforçam o meu estado de espírito que os caminhos estão condicionados a algumas famílias, a alguns grupos político-sociais, que a escola uniformiza e não diferencia, que a equidade é um palavrão, que a igualdade de oportunidades é fóssil pré-histórico.
A ascenção ou, pelo menos e no mínimo, a mobilidade social está claramente condicionada, refreada, circunscrita a grupos de pertença.
Estou certo que não foi este o Portugal pelo qual muitos deram o corpo e a vida. Tenho a certeza que não é este o país que quero.